Veranico deixa temperatura alta

Estiagem já dura seis dias. No interior de Goiás há relatos de até nove dias sem chuvas. Na Capital, população sofre com temperaturas elevadas

Postado em: 24-01-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Estiagem já dura seis dias. No interior de Goiás há relatos de até nove dias sem chuvas. Na Capital, população sofre com temperaturas elevadas

Wilton Morais*

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Desde a semana passada, no mês em que as chuvas deveriam ser constantes, o goiano não tem sentido se quer algumas gotículas de água caindo do céu. Apesar disso, após seis dias, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê chuvas isoladas para hoje (24). Conforme a chefe do Instituto nacional de Meteorologia (Inmet), Elizabeth Alves, na quinta-feira (25), há previsão é que volte a chover constantemente no Estado. 

“As condições de chuva estão se tornando favoráveis a partir de hoje, no final da tarde. Deve haver possibilidade de chuvas isoladas. Nesse período de seis dias sem chuva, as temperaturas ficaram bem elevadas, em Goiânia. No sábado (20) fez 35,5ºC, já na segunda foi 34ºC”, contou a meteorologista. 

Período

A chefe do Inmet em Goiás explica que no mês de janeiro, sempre é esperado como parte da climatologia do Centro-Oeste, a ocorrência de intervalos sem chuva. “Isso acontece nos mês de janeiro ou fevereiro. O veranico é um período sem chuva, durante um mês chuvoso. Quando ocorre essa condição, é por conta da atuação de massa de ar seco, com circulação de alta pressão, e em níveis altos da atmosfera que favorecem a massa de ar seco”. 

Elizabeth destaca que o fenômeno inibe a chegada de frente fria e escoamento de umidade vinda da região norte do País. “Consequentemente inibe a chegada da chuva”. Dessa maneira, quanto maior o período de veranico, pior serão as condições de calor. “Também fica muito seco. A umidade fica baixa, chegando até 20%”, disse. Em Goiânia, durante a semana passada, a umidade chegou há 20%. 

Na tarde de ontem (23), a família Caetano aproveitou o calor para refrescar ao lado do parque Vaca Brava, com o chafariz desligado, as crianças Davi e Enzo, se refrescaram apenas com a garrafinha d’água e com a sombra das árvores. “Trouxemos as crianças para que elas fiquem menos estressadas nesse calor”, disse a representante comercial Roseli Caetano. Já a também representante Nívea Caetano, indagou o sumiço das nuvens de chuva. “A chuva sumiu, espero que volte logo nesta semana”, disse.

Conforme Roseli, dentro de casa a sensação térmica está mais elevada. “Durante a madrugada o Davi acorda e deita no chão, todo suado”. Já a bisavó das crianças, Aparecida Caetano, disse aproveitar a garoa de quando o chafariz do parque está ligado. “É muito bom, o vento traz a água para o nosso rosto. Isso refresca de mais”, contou. 

Pequeno período de seca pode ser bom para produtores 

Para o analista técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Cristiano Palavro, os pequenos períodos de veranico podem ajudar o produtor na colheita. “É uma situação ainda não grave. Algumas regiões chegaram até 10 dias sem chuva. Na região sudoeste do Estado, em Mineiros, por exemplo, já voltou a chover. Mesmo nas demais regiões, onde não há chuvas, a situação não é complicada. Antes dessa estiagem estava chovendo muito bem, então o solo está com umidade acumulada”, ponderou. 

Apesar disso, o analista reforça que se as previsões não forem acertadas, e se os períodos de veranico se tornem maiores as lavouras ficaram comprometidas. “É natural os pequenos veranicos em janeiro, mas quando isso passa dos 10 dias e chega até há 15, os problemas podem aparecer. Existe uma variação desse tempo de veranico em partes diferentes do Estado”, explicou.

Ao conversar com um produtor de Mineiros, Cristiano relata o que ouviu do produtor. “Ele estava há nove dias sem chuvas. Mas a última chuva, antes da estiagem foi de 120 milímetros. Então, o ‘veranico’ não teve condição, mesmo com altas temperaturas, de trazer perdas significativas às lavouras”.

De acordo com o analista técnico do Ifag, os pequenos veranicos podem ser bons para os produtores. “Para aqueles que precisam colher esse período favorece o ciclo da cultura. A secagem é mais rápida e a colheita antecipada. Por exemplo, em alguns dias de sol, se na chuva não é possível entrar na lavoura para realizar o manejo pragas e doenças, em alguns dias secos isso é feito com maior facilidade”, considerou.

