Saiba os diferentes tipos de vírus da gripe que circulam no País

Infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações explicou que a principal característica do vírus influenza é sua capacidade de sofrer pequenas mutações

Postado em: 16-04-2018 às 08h45
Por: Márcio Souza
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Infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações explicou que a principal característica do vírus influenza é sua capacidade de sofrer pequenas mutações

Este ano, até 7 de abril, o Brasil contabilizou 286 casos de
influenza, comumente conhecida como gripe. Desse total, 117 casos e 16 óbitos
foram provocados pelo vírus H1N1, responsável pela pandemia de 2009. Já o H3N2,
menos conhecido, registrou, até o momento, 71 casos e 12 mortes no país. Há
poucos meses, uma mutação desse mesmo vírus provocou a morte de centenas de
pessoas no Hemisfério Norte, sobretudo nos Estados Unidos.

Em entrevista à Agência Brasil, o infectologista e
vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, explicou
que a principal característica do vírus influenza é sua capacidade de sofrer
pequenas mutações e causar epidemias que atingem entre 10% e 15% da população
mundial todos os anos. Para o especialista, entretanto, não há motivo para
pânico.

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Às vésperas do início da temporada de inverno no Brasil, ele
alertou para a importância da vacinação, sobretudo para os que integram os
chamados grupos de risco. “Assim que a campanha começar, as pessoas devem
procurar a vacina e se proteger antes da entrada da estação do vírus”,
explicou.

O Ministério da Saúde informou que a Campanha Nacional de
Vacinação Contra a Gripe deve começar na segunda quinzena deste mês. Idosos com
mais de 60 anos, crianças de 6 meses a menores de 5 anos, gestantes, puérperas
(mulheres com até 45 dias pós-parto), trabalhadores da área de saúde,
professores, detentos, profissionais do sistema prisional e indígenas compõem o
público-alvo.

Confira os principais trechos da entrevista com o
especialista:

Quais vírus do tipo influenza circulam no país neste
momento?

Renato Kfouri: Existem dois grandes tipos de vírus influenza
que acometem humanos: A e B que, por sua vez, possuem diversos subtipos. Eles
sofrem pequenas variações todos os anos e é essa capacidade de fazer mutações
leves que os faz chegar, no ano seguinte, causando uma epidemia, como se a
população não reconhecesse aquilo como uma doença que já teve e acabe adoecendo
novamente.

O Brasil é um país continental e, por essa razão, temos
variações em relação aos subtipos de influenza que circulam neste momento.
Goiânia, por exemplo, abriu a temporada com predomínio de circulação de H1N1.
Já em São Paulo, temos casos confirmados e, inclusive, óbitos relacionados ao
H3N2. Há, portanto, dentro de um país tão grande quanto o nosso, variações de
regiões onde a epidemia anual pode se dar com mais intensidade por um tipo de
vírus ou por outro.

A exemplo do Hemisfério Norte, teremos, no Brasil, uma
situação fora do comum?

Kfouri: A cada ano, a gente experimenta estações de vírus
influenza por vezes mais graves, por vezes mais simples. Este ano, ainda
estamos começando nossa temporada. Ainda há poucos casos para se chegar à
conclusão de que será uma temporada de predomínio de uma ou de outra variante e
com que gravidade.

No Hemisfério Norte, o que circulou na última temporada foi
um H3N2 que tinha sofrido uma mutação maior em relação à circulação de anos
anteriores e foi, talvez, desde a pandemia de 2009, a pior temporada de
influenza que o hemisfério e, especialmente, os Estados Unidos vivenciaram. O
que não quer dizer que isso vai se dar também aqui na América Latina. As
temporadas dependem muito da migração do vírus, das condições climáticas. Só o
acompanhamento da evolução desses casos nos permitirá dizer se essa será uma
temporada de predomínio de circulação de H1N1 ou de H3N2.

Quais as diferenças entre os dois tipos de vírus e qual pode
ser considerado mais grave?

Kfouri: Não há diferença clínica ou uma série histórica de
infecções mais graves por um tipo de vírus ou por outro. Isso depende dessa
variação que comentamos. Um vírus que muda muito tende a ser muito diferente e
a trazer infecções mais sérias porque não encontra uma memória de proteção na
população por exposições anteriores.

Depende muito do tipo de vírus que vai circular. Se houver
predomínio de um H3N2 ou um H1N1 muito diferente do que vem circulando até
então, as chances de encontrar uma população ainda não exposta e fazer doenças
mais graves é maior. Isso teremos que acompanhar durante a estação.

Como fica a vacinação contra a gripe em meio a todo esse
cenário?

Kfouri: Temos casos de influenza registrados durante todo o
ano no Brasil, mas a grande concentração se dá agora, final do outono e começo
do inverno. Por isso, a vacinação é feita exatamente nessa época que precede a
estação do vírus. Vamos vacinar no final de abril esperando que, em maio, a
população esteja imunizada. Geralmente, de maio a julho é o período de maior
circulação do vírus, mas isso é muito variável de ano para ano. Às vezes,
começa um pouco mais cedo, às vezes, um pouco mais tarde. Não é uma coisa
matemática.

Não há que se ter pânico. Há sim que se vacinar –
especialmente aqueles pertencentes a grupos de risco, onde a vulnerabilidade os
torna casos com maiores chances de evoluir com gravidade. Assim que a campanha
começar, as pessoas devem procurar a vacina e se proteger antes da entrada da
estação do vírus. Para os que não pertencem aos grupos de risco e não têm a
vacina gratuita, a orientação é procurar os serviços particulares e já se
imunizar.

Há outros cuidados a serem tomados na prevenção de casos de
gripe?

Kfouri: Além da vacinação, as maneiras importantes de
prevenção do vírus da gripe incluem a lavagem frequente de mãos; se estiver
doente, evitar ambientes aglomerados e o contágio para outras pessoas; usar
sempre lenços descartáveis e desprezar esses lenços; cobrir a boca quando
tossir com o antebraço, evitando, com isso, a disseminação do vírus; na
impossibilidade da utilização de água e sabão, usar o álcool em gel, que tem uma
boa ação para limpeza das mãos; crianças devem ser amamentadas e, se possível,
frequentar creches mais tardiamente; não se expor ao cigarro, seja de forma
ativa ou como fumante passivo, já que a fumaça é um irritante das vias aéreas e
facilita a entrada dos vírus. Esses cuidados são muito importantes também para
a prevenção da gripe.

 Fonte: Agência Brasil. 

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