Em seis anos, Brasil desativou mais de 10 mil leitos pediátricos, diz entidade

Além da queda de 5 leitos por dia, 40% dos municípios brasileiros não têm nenhum leito de internação desse tipo

Postado em: 27-03-2017 às 15h15
Por: Toni Nascimento
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Além da queda de 5 leitos por dia, 40% dos municípios brasileiros não têm nenhum leito de internação desse tipo

Mais de 10 mil leitos de internação em pediatria clínica –
destinados a crianças que precisam permanecer no hospital por mais de 24 horas
– foram desativados na rede pública de saúde nos últimos seis anos. É o que
revela levantamento divulgado hoje (27) pela Sociedade Brasileira de Pediatria
(SBP).

Os números mostram que, em 2010, o país dispunha de 48,3 mil
leitos pediátricos para uso exclusivo do Sistema Único de Saúde (SUS). Já em
novembro passado (último dado disponível), o total baixou para 38,2 mil – uma
queda de cerca de cinco leitos por dia. Ainda segundo o estudo, 40% dos
municípios brasileiros não têm nenhum leito de internação desse tipo.

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Das 5.570 cidades do Brasil, 2.169 não têm nenhum leito.
Entre as que possuem pelo menos uma unidade de terapia intensiva infantil, um
terço tem menos de cinco leitos em todo o território municipal e 66 contam com
apenas um leito.

“A título de dimensionamento, vale citar que só a cidade de
São Paulo (SP) tem leitos em quantidade equivalente a oferecida atualmente em
mais de 780 municípios de pequeno porte”, destacou a entidade.

As informações foram levantadas por meio do Cadastro
Nacional de Estabelecimentos de Saúde e, de acordo com a SBP, preocupam
especialistas. A redução do número de leitos, segundo a entidade, tem impacto
direto no atendimento, provocando atrasos no diagnóstico e no início do
tratamento de uma população que vem aumentando.

A SBP também ressaltou que as doenças que prevalecem em
crianças são sazonais. Nos primeiros semestres do ano, geralmente se acentuam
as viroses gastrointestinais que, em muitos casos, demandam internações. Casos
mais sérios de dengue, bem como alergias, infecções respiratórias e pneumonia
também contribuem para o crescimento da demanda.

Estados e capitais

Em números absolutos, os estados das regiões Nordeste e Sudeste
foram os que mais sofreram redução de leitos pediátricos no período: 4.032 e
3.060 leitos a menos, respectivamente. Em escala, surgem as regiões Sul (-1.873
leitos), Centro-Oeste (-689) e Norte (-428).

São Paulo foi o estado que mais perdeu leitos de internação
infantil entre 2010 e 2016, com 1.109 desativações. Na outra ponta, apenas um
estado apresentou número positivo no cálculo final de leitos desse tipo no SUS
ativados e desativados nos últimos seis anos: Amapá, que saltou dos 180 leitos
pediátricos em 2010 para 230 no fim do ano passado.

Entre as capitais, São Paulo lidera o ranking dos que mais
perderam leitos na rede pública (-378), seguido por Fortaleza (-364) e Brasília
(-150). “Quatro capitais, apenas, conseguiram elevar a taxa de leitos, o que
sugere que o grande impacto de queda tenha recaído sobre as demais cidades
metropolitanas ou interioranas dos estados”, avaliou a SBP.

(Agência Brasil) 

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