Chuvas elevam preços de hortaliças

Preço é bastante diferente de estabelecimento para estabelecimento. Tomate apresenta a maior variação. No Ceasa, a caixa oferece o quilo há R$ 2,72. No verdurão o preço é de R$ 3,95 até R$ 6,95

Postado em: 17-01-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Preço é bastante diferente de estabelecimento para estabelecimento. Tomate apresenta a maior variação. No Ceasa, a caixa oferece o quilo há R$ 2,72. No verdurão o preço é de R$ 3,95 até R$ 6,95

Wilton Morais*


Em Goiás, o mês de janeiro iniciou com prejuízo para os produtores de hortaliças, e consequentemente para o consumidor final. A justificativa do ramo é o excesso de chuva que atingiu as lavouras. Nas Centrais de Abastecimento do Estado de Goiás (Ceasa), a caixa de tomate que no final de novembro custou R$ 10 chegou até R$ 130. Para o presidente do Ceasa Denício Trindade, o preço de novembro foi insuficiente para cobrir custos. “Não cobriu nem mesmo o custo, que segundo estatísticas do Ceasa têm custo de produção de R$ 25, a caixa. Dessa forma, o produtor fica muito sacrificado”.

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De acordo com Denício, na sexta-feira (12), a caixa do tomate chegou ao preço de R$ 120 até R$ 130. Ontem (16), a caixa já estava no preço de R$ 65 ou R$ 60. “É uma variação grande”. O presidente do Ceasa esclarece que alguns revendedores procuram driblar os efeitos das chuvas nas lavouras, buscando produtos de outros Estados.  “O mercado tem funcionado como uma bolsa de valores. Assim temos alguns fatores que ajudam a baixar o preço, como duas lavouras novas que começaram a colheita. Alguns revendedores compraram produtos de São Paulo”, avaliou. 


Chuva 

O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) também apontou variação no nível de chuva nas ultimas semanas, seguindo a justificativa dos produtores quanto a intensidade e seus impactos nas lavouras. Na penúltima semana de dezembro, entre o dia 17 e 23 houve a maior intensidade de chuva, com 52,7 mm. Na outra semana, dias 24 até 31 de dezembro a redução da chuva trouxe apenas 13,8 mm de água registrada na Estação Climatológica Principal de Goiânia. Apesar disso, na primeira semana no novo ano, entre o dia primeiro e 8 de janeiro, a chuva atingiu os 33,1 mm. Do dia 9 até ontem já havia chovido 25,2 mm.

No Cinturão Verde de Goiânia, onde a maioria das hortaliças é produzida, o presidente do Ceasa apontou os efeitos dos temporais. “A chuva machuca o fruto dependendo da sua intensidade. Em dezembro, com a chuva de granizo próximo a Brasília, um produtor perdeu a lavoura todinha e teve um prejuízo de R$ 800 mil”. 


Cenoura 

Denício Trindade esclareceu que demais produtos sofrem alteração no preço devido os excessos de chuva. “A cenoura também estava com a caixa na semana passada com o valor entre R$ 70 e R$ 80. Na terça-feira (16), o preço no Ceasa variava entre R$ 60 e R$ 65”, ponderou. 

A abobrinha teve a caixa com preços variando entre R$ 60 e R$ 70, na semana passada. Atualmente o preço está entre R$ 25 e R$ 30. Já a vargem que estava de R$ 60 chegou a R$ 45. “Todos os consumidores devem se atentar a essa variação de preços. É importante o consumidor observar, talvez o preço baixo no Ceasa, mas é encontrado alto nos mercados e verdurões”, aconselhou.  


Preços ainda são altos nos verdurões 

Em um dos verdurões percorridos pelo O Hoje na tarde de ontem (16), na região central de Goiânia, o quilo do tomate estava em R$ 3,95. Em termos de caixa, seria o equivalente há R$ 86,90, ou R$ 23 a mais que o preço encontrado no Ceasa. Em outro verdurão, na região noroeste da cidade, o preço praticado era de R$ 6,90; em comparação com o Ceasa seria quase três caixas do produto. Em dias de produção normal o preço do tomate é encontrado em torno de R$ 3,90. 

