Obras do corredor da T-7 são retomadas

Trabalhos para construção de corredor tiveram início há duas semanas. Prefeitura não revela qual o valor da despesa aos cofres públicos

Postado em: 16-02-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Trabalhos para construção de corredor tiveram início há duas semanas. Prefeitura não revela qual o valor da despesa aos cofres públicos

Marcus Vinícius Beck*

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As obras do corredor de ônibus da Avenida T-7, que dá acesso ai Terminal Bandeiras, foram retomadas. Funcionários que trabalham no processo de implantação do corredor contaram ao O Hoje que os trabalhos devem ser finalizados e o trecho finalmente inaugurado até o final deste semestre. As construções foram paradas ainda na gestão do ex-prefeito Paulo García (PT), que pretendia construir ciclovias e calçadas adaptadas para cadeirantes. 

Já a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra) afirmou à reportagem na tarde de ontem que “está em processo de finalização as negociações para o retorno das obras”, mesmo com os homens trabalhando no local. Os valores envolvidos na negociação foram solicitados pelo O Hoje, mas não foram respondidos pela Prefeitura de Goiânia até o fechamento desta edição. 

No entanto, o impasse que contribuiu para que houvesse atraso no retorno das obras, que já vinha sendo discutido desde abril do ano passado, era o processo de financiamento de Contrapartidas do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), realizado pela Caixa Econômica Federal. Nas eleições de 2016, o então candidato Iris Rezende (PMDB) prometeu que tiraria as obras do papel, caso se tornasse prefeito.

Outros pontos

Além da Avenida T-7, o corredor preferencial para ônibus também deve ser criado nas ruas C-4, C-17, Avenida Itália, Avenida dos Alpes e C-8, ligando a Praça Cívica ao Terminal das Bandeiras. Cogitado desde 2015, o projeto provocou críticas em moradores, transeuntes e comerciantes da região, que afirmavam serem prejudicados pelas obras. Na época, a Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC) disse que a intenção era criar, na Avenida dos Alpes, uma ciclovia, que deve ir do bairro à Praça Cívica.

Na Avenida 85, a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra) implantou os corredores de ônibus em 2014. De lá para cá, o trafego para os ônibus na via ganhou mais agilidade, e fez com que motoristas passassem a dirigir na terceira pista somente para acessar o comércio. O corredor liga o Parque Amazônia à Praça Cívica. 

Outro ponto que ganhou corredor ainda na gestão de Paulo García (PT) foi a Avenida T-63. No momento em que o corredor foi implantado, a Secretaria Municipal de Trânsito Mobilidade e Transporte (SMT) afirmou que o trânsito na via melhorou consideravelmente.  

População acredita que obras devem melhorar o trânsito na região 

Apesar de as obras na Avenida T-7 serem alvo de críticas, transeuntes e motoristas são enfáticos, e dizerem que nos últimos anos a situação estava pior, embora algumas queixas por parte de comerciantes foram ouvidas pela reportagem. O Hoje esteve no local na tarde de ontem e percebeu que o corredor de ônibus, promessa do ex-prefeito Paulo Garcia (PT) em 2015, deve finalmente sair do papel até o final deste semestre. 

Militar reformado, Jaciron Pinto Ferreira, 56, comentou que as obras na via certamente irão melhorar o tráfego na região. “Anos atrás, eu diria que era praticamente inviável falar que isto (o corredor) traria algumas melhorias. Mas depois de analisar a ideia do corredor com serenidade, percebi que não há por que dar errado”, frisa. “No futuro, quando essa bagunça não existir mais, as coisas vão melhorar, e muito, tenho certeza”. 

A mesma opinião é compartilhada pelo borracheiro Mauro Onil de Carvalho, 55. “Antes estava bem pior do que hoje, principalmente por conta das calçadas, que impossibilitavam a passagem de pessoas. Mas atualmente a situação está melhorando”, diz. “No momento, as obras estão 90% porque o único problema é a questão do barulho, o que é normal numa obra, né?”, afirma. O borracheiro brinca para que “a construção seja bem feita” e não gere nenhum transtorno com o tempo. 

Já a comerciante Rosilda Maria Resende de Souza, 56, não poupa crítica às obras que estão sendo realizadas na Avenida T-7. “Meu carro foi totalmente destruído pelas máquinas usadas para triturar as calçadas, porém, quando fui cobrar maiores explicações do chefe da obra, fui desrespeitada. Me senti humilhada”, relata ela, que teve um Honda Civic vermelho “completamente estourado”. 

Crítica

Mesmo com os benefícios que o corredor de ônibus pode trazer ao trânsito de Goiânia, é comum críticas por parte de especialistas direcionadas à ineficiência da gestão do transporte público. Em entrevista ao O Hoje, o doutor em Transporte pela Universidade Nacional de Brasília (UNB) e professor do Instituto Federal de Goiás (IFG)< Adriano Paranaiba, afirmou que corredores para veículos do transporte coletivo geralmente traz inúmeros benefícios à mobilidade urbana. 

“Entretanto, Goiânia possui uma política de mobilidade urbana medíocre, pois a cidade vive um caos neste sentido”, critica. Segundo o especialista, a própria estrutura do transporte público na Capital é deficitária na cidade. “O grande problema é que um assunto tão sério e importante para a população, como mobilidade urbana, está nas mãos de pessoas que ajudaram durante a campanha eleitoral, e depois ganham um cargo”, finaliza. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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