Quinta-feira, 28 de março de 2024

Novas linhas de ônibus são velhos problemas, em Aparecida

Aparecida de Goiânia ganhou seis novas linhas de ônibus que sofrem com buracos e faltas de estrutura dos abrigos

Postado em: 17-05-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Aparecida de Goiânia ganhou seis novas linhas de ônibus que sofrem com buracos e faltas de estrutura dos abrigos

Gabriel Araújo*

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A nova linha dos ônibus de transporte coletivo, lançada esta semana em Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da Capital, já enfrenta problemas estruturais. A linha 790, que sai do Terminal Araguaia e circula por toda região do Parque industrial, enfrenta a grande quantidade de buracos e a falta de abrigos. A nova rota faz parte do lançamento da RMTC Aparecida, órgão que é um braço no gerenciamento do transporte coletivo na cidade e está ligado à Rede Metropolitana de Transportes Coletivo (RMTC).

A equipe do jornal O Hoje acompanhou, na tarde de ontem (16), todo o percurso do ônibus e percebeu diversos os problemas enfrentados tanto pelos passageiros, quanto pelos ônibus. Durante o trajeto, a equipe observou a falta de abrigos para a população, locais que ainda estão em processo de licitação. De acordo com a Superintendência de Jornalismo do município, serão investidos cerca de R$ 500 mil na construção de abrigos. Ainda conforme informado pelo órgão, a localização dos abrigos foi definida pela RMTC, e que ajustes ainda serão feitos durante o início da instalação das novas linhas.

O atual prefeito de prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha (MDB), afirmou que o processo de instalação deve ocorrer durante a instalação das novas linhas. “Faremos instalações onde não existem abrigos e substituiremos os mais velhos. A demora dos pontos e até da implantação das outras linhas se dá pela a conclusão de alguns eixos de transportes que precisavam ou precisam ser concluídos”, ressalta.

Além da falta de abrigos, utilizados pela população como ponto de entrada e saída dos veículos, encontramos ruas com problemas na drenagem da água das chuvas, o que acarretou no surgimento de buracos. 

Estudo

De acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) realizada em mais de 100 mil quilômetros de rodovias do país, a maior parte dos defeitos encontrados são resultados de falhas na implantação da massa asfáltica.

Dentre os problemas encontrados estão o afundamento plástico, que é definida como uma deformação no asfalto com formato de onda. Segundo o estudo, isso é causado por uma falha na mistura asfáltica. As panelas são outro exemplo disso, quando existe uma deficiência na compactação do solo ou mesmo muita umidade no local. As diferenças de temperatura entre o pavimento e o solo é a causa de muitos problemas enfrentados tanto em rodovias quanto em cidade. Estes casos podem dar origem a fissuras e trincas, o que leva a formação de buracos.

De acordo com estudo do pesquisador da Universidade de Brasília, Dickran Berberian, o cuidado e a compactação do solo é a melhor forma de evitar futuros problemas. “Para se fazer o asfalto, começa-se da camada original do terreno, chamada de subleito. Essa camada é feita de terra e solo compactado. É a espinha dorsal do pavimento. E o solo não gosta de água. Se molhar, perde a resistência. Essa é a principal função do revestimento: não deixar entrar água no sub-leito, na sub-base e na base”, afirmou.

Lançamento

A última terça-feira (15) marcou o lançamento da RMTC Aparecida e do surgimento de seis novas linhas de ônibus municipais. De acordo com o prefeito, o principal objetivo é expandir a rota do transporte coletivo interbairros, facilitando o acesso da população a alguns bairros da cidade.

O Diretor Executivo da RedeMob, Leomar Adelino, afirmou que a sub-companhia cria novas opções de deslocamento da população. “A cidade cresceu de um modo expressivo e por isso houve a necessidade de linhas para a realização do atendimento local. Vale ressaltar que a RMTC é única gerenciadora do transporte nos 18 municípios que compõem a Região Metropolitana”, completa.

Mendanha ainda lembra que a chegada das novas linhas deve diminuir o tempo de percurso dos passageiros, que antes precisavam ir a terminais da Capital. “Antes, muitos passageiros tinham que ir para o Terminal Garavelo e voltar para o Cruzeiro para se deslocar até o Centro da cidade. Agora, isso será possível sem a integração em vários terminais”, conclui.

Dados

Informações oficiais da RMTC constatam que Aparecida de Goiânia é responsável por 17% das viagens diárias em toda a Rede Metropolitana de Transporte Coletivo, ficando atrás apenas de Goiânia que abrange 74% do total. Segundo o órgão, são realizadas todos os dias mais de 100 mil deslocamentos nos mais de 1.105 km de extensão de linhas que recebem o serviço. 

A cidade conta ainda com 1.285 pontos de embarque e desembarque, 22 linhas que fazem ligação com Goiânia, 46 linhas alimentadoras e dez estruturantes, seis terminais de integração, ofertando mais de 550 mil lugares nos dias úteis. 

Cai número de passageiros do transporte coletivo 

Quando houve a mudança na configuração do sistema de transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia, por volta de 2006, as concessionárias contavam anualmente com mais de 235 milhões de usuários. Porém, esse número vem caindo todos os anos, uma pesquisa aponta que, de 2008 a 2016, mais de 26% dos passageiros médios abandonaram o sistema. 

Isso representa mais de 61 milhões de viagens que deixaram de ser realizadas por ano. Apenas nos dias úteis, o índice é de queda em 22%, mas o pior ocorre aos domingos e feriados, quando quase a metade (47,3%) dos usuários deixam de utilizar os ônibus.

A queda do numero de passageiros, em conjunto com o aumento nos custos do transporte são os principais responsáveis tanto pela qualidade quanto pelo valor cobrado. Para Pinheiro, o usuário goiano é responsável por todos os custos. “Por aqui a tarifa paga pelo usuário continua financiando o custeio do serviço, a manutenção dos terminais, a estrutura do órgão gestor (CMTC) e as gratuidades. Por isso o valor da tarifa é sempre alto.”, afirma.

Reajuste anual

No final do último mês de janeiro, a Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC) definiu o novo valor da passagem cobrada no transporte público, o novo valor ficou fixado em R$ 4 e deve passar por reajuste em 12 meses.

Segundo informações da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), em apresentação durante a reunião da última segunda-feira, o valor da passagem é baseado na soma do aumento dos custos com o combustível, o salário pago aos motoristas, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a coluna 36 da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Índice de Passageiros por Quilômetro (IPK). 

O aumento do valor cobrado pela passagem do transporte coletivo da Grande Goiânia foi firmado em contrato na segunda metade da última década, quando novos contratos foram firmados entre o Poder Público e as empresas concessionárias responsáveis pelo transporte de passageiros. Na época, o contrato autoriza as empresas a reajustarem o valor da tarifa anualmente, de acordo com o aprovado pela Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC), que é constituída por onze é representantes do poder executivo e legislativo das cidades que integram a rede metropolitana de transporte e do estado, além de membro da CMTC e da Agencia Goiana de Regulação (AGR). (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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