BRF desativa produção de perus em Mineiros

Alegando estar sob ataques, representante diz que empresa não tem para onde vender produto no mercado externo

Postado em: 13-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Alegando estar sob ataques, representante diz que empresa não tem para onde vender produto no mercado externo

RHUDY CRSTHIAN

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A BRF vai desativar sua linha de produção de perus em Mineiros, sudoeste do Estado. A informação foi dada nesta terça-feira (12), em audiência pública no Senado, pelo C&O da empresa no Cone Sul e vice-presidente de eficiência corporativa, Jorge Lima. O anúncio deve afetar 497 colaboradores da área de produção de perus. O clima é de apreensão entre os 80 produtores integrados que produzem e fornecem perus para a unidade. 

A empresa alega estudar uma maneira de tentar minimizar o impacto nos postos de trabalho e junto aos produtores integrados. Ficou definido ainda que será criado uma comissão que irá acompanhar a desativação da unidade em Mineiros para fiscalizar essas ações de minimização do impacto na região. A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) não se posicionou sobre o comunicado da BRF. 

Segundo Lima, o grupo foi duramente atingido pelas últimas barreiras adotadas pela União Europeia, Arábia Saudita e, mais recentemente, China. Antes da Operação Carne Fraca, a unidade abatia entre 25 e 28 mil perus por dia. Quando a unidade foi interditada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), quase 500 mil aves chegaram a ficar represadas à espera de abate nas granjas. 

Em abril do ano passado, quando a fábrica foi liberada para abate, voltou a processar apenas entre 8 mil e 10 mil aves por dia, por isso o processo de colocação de todas as aves para o abate foi lento. 

Há três meses a empresa anunciou férias coletivas para funcionários da produção de perus e frangos da planta de Mineiros. Segundo o comunicado, a pausa nesses setores da unidade já estava programada e foi comunicada aos sindicatos. No total, 1120 funcionários ficaram parando.

De acordo com Lima, o Brasil está sob ataque. “Há um ataque frontal cujo objetivo é reduzir preços e diminuir nossas exportações. A questão é que não temos mais para onde vender”, disse. Ele afirmou ainda, que a produção de frangos, suínos e outros produtos continuará. Lima destacou que a BRF está refazendo seu parque fabril, especificamente em Goiás.

De acordo com Jorge Lima, o jogo dos compradores internacionais é pesado. “Na União Europeia, o embargo à carne de frango tem à frente França e Holanda. A televisão francesa, ressaltou, tem veiculado propaganda contra a carne brasileira”, argumentou.

Em defesa ao processo de embargo que a empresa está passando o executivo disse ainda que ‘investigação tem que ter nome e CPF’. “Não se pode culpar a BRF, se alguém fez alguma coisa errada tem que pagar”, disse o representante da empresa. Ele rebate as investigações alegando que ‘à medida que o Brasil vai se tornando mais competitivo, vai atraindo mais raios, mais atenção’. “Vamos crescendo e recebendo pancadas”.

China

O C&O da empresa no Cone Sul lembrou também a participação ‘desleal’ da China no mercado de comercialização externa de proteína animal. “Já a China está nos forçando a reduzir preço e exportação”, afirmou lembrando que a Arábia Saudita passou a fazer exigências fora dos padrões normais no mercado voltado para os muçulmanos.

Ministério

Também presente na audiência pública, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que o que está ocorrendo em Goiás reflete o que passa o Brasil. Enfatizou que o país tem aumentando sua produção e exportação de proteína animal, o que inclui carnes de frango, bovina e suína. E, na medida em que há esse crescimento, concorrentes internacionais ficam incomodados.

Uma das maiores companhias de alimentos do mundo, a BRF possui mais de 30 marcas, entre elas Sadia e Perdigão. A empresa reúne cerca de 13 mil produtores integrados, mais de 30 mil fornecedores (4 mil apenas de grãos, farelos e óleos), 240 mil clientes em todo o mundo e 110 mil empregados.

Carne Fraca

A empresa esteve envolvida na Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em março de 2017, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Um ano depois, a PF anunciou a Operação Trapaça, em que o nome do grupo apareceu novamente. Isso causou o embargo pela União Europeia. (com agências)  

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