Cai número de casos de dengue

De olho no clima chuvoso, a Secretaria Estadual de Saúde realiza ação para conscientizar a população sobre medidas para eliminar os focos da dengue

Postado em: 12-12-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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De olho no clima chuvoso, a Secretaria Estadual de Saúde realiza ação para conscientizar a população sobre medidas para eliminar os focos da dengue

Marcus Vinícius Beck*

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O estado de Goiás registrou diminuição de 47% nos casos de dengue comparado com o ano passado. Até o início do mês de dezembro foram contabilizados 40.477 casos confirmados da doença, ante 73.102 confirmados no mesmo período de 2016 pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). O número é expressivamente menor do que o indicado no boletim anterior, mas ainda houve 29 mortes em decorrência do tipo 2 da doença. O novo tipo da dengue vem causando apreensão na população, sobretudo nos períodos chuvosos onde o mosquito se prolifera por conta dos entulhos acumulados. 

Visando a conscientização sobre os perigos da reprodução do Aedes aegypti, a SES vistoriou pelo menos 17 milhões de imóveis em todo o estado para controlar a epidemia da doença. No entanto, com a proximidade do verão e a retomada do período chuvoso, a Secretaria tem intensificado as ações de combate ao mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. 

Realizada simultaneamente em todo o País, as ações visam conscientizar a população sobre a importância da adoção de medidas para eliminar os focos do mosquito transmissor, que se reprodução rapidamente nesta época do ano. Em Goiânia, por exemplo, a campanha aconteceu na manhã de ontem (11) no Parque Atheneu, que fica na divisa de Goiânia e Aparecida de Goiânia. A escolha do local foi estratégica, pois ambas as cidades concentram algo em torno de 40% dos casos de dengue de todo o estado.

O secretario de saúde, Leonardo Vilela, disse que a população tem participação ativa na eliminação dos criatórios do mosquito Aedes aegypti. Segundo ele, estudos mostram que houve redução de aproximadamente 80% nos focos do mosquito encontrados nas residências. Vilela, ainda, salientou que os moradores têm de retirar de suas casas entulhos que acumulam água e que se transformam em criadouros do mosquito. 

Além disso, de acordo com ele, prefeituras e estados possuem a incumbência de orientar a população a atuar prontamente na limpeza dos logradouros públicos. Praças e parques, juntos, acumulam 20% dos focos de mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. 

Levantamento

Levantamento do Índice de Infestação do Aedes aegypti, que foi realizado em outubro deste ano, em todas as cidades do Estado de Goiás, mostrou que há uma taxa de infestação predial que beira 0,22%, número abaixo de 1%, que foi preconizado como tolerável pelo Ministério da Saúde (MS). Os 246 municípios do Estado fizeram levantamento entomológico, e 233 apresentaram infestação abaixo de 1%.

Até 2015, menos da metade dos municípios de Goiás conseguiram fazer vistorias domiciliares conforme os parâmetros do Ministério da Saúde. Todo o trabalho é feito por meio de monitoramento de forma online. Segundo a secretaria, o sistema facilita a identificação das áreas prioritárias pelos gestores e técnicos municipais e, por conseguinte, a tomada de decisões. 

Medo

O reaparecimento do sorotipo 2 da dengue pôs a população de Goiás em estado de alerta no início do mês de novembro. A secretaria saúde informou que houve mais de 34 mil casos da doença registrados neste ano. Sumido há nove anos, a nova manifestação da doença apresenta sintomas praticamente parecidos ao tipo 1, e requer das autoridades mais atenção, uma vez que seu reaparecimento pode gerar uma epidemia. 

Esse é o temor de várias pessoas ouvidas pela reportagem de O Hoje de novembro até hoje. O vendedor Marco Polo, 42, explicou que procura tomar todas as precauções para evitar a proliferação do mosquito transmissor. No entanto, ele reclamou que, na região norte, onde mora, é comum de se encontrar entulhos nas ruas. “Em época de chuva, o risco de contágio pelo mosquito é maior”, disse ele à reportagem, no início de novembro. 

As mesmas queixas foram feitas pela geógrafa Andréia Cristina Tavares, 44. Depois de contrair dengue três vezes, sendo que uma delas foi quase hemorrágica, ela relatou que procura evitar ao máximo o acúmulo de água em seu apartamento. Para ela, a população precisa procurar ser mais cuidadosa nesta época do ano. “Só quem já contraiu dengue compreende o que é a doença”, afirmou ela ao O Hoje, quando soube que o novo tipo da doença retornou.  

Período chuvoso aumenta risco de contágio da doença 

Basta as primeiras gotas de chuva cair para a população começar a ficar apreensiva. Isso porque é no período chuvoso em que os casos de dengue aumentam, pois a estação é propícia para a criação do mosquito. Segundo orientações do Ministério da Saúde, a elevação da temperatura também pode ser um fator crucial para a reprodução do mosquito. 

No ano passado, a pesquisadora do Laboratório de Biologia Molecular de Flavírus do IOC/Fiocruz, Denise Valle, afirmou que o mosquito da dengue é sensível a chuva e calor e, por isso, em época chuvosa a tendência é aumentar o número de casos da doença. Na ocasião, a pesquisadora chamou a atenção para a importância de se fazer inspeção em casa e de ter um olhar atento a lugares menos propícios de se acumular água. 

O mosquito Aedes aegypt leva em torno de sete a dez dias para se desenvolver, e sua vida tem duração de aproximadamente trinta dias. De acordo com as especialistas, a forma mais eficiente de eliminá-lo é cortar o ciclo de vida do inseto. Além disso, uma vistoria semanal de dez minutos pode ser suficiente para acabar com os criadouros do mosquito. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)  

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