Escola leva educação para crianças refugiadas

Organizações humanitárias estimam que cerca de 1 milhão de refugiados sírios apresentam prejuízos físico, sensorial ou intelectual

Postado em: 08-12-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Organizações humanitárias estimam que cerca de 1 milhão de refugiados sírios apresentam prejuízos físico, sensorial ou intelectual

O sírio Mohammed, de apenais oito anos de idade, entrou pela primeira vez numa sala de aula não em seu país de origem, mas na nação que o acolheu como refugiado — o Líbano. Nascido com uma deficiência auditiva, o menino vive há três anos nos subúrbios de Beirute, onde frequenta o Instituto Andeweg para Surdos (FAID), centro de ensino preparado para receber crianças como ele.

Oriundo de Idlib, o garoto não conseguia ir à escola na Síria, pois os estabelecimentos não tinham estrutura e professores para atender as necessidades específicas do rapaz. Mohammed ainda precisa de uma cirurgia e de um aparelho auditivo adequado, que seus pais não podem pagar já que lutam para sustentar a família.

Em visita recente à escola do menino, sua mãe Salima contou aos funcionários da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) que ela estava satisfeita pelo fato de uma chance ter sido dada ao filho. “Eu consigo ver claramente o quanto ele progrediu desde que começou a vir aqui. Ele finalmente consegue falar”, comenta. “O Mohammed fez amigos, ele é muito feliz lá.”

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Organizações humanitárias estimam que cerca de 1 milhão de refugiados sírios — dos quase 5 milhões vivendo na região — apresentam prejuízos físico, sensorial ou intelectual. Em situações de deslocamento forçado, indivíduos com deficiência enfrentam frenquentemente mais obstáculos para ter acesso a serviços.

Fundado em 1957 pelo padre Andy Andeweg, um sacerdote anglicano holandês que morreu em 1999, o FAID é uma das poucas instituições no Líbano que oferecem terapia especializada em fala e audição. O centro recebe crianças libanesas e sírias de três a 18 anos de idade com deficiência auditiva e de diferentes religiões.

“É essencial que as crianças portadoras de deficiência tenham acesso a educação e cuidados especializados para que possam recuperar sua autoconfiança e se tornarem membros ativos da sociedade”, explica a representante do ACNUR no Líbano, Mireille Girard.

Durante o ano letivo 2015-2016, o organismo internacional conduziu programas de educação para necessidade especificas no sul e no norte do Líbano, trabalhando com o governo e parceiros da sociedade civil. O programa vai se expandir para beneficiar mais crianças e jovens com deficiência.

 

Entidade é considerada um refúgio em meio a turbulência 

 O FAID é como um oásis de calma acima da turbulenta capital libanesa. Os 60 estudantes, dos quais 14 são sírios, têm diferentes graus de dificuldade de fala e audição e são ensinados no currículo libanês, em inglês e árabe.

Além de oferecer educação gratuita, o instituto fornece terapia, aconselhamento e apoio especializado em classes pequenas, o que é extremamente raro nesta região de serviços fragilizados. Roupas e alimentos também são distribuídos no local. Algumas crianças retornam para casa todas as noites, enquanto outras ficam passam a semana no colégio, antes de voltarem para lugares como o vale de Bekaa.

“Nós trabalhamos na construção da personalidade das crianças para prepará-las para a vida. Elas precisam descobrir que são boas. Todas são guerreiras”, conta a supervisora acadêmica do FAID, Lina Atallah, que cita casos de ex-alunos que chegaram até as universidades libanesas.

Na instituição, mantida pelo governo e por organizações de caridade, o médico Nemer Attieh mapeia a frequência de fonemas percebidos pelos jovens e ajusta e adapta dispositivos auditivos. O clínico, que trabalho na escola há mais de 20 anos, também recorre a hospitais locais para solicitar cirurgias de implante coclear e de outros dispositivos eletrônicos que melhoram as capacidades auditivas dos estudantes. (ONU Brasil) 

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