Quinta-feira, 28 de março de 2024

Goianita da idade de Goiânia

Comerciantes contam sua trajetória atrás de balcões e contabilizam longas histórias de sucesso

Postado em: 23-10-2017 às 08h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Goianita da idade de Goiânia
Comerciantes contam sua trajetória atrás de balcões e contabilizam longas histórias de sucesso

Rhudy Crysthian*

Desenvolvimento, modernidade e progresso. Esta é a fama de Goiânia pelos quatro cantos do Brasil. Da década de 1940 aos dias atuais, a cidade passou por incontáveis transformações. Por isso, a história da Capital – e, por conseguinte, do comércio local – mistura-se às histórias de comerciantes que contribuíram para a fomentação da economia local. “Meu trabalho se confunde com minha vida”, declara o vendedor Gilberto Linhares, 62, que trabalha há 30 anos numa loja na avenida Goiás, no Setor Central. 

Linhares, como é chamado pelos colegas, já atuava no setor de material hidráulico quando foi chamado para integrar a equipe de funcionários de uma loja do Centro da Capital, que foi inaugurada em 1943, poucos anos depois na fundação de Goiânia. Na empresa, que tornou-se praticamente sua segunda casa, viu a transição do Cruzeiro para o Plano Real, e foi taxativo ao ser questionado sobre a fórmula ideal para enfrentar uma recessão econômica. “Uma crise a gente vence com honestidade e qualidade, e com produtos bons e atendimento de primeira linha”, esclarece ele, que é funcionário da Casa Iracema.

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Segundo ele, a loja em que trabalha conseguiu se consolidar no mercado goianiense por conta de sua honestidade. Com isso, o cliente sentiu segurança nos produtos comercializados, mas também foi necessário se atualizar para manter-se no mercado. “O cliente passou por mudanças, e tivemos de acompanhá-lo”, explica Linhares, que é um dos colaboradores mais antigos da loja. “É necessário fazer reciclagem de tempo em tempo. Afinal, cliente nenhum deseja encontrar um vendedor enferrujado”, explica.

Calado e tímido, Linhares pode ser considerado unanimidade quando o assunto entre funcionários é comprometimento. Colegas de trabalho o veem como um sujeito quieto, mas são assertivos ao classificá-lo como ‘professor’, especialmente os mais novos. O vendedor José Alves, 40, que trabalha há oito anos na casa, afirma que todo dia é um aprendizado diferente, pois não é “sempre que se tem a oportunidade de trabalhar com uma verdadeira bíblia ao lado, uma pessoa que acompanhou quase in loco a história do comércio goianiense”. 

Todavia, Alves não é o único que tece elogios a Linhares. Marcos Ferreira, 38, que também é vendedor, concorda com o colega, e é enfático: “Estou aqui há pouco tempo, então a minha forma de aprender é mais branda que a dos outros, uma vez que tenho um ótimo colega atrás do balcão”. Alves, que trabalha há pouco mais de dois anos na loja, diz que Linhares conseguiu acompanhar o avanço tecnológico, tornando-o “um exemplo à empresa e ao comércio de Goiânia”.

Crescimento

Na Avenida 85,no Setor Sul, uma loja está aberta desde 1952. De lá para cá, passaram-se os meses finais do governo de Getúlio Vargas, os anos de ouro de Juscelino Kubitschek, a ditadura militar, as recessões econômicas, as Diretas Já, desembocando-se na democracia. Mesmo diante deste cenário, a loja seguiu firme vendendo seus utensílios domésticos para a população goianiense. Atualmente, a loja possui sete unidades espalhadas por vários bairros da Capital.

“O grande segredo da Casa Goianita é oferecer produtos que cabem em todos os bolsos. Inclusive, era isso que o presidente da empresa sempre nos dizia”, afirma Elber Moraes Godinho, gerente da loja. Questionado pelo O Hoje sobre a medida que para se tomar em época de crise, Godinho se mostrou enfático, e disse que a única saída encontrada é enxugar os custos. “Precisamos cortar despesas desnecessárias”, explica.

Planejamento

O presidente do Câmara de Dirigente de Lojistas (CDL), Geovar Pereira, afirma que para algumas empresas se destacarem no mercado é preciso que haja uma série de planejamentos. “É extremamente importante que se tenha uma compreensão de mercado”, pontua, esclarecendo que também é preciso conhecer o público que vai comprar os produtos comercializados. “São muitas ações que precisam ser feitas para o negócio fluir”.

De acordo com Pereira, os funcionários – que são quem de fato constituem uma empresa – tem de conhecer o produto que vendem, além de dar atenção para o setor financeiro e estar atento com o fluxo de caixa, que são indispensáveis à saúde de um empreendimento. “A gestão das pessoas, isto é, como se vai gerir a empresa é de suma importância para que ela se consolide no mercado e, com isso, prospere, gerando lucros e atendendo à população”, afirma. 

Pereira, ainda diz que as empresas familiares são as que mais apresentam problemas de relacionamento entre os colaboradores, o que não impossibilita o negócio de ir para frente. Porém, ressalta ele, é difícil encontrar o equilíbrio, independentemente do ramo, mas ainda assim há pessoas que conseguem fazê-lo. Para ele, é crucial que se acompanhe a modernidade e não dispense o mercado online, que propicia que as vendas sejam ampliadas para outras partes do Brasil de forma rápida e eficaz. 

“Atualmente, não há como se manter tanto tempo no mercado sem compreender as novas ferramentas para o comércio. É inevitável acompanhar o mercado e suas evoluções, além de olhar com atenção a questão das vendas online para o Brasil inteiro. Isso é uma novidade, aliás, é muito mais, é uma realidade que precisa ser conhecida”, finaliza. 

(Colaborou Marcus Vinícius Beck, estagiário do jornal O Hoje) 

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