Crescimento pode gerar desabastecimento

Estudo da Universidade Federal de Goiás afirma que a crise hídrica pode levar à um período de calamidade se ações não forem tomadas

Postado em: 21-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Estudo da Universidade Federal de Goiás afirma que a crise hídrica pode levar à um período de calamidade se ações não forem tomadas

Gabriel Araújo*

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Goiânia e toda a Região Metropolitana corre risco de sofrer com a escassez de água. De acordo com estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG), os principais rios e o lençol freático estão chegando a um ponto crítico de desgaste, o que eleva o risco de colapso no abastecimento hídrico.

Os pesquisadores afirmaram que o crescimento desordenado e a falta de preocupação com o desenvolvimento dos municípios coloca em risco todo o abastecimento. O relatório ainda lembra a falta de informações, para a população, sobre a captação e a qualidade da água. “Constatamos ainda uma ausência de preocupação com futuros mananciais nos planos diretores municipais”, acrescentam os coordenadores do estudo, os professores Karla Emmanuela e Mauício Sales.

De acordo com os pesquisadores, o crescimento urbano e o desmatamento são os principais responsáveis pelo aumento dos riscos, já que a malha urbana afeta a permeabilidade do solo e dificulta a absorção de água na região. 

O relatório informa que 75% da Região Metropolitana de Goiânia é constituída de pastagem, lavouras e áreas construídas, além das Áreas de Proteção Permanente (APP) não estarem completamente protegidas. “Há pouca representatividade de Unidades de Conservação em escala metropolitana e se verifica degradação elevada nas áreas de proteção permanente (APP) dos cursos de água”, contataram os pesquisadores.

Segundo o estudo, a melhor opção na busca de uma recuperação de capacidade de produção de água é a gestão compartilhada entre todos os órgãos públicos da Grande Goiânia, a população e o setor produtivo. “Não é possível garantir água para todos se não repensarmos nosso modelo de ocupação urbana e se não protegermos os mananciais. Não há outro caminho”, afirmaram.

O território em referente a esta região é banhado pelas sub-bacias do Rio Turvo, do Rio dos Bois, do Rio Meia Ponte e do Rio Corumbá.

O Cerrado

O bioma já chegou a estar em 22% de todo o território nacional e hoje enfrenta o que especialistas afirmam ser o começo da extinção. Segundo a WWF (World Wide Foundation), cerca de 80% do Cerrado goiano foram retirados, 20% deu lugar a pastagens, 6% à agricultura e 14% à ocupação urbana e construção de estradas.

O Cerrado é um dos mais importantes biomas quando se pensa em abastecimento. É nele que nascem rios como o São Francisco, Paraná e até afluentes que chegam ao Amazonas e, portanto, com a queda dos níveis da água, todo o país é afetado.

O problema teve início ainda em meados da década de 1970, com o desenvolvimento de sistemas mecânicos de irrigação, a introdução do arado e a utilização do calcário para a diminuição da acidez do solo, o que tornou muitas áreas antes impróprias para o cultivo e valorizou a região, fazendo o empreendimento agroindustrial ganhar força, diminuindo assim grande parte da vegetação nativa do Cerrado. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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