A atendente de Call Center Ana Beatriz de Oliveira dispensou o produto em um dos verdurões. “Tenho visto muita variação para cima. Apenas em supermercados grandes, em dias de promoção é que encontramos um valor mais acessível”, disse ao dispensar o produto.

Para Ana, o tomate teve muita variação. “Na feira eu tenho achado tomate no preço de R$ 4 até R$ 4,30 quilo. Em supermercado encontro preços mais competitivos com ofertas. Nessas promoções encontro até de R$ 1,99”. No verdurão em que estava ela argumentou. “Provavelmente amanhã terá um preço mais baixo”, disse.

Já o mecânico industrial Maurílio Cézar questionou a variação. “Tomate é a única coisa que dizem, ‘subiu porque não teve água ou porque choveu de mais’. Qual seria o termo exato, é chuva de mais ou chuva de menos; sempre tem essas variações”. 

Como substituição para o produto Maurílio utiliza o molho de tomate. “Às vezes usamos um molho de tomate, dependendo do prato que faremos. A variação é muito grande de um dia para o outro, esse é o maior problema. O preço cai mais da metade, deveriam manter por pelo menos uma semana”, disse. 


Alface 

No Ceasa o palito de alface, não apresentou variações drásticas, mantendo uma média de R$ 2 no preço do palito. Mas na feira, Maurílio observa aumento. “O alface chegou há R$ 6; antes encontrávamos de R$ 4 ou até R$ 2”, disse. 

Nas folhagens Abirene Souza contou que há variação até mesmo no preço do mói de cebola e salsinha, mas questionou mesmo foi o preço do jiló. “O jiló tava baratinho, mas quando voltei estava há R$ 5, o quilo. Procuro sempre ter verduras em casa, mas não tenho muito problema com o preço porque consumo muito pouco”, argumentou Abirene. 

O presidente do Ceasa Denício Trindade sugere a compra compartilhada. “Todo cidadão pode chegar no Ceasa e realizar a compra compartilhada. A pessoa compra uma caixa de determinado produto, e divide, por exemplo, com quatro famílias. Isso é viável para que o preço caia para o consumidor final”.  


Associação oferece dicas para substituir alimentos  

Para contornar os preços elevados das hortaliças, a Associação das Donas de Casa do Estado de Goiás (ADC-GO) aconselham que o consumidor procure alimentos de Safra. “A dona de casa pode comprar os alimentos da safra que saem mais em conta. O tomate, por exemplo, pode ser comprado no final da feira”, aconselhou a presidente da ADC Keitty de Abreu. “Quando a feira esta próxima de acabar, não quer dizer que o consumidor comprará produtos de má qualidade, mas sim com preço acessível”, complementou. 

Já o presidente do Ceasa, Denício Trindade, apontou outros produtos que podem ser utilizados. “Cada consumidor deve substituir aquilo que está mais caro por algo mais barato. Isso também pode aliviar o bolso”, disse. Denício ofereceu o milho verde como opção. “O tempo de seca do ano passado foi bem mais intenso. As frutas especiais, por exemplo, tiveram redução por conta da produção maior. Mas a crise hídrica fez com que o milho verde fosse prejudicado e muitas lavouras suspenderam o bombeamento, consequentemente o preço subiu no mercado. Hoje, o milho verde está de volta, e a chuva o favorece na produção”. 


Preparo

A mesma dica foi reforçada por Keitty. “Em casa pode se substituir os alimentos. No lugar do tomate pode ser feito uma salada de repolho ou uma salada com alface e uma fruta de promoção. A salada tropical pode substituir esses alimentos com um preço melhor”. 

Para a representante das donas de casa, essa variação de preços acontece sempre. “Então a dona de casa deve ficar atenta, acompanhando promoções e verificando as propagandas e panfletos para saber os dias de promoção”. Keitty sugere que se faça um cardápio da semana, para procurar o melhor preço ofertado. “Se as donas de casa não compram um produto que esta muito caro, com certeza ele terá que abaixar de preço por conta da lei de oferta e procura”, finalizou.  (*Especial para o Hoje) 

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