Aterro terá pólo de reciclagem

Seplan afirma que população será protegida e não precisará conviver com aterro. Pasta informa que custo “é alto”

Postado em: 14-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Seplan afirma que população será protegida e não precisará conviver com aterro. Pasta informa que custo “é alto”

Marcus Vinícius Beck*

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O aterro sanitário de Goiânia, a três quilômetros da GO-060, na saída para Trindade, vai se tornar um pólo industrial de resíduos em breve. A medida trará benefícios para a população que mora no entorno do local e convive com mau cheiro e poeira gerada por caminhões de lixo. No momento, a Capital tem 15 cooperativas de resíduos e a meta da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano (Seplan) é que se tenha uma área destinada à atividade, que contará investimento do setor privado. 

A Seplan disse que as obras terão um alto custo e, por isso, não é possível fazê-la em qualquer ponto da cidade. De acordo com o coordenador do eixo ambiental do Plano Diretor, Diógenes Aires, a função de cada área que integra o projeto do aterro será fomentar a atividade de reciclagem de resíduos. “Vamos destinar essas áreas para pequenos, médios e grandes empresários que tenham intenção de investir no local, promovendo, desta forma, a questão da reciclagem sustentável na cidade”, afirma. 

Assim, os moradores das proximidades irão dispor de uma distância de 450 metros entre suas residências e o pólo onde terá uma faixa verde no chão, o que pode ser um fator atenuante nos problemas provocados à população pelo aterro sanitário. Haverá também proteção contra os odores causados pela atividade. A criação do espaço foi sugerida pela Prefeitura de Goiânia por meio da Comissão Especial do Plano Municipal de Resíduos Sólidos, e um projeto chegou a ser encaminhado pelo prefeito Iris Rezende à Câmara Municipal de Vereadores. 

Mas há um problema no texto apresentado, porque o Plano Diretor da cidade só permite que seja realizado loteamento. Para o vereador Vinícius Cirqueira, que faz parte do grupo que articula sua aprovação, é necessário tornar o local rentável e, ao mesmo tempo, pensar nos problemas que afetaram a qualidade de vida dos moradores das proximidades do aterro. “Hoje não se consegue autorização para esse tipo de indústria, e o projeto de lei pode mudar essa realidade”, diz. 

O trabalho para elaboração do projeto vem sendo discutido há quatro meses. Atualmente, o texto foi entregue à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para ser avaliado. Caso seja aprovado, será determinado a instalação de empresas de reciclagem de material de construção e eletrônicos, bem como lavandeiras industriais e hospitalares. No momento, as empresas só possuem autorização para ser instaladas ao longo das rodovias. 

Urbanização

A liberação das áreas para a instalação das unidades no pólo será condicionada à elaboração preliminar de instrumentos técnicos, como a avaliação de impacto ambiental, modalidade de estudos cabíveis nos termos da legislação federal ambiental. Para o prefeito, as atividades que vão ser desenvolvidas no pólo não podem agredir o meio ambiente. Ao contrário, diz ele, elas devem promover intervenção socioambiental, “garantido o desenvolvimento sustentável, de forma inteligente, além de abrir condições de geração de emprego e renda”, conforme ratifica Iris.

Um dos pontos do projeto que pode pôr em vigor o pólo industrial pretende ainda reciclar resíduos sólidos nas áreas citadas, promover transformações estruturais de caráter urbanístico, econômico e ambiental. O artigo 7º diz que deverá ser garantido um cinturão verde de proteção, composto por cobertura vegetal com largura mínima de 200 metros contínuos externo ao aterro sanitário, exceto na divisa situada na região do aterro, onde a faixa verde de 200 metros será coincidente com a do córrego Caveirinha.

Aterro

Conforme noticiou O Hoje em janeiro do ano passado, a lotação do aterro sanitário de Goiânia estava acima de 70%, o que representava que sua capacidade estava comprometida. Fundado em 1993, o aterro conta com 450 metros quadrados e recebe aproximadamente 45 mil toneladas de resíduos sólidos por mês. Logo após trocar de administração, no início de 2017, a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) iniciou um processo de organização para que houvesse licitação de uma empresa ambiental. 

Especialistas afirmam que os resíduos produzidos pela sociedade moderna – que e provocam danos ao meio ambiente – podem contribuir para que haja menos durabilidade da vida dos aterros. Desta forma, os processos industrial e agrícola, somados ao crescimento populacional que caracterizam as novas metrópoles, aumentam a quantidade de resíduos sólidos produzidos pelo ser humano.  

Amma diz que pólo de coleta ajudará na gestão do lixo 

A Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) informou que a medida de criação do pólo industrial de coleta de resíduos e lavandeira vai ajudar na adequação da gestão do lixo em Goiânia. De acordo com o Gerente de Políticas de Manejo de Resíduos Sólidos da Amma, Giovane Toledo, há um projeto tramitando desde 2015 que já queria reaproveitar sustentavelmente o lixo na Capital. 

“Temos meta de 15% de redução dos resíduos a cada quatro anos. Muito do que vai para a cooperativa de reciclagem, por mais que seja reciclável, acaba virando rejeito. Copo plástico, por exemplo, poderia ser reciclado, porém não temos indústria de reciclagem desses materiais”, diz. Toledo ainda garantiu que há materiais que sejam fáceis de reaproveitar, mas o transporte deixa a venda dos produtos inviáveis. 

Conforme noticiou O Hoje em janeiro do ano passado, a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) tinha interesse em agilizar a construção de uma quarta lagoa. A ideia visava tratar o chorume, responsável pelo mau cheiro que assola moradores do entorno do aterro. Porém, a gestão do ex-prefeito Paulo Garcia não dispunha de verba para bancar o projeto, e, por isso, ele não ficou pronto. 

Coleta

Caso o projeto de criação do pólo industrial de coleta de resíduos e lavandeira seja colocado em prática, formas sustentáveis de coleta devem passar a vigorar em Goiânia. De acordo com o coordenador do eixo ambiental do Plano Diretor, Diógenes Aires, são trabalhadas três linhas para que o recolhimento do lixo seja adequado. “A coleta de lixo será consolidada por meio de três linhas, como coleta dos resíduos do aterro sanitário, coleta seletiva e coleta de orgânica, que é aquele das podas”, diz. (Marcus Vinícius Beck é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor de Cidades Rhudy Cryshtian) 

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