Família de Marielle Franco participa de missa no centro do Rio

“Calaram a voz da minha filha covardemente. Sempre vou dizer covardemente, porque não deram nenhuma chance de defesa para a minha filha", disse o pai da ex-vereadora assassinada

Postado em: 14-04-2018 às 17h30
Por: Márcio Souza
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“Calaram a voz da minha filha covardemente. Sempre vou dizer covardemente, porque não deram nenhuma chance de defesa para a minha filha", disse o pai da ex-vereadora assassinada

Uma missa celebrada hoje (14) na Igreja de Nossa Senhora do
Carmo da Antiga Sé, no centro do Rio, na data em que marca um mês do
assassinato de Marielle Franco, reuniu amigos e parentes da vereadora do PSOL.
O pai de Marielle, seu Antônio Francisco da Silva, disse que tem sido difícil
seguir adiante, mas as homenagens e o apoio de amigos têm ajudado a amenizar o
sofrimento. “Calaram a voz da minha filha covardemente. Sempre vou dizer
covardemente, porque não deram nenhuma chance de defesa para a minha filha.
Então, eles foram muito covardes nesse ato”, disse após a missa.

A mãe de Marielle, Marinete da Silva, falou sobre a angústia
da espera pela elucidação do assassinato: “É duro. São 30 dias nessa espera,
com a expectativa de que vai conseguir resolver de alguma maneira. Para mim,
para a sociedade, para a família toda. A gente espera uma resposta porque não
tem explicação para o que fizeram com a minha filha. Foi cruel. Acho que para
todos que conheciam a história dela e para mim, como mãe, é muito difícil. Tem
sido dias de muita dor e muito luto para a gente”

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Para Marinete, o assassinato da filha além de ser cruel foi
“macabro”. “Não se cogita em época nenhuma se enterrar filho e eu enterrei
minha filha de uma maneira precoce, trágica e dolorosa demais pelo que
fizeram”, disse.

As manifestações e homenagens que estão ocorrendo mundo a
fora também são motivo de força para a família. “A gente tem se apegado muito a
isso e é unir forças mesmo. Enquanto o mundo clamar, vamos esperar por uma
resposta. A gente quer e precisa”, disse Marinete ao ressaltar que confia
no trabalho de investigação: “Eu confio muito no trabalho que está sendo
feito e vou confiar sempre que eles vão resolver [o crime]”.Anielle Franco,
irmã de Marielle, disse que as manifestações que tem ocorrido no Brasil e fora
do país mostram que houve um reconhecimento do trabalho da irmã, embora
infelizmente isso tenha ocorrido apenas após a morte dela. “A gente espera por
justiça e a gente espera mais do que quem fez, mas quem mandou fazer. Queria
muito saber, porque a pessoa arquitetou muito bem esse crime. Quem foi o autor
intelectual desse crime e por quê? Ela dialogava tanto, porque não tentar o
diálogo?”, questionou.

Anielle falou também sobre a falta que Marielle faz para a
família. Ela contou que sua filha Mariah, de 2 anos, sempre pede para que ligue
pelo celular para falar com a tia. “Ela era aquela que chegava, eu ficava
realmente atrás dos panos e esperava ela decidir em alguns momentos. Vamos
almoçar onde? A gente vai sair? Já marquei tudo, já reservei e a gente só ia na
onda. Tem sido complicado. Ela, além de tudo, era uma amigona para quem eu
ligava nos momentos desesperados da vida. A gente tem tentado juntar os cacos
para tentar seguir a vida”, disse.

A irmã da vereadora disse que a família não pediu qualquer
medida de proteção e nem tem intenção de sair da cidade ou do país, até mesmo
porque não sabe a motivação do crime. “A gente não sabe de onde veio e não tem
nem condição financeira de mudar a família toda. Eu tenho uma filha. A Luyara
[filha de Marielle] passou agora para uma universidade pública. Como a gente
pega e sai de um lugar, de uma cidade, de um país? Mas a gente não tem tido
proteção nenhuma. Estamos mantendo a rotina normal, não sei se deveríamos, mas
é o que estamos fazendo”.

A assessora que estava no carro com Marielle no momento do
crime se mudou do país junto com a família.

Missa

A atriz Sophie Charlotte e o marido, o ator Daniel Oliveira,
também acompanharam a missa e levaram o filho Otto. Para Sophie, a morte de
Marielle não pode ficar esquecida. “Foi há um mês. Ainda não foi solucionado o
caso. Os responsáveis ainda não foram encontrados e acho que nossa presença
aqui também é uma maneira de mostrar que estamos atentos”, disse.

A família de Anderson Gomes, que dirigia o carro em que a
vereadora estava e morreu com três tiros nas costas não estava presente.
Segundo Anielle os parentes do motorista estão em um retiro espiritual.

 Com informações da Agência Brasil.

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