Quase 7 décadas de história do Mercado Central

Após reformas, mudança de sede, o mercado ainda guarda histórias e pessoas da antiga Goiânia

Postado em: 26-02-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Após reformas, mudança de sede, o mercado ainda guarda histórias e pessoas da antiga Goiânia

Bruna Policena

Inaugurado em 1950, na gestão do então prefeito da época, Eurico Viana, o mercado funcionava como centro de abastecimento alimentício da região. Funcionava onde hoje se encontra o prédio Pathernon Center. E mesmo com as mudanças de sede e reformas, o mercado ainda mantém muitos de seus permissionários antigos, que acompanharam a história do bairro central.

Logo foi transferido para o Mercado Centro Comercial Popular (Camelódromo do Centro) e só em 1986, na gestão do prefeito Daniel Antônio de Oliveira, que o mercado fixou sua sede definitivamente na Rua 3, no Centro. Atualmente, tem três pavimentos. Nos dois primeiros estão localizadas as salas comerciais, as bancas de fruta, doces, sapatos de couro e utilidades. No terceiro piso funciona o restaurante do trabalhador, que oferece refeição a R$ 1.

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Com área construída de 6.787 metros quadrados, o mercado hoje não é mais lembrado pelas mercearias, apesar de terem restado algumas. Com o surgimento dos hipermercados, que massacraram os pequenos comerciantes e produtores, o mercado hoje é mais procurado pelos seus produtos naturais. 

Em setembro de 1991, o Mercado passou por uma reforma feita pela Secretaria de Obras e Serviços Públicos Municipais. Após três anos, a Prefeitura fez a cobertura do Mercado Central. Em 1994, foi feita nova cobertura e reforma geral do estabelecimento. Foi criada também uma comissão dos permissionários que solicitou ao então Ministro dos Transportes da época, Iris Rezende, a desapropriação de alguns imóveis, onde foi construído o estacionamento.

Atualmente com 101 permissionários, os principais atrativos do Mercado Central ainda existem desde a inauguração. São produtos reconhecidos pela qualidade e/ou pelo sabor ao longo dos anos, como queijos, farináceos, artesanatos (cestas, peneiras, etc) e empadas. A empada do Alberto é uma das mais famosas no mercado e mesmo com a expansão em redes do seu comércio, o Alberto manteve a sala no mercado. 

O permissionário Lourival Vieira tem a mesma idade que o mercado, e trabalha lá desde 1968, quando vendia laticínios. Lourival acompanhou o mercado desde sua primeira sede, e conta que muitos dos seus parceiros permissionários também estão no mercado, mas assim como ele, que hoje tem uma sala de ferragista, muitos mudaram de produtos ou de ramo. A sua sala de laticínios hoje é uma mercearia, administrada por um de seus filhos. 

Lourival conta que vender materiais de ferragista dá maior liberdade para ele, que já aposentado, gosta de viajar e tirar férias e não precisa se preocupar mais se o leite ou o queijo vão estragar. Ele explica que hoje quem frequenta o mercado, cultiva o ambiente que remete ao antigo e também dá oportunidade de comprar algum produto direto do comerciante. 

Esse contato direto atrai quem acha frio o ambiente de um hipermercado, em que o cliente entra, pega os produtos e no máximo recebe um “boa noite” do atendente do caixa. Lourival acrescenta que os maiores amantes do mercado são as crianças, que gostam da diversidade dos produtos do mercado. Conta que em temporada de férias tem até que vigiar as crianças que gostam de bagunçar os produtos da loja.

No entanto, o permissionário lamenta que hoje em dia quando se pensa em comprar alimento, o mercado não é a primeira opção que vem na cabeça das pessoas. Que esse hábito se perdeu. Mas felizmente, as boas condições físicas do mercado e a presença dos antigos permissionários mantém o público cativo.

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