Mata Atlântica tem baixa recuperação no estado de Goiás

A mata cobria originalmente 3% da área de Goiás, ou seja, um pouco mais de 1,1 milhão de hectares. Hoje, restam apenas 29.769 mil hectares do bioma, 2,5% desse total

Postado em: 11-09-2018 às 06h00
Por: Fabianne Salazar
Imagem Ilustrando a Notícia: Mata Atlântica tem baixa recuperação no estado de Goiás
A mata cobria originalmente 3% da área de Goiás, ou seja, um pouco mais de 1,1 milhão de hectares. Hoje, restam apenas 29.769 mil hectares do bioma, 2,5% desse total

Raunner Vinícius Soares*

O Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, que monitora a distribuição espacial do bioma, identificou a regeneração de 196 hectares (ha), ou o equivalente a 1,96 km², entre 1985 e 2015 no estado de Goiás. A área corresponde a aproximadamente 196 campos de futebol. A informação é da Organização Não Governamental (ONG) SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que divulgaram uma avaliação detalhada sobre a regeneração da Mata Atlântica no Estado.

Continua após a publicidade

Mesmo assim, o número é preocupante. Segundo dados da ONG, a mata cobria originalmente 3% da área de Goiás, ou seja, um pouco mais de 1,1 milhão de hectares. Hoje, restam apenas 29.769 mil hectares do bioma, 2,5% desse total. Mas de acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais, nenhum município do Estado está entre os 100 que mais desmataram a Mata Atlântica nos últimos 30 anos. 

Dos 246 municípios goianos, 26 têm ocorrência da Mata Atlântica. A área no Estado é proporcionalmente muito pequena em relação ao domínio do Cerrado goiano restringindo no sudeste goiano: Quirinópolis, Marzagão, Cachoeira Alta, Corumbaíba, Paranaiguara, Morrinhos, Santa Helena de Goiás, Inaciolândia, São Simão, Buriti Alegre, Morrinhos, Água Limpa, Corumbaíba, Goiatuba e Araporã. 

De acordo com dados do Atlas, Marzagão foi o município que apresentou mais áreas regeneradas no período avaliado, num total de 43 ha, seguido da cidade de Cachoeira Alta (40 ha), Corumbaíba (36 ha), Paranaiguara (30 ha) e Buriti Alegre (22 ha).

O estudo analisa principalmente a regeneração sobre formações florestais que se apresentam em estágio inicial de vegetação nativa, ou áreas utilizadas anteriormente para pastagem e que hoje estão em estágio avançado de regeneração. Este processo se deve tanto a causas naturais, quanto induzidas por meio do plantio de mudas de árvores nativas. Goiás também integra a lista dos Estados com nível de desmatamento zero (ou menos de 100 ha de desflorestamento), com 34 ha entre 2014 e 2015, período em que sete estados entraram nesse ranking, diante dos nove do levantamento anterior.

Preservação

Com o objetivo de identificar desmatamentos em áreas de Mata Atlântica, punir os responsáveis e cobrar a reparação dos danos, uma Ação de preservação da Mata Atlântica foi iniciada ontem (10) pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). 

A iniciativa faz parte de uma operação nacional denominada “Mata Atlântica em Pé” , que conta com a participação de polícias ambientais e órgãos públicos da área, é realizada pelos Ministérios Públicos dos seguintes Estados: Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará.

A iniciativa busca a proteção e a recuperação do bioma, a partir da identificação das áreas degradadas nos últimos anos e dos responsáveis pelas agressões, para cobrar a reparação dos danos e outras medidas compensatórias. Com duração prevista para até a quarta-feira (12), exceto em Minas Gerais e no Ceará, onde as ações se estenderão por um dia a mais, os trabalhos de fiscalização serão conduzidos e coordenados por equipes formadas por representantes dos Ministérios Públicos, órgãos públicos ambientais e polícias ambientais de cada Estado participante, a partir da organização e planejamento idealizados pelo Ministério Público do Estado do Paraná. Os resultados da operação serão apresentados no início da tarde do dia 13 de setembro. 

O Ministério Público Goiás (MP-GO) informa, por meio da assessoria, que o papel do Ministério Público de Goiás, assim como o de todos os outros ministérios públicos estaduais participantes é o de, por meio do Centros de Apoio Operacional do Meio Ambiente, assumir as tarefas de sistematizar os resultados das fiscalizações para, na sequência, encaminhar os relatórios junto com o material de apoio às Promotorias de Justiça das comarcas onde forem identificados dos danos ambientais, para posterior medida judicial ou extrajudicial. (Raunner Vinícius Soares é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)

 

Veja Também