MST volta a ocupar fazendas e bloquear estradas para cobrar reforma agrária

Segundo militantes, a manifestação faz parte da Jornada Nacional de Lutas do MST

Postado em: 17-04-2017 às 13h30
Por: Toni Nascimento
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Segundo militantes, a manifestação faz parte da Jornada Nacional de Lutas do MST

Integrantes
do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou hoje (17), no
estado de São Paulo, duas fazendas já ocupadas anteriormente para pedir pressa
no assentamento das famílias. Segundo militantes, a manifestação faz parte da
Jornada Nacional de Lutas do MST.

Uma
das propriedades fica em Taubaté, no Vale do Paraíba, interior do estado, às
margens da Rodovia Presidente Dutra, na altura do km 119. A Fazenda Guassahy
tem cerca de 100 hectares (cada hectare corresponde, aproximadamente, à área de
um campo de futebol de medidas oficiais) e, segundo o MST, está abandonada e
pertence à prefeitura de Taubaté.

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A
prefeitura não confirmou se é proprietária do terreno. “Nesta terça-feira [18],
com o retorno às atividades, será possível confirmar e avaliar a necessidade de
acionarmos a Secretaria de Negócios Jurídicos para adotar as medidas cabíveis”,
informou a assessoria da Prefeitura, em nota.

Guardas
municipais e policiais militares estiveram no local e deixaram a área sem
confronto. Dois funcionários de empresas próximas ao terreno informaram que o
local é usado para criação de gado e, eventualmente, provas esportivas. Em
abril de 2009, quando ocupou a Fazenda Guassahy, como parte do chamado Abril
Vermelho, o MST alegou que a área era improdutiva e estava em situação de
abandono.

A
Lei Municipal 4.444, de 2010, autorizou a prefeitura a doar parte da área da antiga
Fazenda Guassahy para empresas do grupo Unimetal Participações, ao qual
pertence a Brasil Carbonos S/A, proprietária de uma extensa área contígua ao
terreno ocupado. A Petrobras Distribuidora é sócia do Grupo Unimetal no
empreendimento.

Todos
os anos, o MST realiza, em abril, atos para lembrar a morte de 19 camponeses em
1996, no episódio que ficou conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás.

Segundo
o movimento, milhares de sem-terra estão acampados na Praça Sinimbu, em Maceió
(AL), para cobrar a reforma agrária. Em Minas Gerais, um grupo de militantes
fechou um trecho da BR-116, próximo a Frei Inocêncio. Lideranças do movimento
informou que há mobilizações também em Santa Catarina, no Pará, em Pernambuco,
no Piauí, em São Paulo e Alagoas, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e
Goiás, no Ceará, na Bahia, no Paraná e Distrito Federal.

Cutrale

Na
mesma hora em que os sem-terra agiam em Taubaté, cerca de 300 famílias ocupavam
uma fazenda em Borebi (SP), a cerca de 450 quilômetros de distância. Segundo o
MST, os 2.500 hectares da Fazenda Santo Henrique pertencem à União e estão
sendo usadas indevidamente pela Cutrale, maior exportadora mundial de suco de
laranja.

O
MST já ocupou a área outras vezes. Entre 2001 e 2014, houve 14 ocupações, com o
objetivo de pressionar as autoridades públicas a destinar a área para a reforma
agrária. Em 2009, imagens de sem-terra usando um trator para destruir parte dos
laranjais da fazenda levaram ao indiciamento de 21 integrantes do movimento.

De
acordo com o MST, enquanto terras públicas são “griladas” por grandes empresas
denunciadas por desrespeito aos direitos trabalhistas, cerca de 3 mil famílias
estão acampadas apenas em São Paulo, sem ter onde morar e trabalhar, à espera
de uma solução do Poder Público. O MST diz que, no país todo, existem 120 mil
famílias acampadas, à espera de terra.

A
reportagem entrou em contato com a Cutrale, que ainda não se pronunciou sobre a
ocupação.

(Agência Brasil) 

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