Pesquisa mostra que profissão é cada vez menos alvo de interesse de jovens

Para especialistas, entre as políticas de atratividade necessárias para aumentar o interesse na profissão está a melhoria dos salários

Postado em: 15-10-2017 às 10h20
Por: Guilherme Araújo
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Para especialistas, entre as políticas de atratividade necessárias para aumentar o interesse na profissão está a melhoria dos salários

A falta de reconhecimento e de condições de trabalho tem
atraído cada vez menos alunos para uma profissão que já esteve entre as mais
valorizadas no país: a de professor. O Dia do Professor é hoje, mas há motivo
para comemorar?

A cada 100 jovens que ingressam nos cursos de pedagogia e
licenciatura no país, apenas 51 concluem o curso. Entre os que chegam ao final
do curso, só 27 manifestam interesse em seguir carreira no magistério. As
informações foram levantadas pelo movimento Todos Pela Educação, com base em
dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep).

“Temos um apagão de professores, principalmente pela
desvalorização. A gente já atrai pouco e, dos que vão para a formação inicial,
poucos permanecem na carreira. E não se consegue ter uma área de atuação que
consiga atrair os melhores alunos do ensino médio”, diz a presidente executiva
do Todos Pela Educação, Priscila Cruz.

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Na opinião de Priscila, entre as políticas de atratividade
necessárias para aumentar o interesse na profissão está a melhoria dos
salários. Segundo Priscila, atualmente o professor ganha metade do que os
profissionais de outras áreas com ensino superior completo. “Realmente fica
difícil atrair os melhores alunos do ensino médio para a carreira se a gente
não conseguir fazer com que o salário melhore”, acrescenta.

Priscila destaca que é preciso melhorar também as condições
de trabalho do professor. A proximidade dos jovens com a profissão faz com que
eles vejam de perto a realidade dos professores, que nem sempre é atrativa. “O
fato de o jovem verificar no seu dia a dia que os professores não são
valorizados, e muitas vezes são atacados pelos próprios jovens, pelas famílias,
pela sociedade, pelo governo, isso faz com que o jovem desista da profissão”,
lamenta Priscila.

Desmotivação

Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores
em Educação (CNTE), Heleno Araújo, a falta de políticas que valorizem os
profissionais da educação desmotiva os profissionais. Segundo Heleno, existe
atualmente um processo de disputa muito grande com outras profissões, que
oferecem melhor remuneração.

“Até os profissionais de pedagogia estão fugindo dessa
profissão, porque os salários são diferentes, e vão fazer o seu trabalho em
outros espaços, que têm uma valorização maior”.

Ele ressalta que, apesar de alguns avanços nos últimos anos
no processo de valorização dos profissionais da educação, como a lei do piso
nacional do magistério, ainda há dificuldades, como o descumprimento, em alguns
estados e municípios, da legislação que define o mínimo a ser pago a
profissionais em início de carreira, além do achatamento da carreira de
professor.  “Há estados que pagam o piso
para o professor do nível médio e o mesmo valor para nível superior”, diz
Heleno Araújo.

De acordo com a CNTE, em 2004 o salário dos professores no
país representava cerca de 60% da média salarial de outras profissões –
atualmente é 52% da média. “Este é o movimento inverso do Plano Nacional de
Educação, que diz que, até 2020, o salário médio dos professores deve ser
equiparado ao salário médio de outras profissões”, afirma.

Plano nacional

O Ministério da Educação (MEC) deve lançar nos próximos dias
uma política nacional de formação de professores, já articulada à Base Nacional
Comum Curricular, que vai focar na valorização dos profissionais. Segundo o
MEC, está em estudo a ampliação das oportunidades das licenciaturas para a nova
geração de docentes da educação básica e também para os que já estão em sala de
aula.

Para o MEC, a valorização do professor é fundamental para a
educação. “Existe a clareza de que o professor tem um papel central no
desenvolvimento educacional de nossos estudantes e de que, para exercer essa
profissão, ele precisa ser valorizado em todas as suas dimensões”, diz o
ministério, em nota. 

Fonte: Agência Brasil

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