Quinta-feira, 28 de março de 2024

Sem água, escola libera alunos mais cedo

Em Aparecida de Goiânia, alunos da rede municipal podem terminar o ano letivo só em janeiro. A falta de água impede que a carga horária seja cumprida entes do dia 21 de dezembro

Postado em: 08-12-2016 às 09h34
Por: Sheyla Sousa
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Em Aparecida de Goiânia, alunos da rede municipal podem terminar o ano letivo só em janeiro. A falta de água impede que a carga horária seja cumprida entes do dia 21 de dezembro

Renan Castro

As salas de aula da Escola Municipal Pontal Sul, na Vila Oliveira, em Aparecida de Goiânia, às 15h30, deveriam estar cheias de alunos fazendo prova ou revisão para os próximos exames. Mas a falta d’água que atinge o setor impossibilita que os estudantes possam terminar o ano letivo no prazo determinado, dia 21 de dezembro.

Com o problema, que se estende desde segunda-feira da semana passada, a escola é obrigada a liberar os alunos mais cedo para evitar que as aulas sejam ministradas em meio a sujeira que acumula ao longo do dia. A solução para tentar amenizar é varrer o lixo que se aglomera, mas o mau-cheiro é difícil de conter sem água para lavar os banheiros. Em meio ao impasse, a medida tomada pelo diretor da escola, Sherry Max de Souza, é aplicar as provas e liberar os alunos imediatamente. “Isso não poderia ocorrer por que mesmo que eles façam as provas, as aulas devem continuar até o fim do dia”, explica.

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As verduras que serviriam para fazer o lanche distribuído aos estudantes estragaram e a escola passou a servir apenas frutas. “Nós precisamos seguir um cardápio, mas não tem como fazer comida sem água. Estamos orientando os pais dos alunos do 1º ano do ensino fundamental que não envie as crianças para a aula. Como elas são muito novas, permanecer nesse ambiente pode prejudicá-las”, revela Sherry. 

Na tentativa que conseguir pelo menos aplicar as provas finais, os 60 funcionários da escola tiram do próprio bolso o dinheiro para comprar água. Só o diretor permanece o dia inteiro na escola e ele conta que durante esse tempo sem água já até perdeu o hábito de abrir a torneira. “Sempre quando falta água, às vezes, esquecemos que existe torneira. Mas aqui, para escovar os dentes, coloco a água que comprei em um copo se não fico com a boca suja. Já nem vou mais à torneira. Mas não podemos nos acostumar com isso”, pondera o diretor. Com a chuva que caiu na quarta-feira foi possível encher alguns baldes para limpar as salas de aula. Mas a água armazenada só foi suficiente para higienizar os banheiros.

A dona de casa Darinelia Rodrigues tem três filhos que estudam na Escola Municipal Pontal Sul. No momento em que a reportagem de O Hoje estava na escola, Darinelia chegou para conversar sobre a situação dos filhos que não fizeram prova na semana passada por que a escola estava sem água e não aplicou os exames. “Aparecida é tão antiga e é ridículo ficar tanto tempo sem água. É preciso tomar alguma providência”, afirma.

De acordo com a superintendente da Saneago que atende a região metropolitana de Goiânia, Hélia Maria Machado, quem abastece os setores Vila Oliveira e Pontal Sul em Aparecida é outra empresa. “A Saneago não é responsável pelo abastecimento desses setores. O contrato da Saneago com a empresa que presta esse serviço acabou e não havia sido renovado”, esclarece. Hélia garante que até amanhã a situação será normalizada. Enquanto isso, Sherry olha para o céu e torce para cair mais uma chuva. Só assim para conseguir água já que tirar dinheiro do bolso começou a ficar inviável.

 

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