Cristiano ressalta que “bom é o período de chuva”, mesmo que o período de seca seja bem aproveitado. “Pensando na parte fisiológica da planta, o período de veranico não possui muita utilidade. Temos que ter um equilíbrio. Volumes muitos longos de chuva podem atrapalhar, e a nebulosidade diminui o aproveitamento fotossintético das plantas”, argumentou. 

Em Goiás o nosso maior problema é com períodos longos de veranico. “As estiagem podem se tornar uma pequena seca. Como em 2014, 2015 e 2016, na safra de verão tivemos períodos de veranico entre 15 a 20 dias”, disse.  

Pior veranico foi registrado durante os meses chuvosos de 2015 

No ano passado, também houve períodos de veranico, durante os meses chuvosos. Mas o maior estrago aconteceu em 2015. “Naquele ano, o prejuízo foi para a agricultura. Chegou até 20 dias, sendo muito prolongado”, lembrou Elizabeth Alves, chefe do Inmet. 

De acordo com Elizabeth, esse risco não acontece, considerando o período desta semana. A chuva prevista para hoje, apesar de isolada quebra o período de veranico. Apesar disso, o veranico pode acontecer em fevereiro, novamente. “Não há como prevê-lo com antecedência, menor de 15 dias ou até uma semana, com o atual modelo metrológico”, considerou a chefe do Inmet. 

Em Goiás, o veranico é conhecido como período seco dentro do período chuvoso. No Sul do país, esse nome é conhecido como temperaturas elevadas, dentro do período em que não deveria haver temperaturas elevadas. “São coisas diferentes”, considera Elizabeth.

Previsão

Para hoje em Goiânia a previsão máxima é de 34ºC e mínima de 20ºC, a umidade máxima será de 80% e a mínima de 35%. De acordo com o Inmet o dia será parcialmente nublado com possibilidade de chuva em áreas isoladas. Já amanha (25), o dia será claro a parcialmente nublado, com possibilidade de chuvas isoladas. A previsão para é que haja queda na temperatura, que terá máxima de 33ºC e mínima de 22ºC. Já a umidade máxima deve ficar em 90% e a mínima em 40%. 

Na sexta-feira (26), tanto a temperatura quanto a umidade devem ter poucas variações em relação a quinta-feira, mas há possibilidade de pancadas de chuva e trovoadas isoladas será maior, conforme o website do Inmet. (*Especial para o Hoje) 

ONU prevê novas ondas de calor e temperaturas recordes em 2018 

A Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência especializada das Nações Unidas para tempo e clima, advertiu que espera novas ondas intensas de calor este ano tanto na Europa como na Ásia, e disse que 2018 será um ano “excepcionalmente quente”. A informação é da agência EFE.

“Haverá mais ondas de calor neste verão, não só na Europa como em outras partes do mundo”, afirmou em uma coletiva de imprensa o cientista Omar Baddour, da OMM. Segundo ele, as ondas de calor que devem passar, principalmente pela Europa, embora seja um fenômeno meteorológico “natural”, é considerado um “evento extremo”.

“As ondas de calor são fenômenos naturais, considerados extremos, mas que nos últimos dez anos têm sido muito recorrentes por causa do aquecimento global. É preciso estarmos preparados para que estes fenômenos sejam cada vez mais comuns”, afirmou.

Por conta da onda de calor que está afetando o continente europeu, maio e junho estão sendo meses com temperaturas muito elevadas. No caso, as segundas mais altas já registradas no continente, abaixo apenas das registradas em 2016, quando houve uma junção do aquecimento global com o fenômeno El Niño, que provoca o aumento das temperaturas.

“É necessário destacar que, este ano, não temos e nem teremos o fenômeno El Niño, o que destaca ainda mais as altas temperaturas deste ano”, disse Baddour. Ele aifrmou que a OMM não pode prever quando ocorrerão as ondas de calor, porque a previsão do tempo é para 15 dias.

“Mas, sabendo que o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, agência da ONU que visa sintetizar e divulgar o conhecimento mais avançado sobre o aquecimento global) aponta que as temperaturas planetárias seguirão crescendo. (Agência Brasil) 

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