Por causa das recentes chuvas, lago Cascavel virou lamaçal

Obras no Parque Cascavel continuam a passos lentos, com preocupação extra devido à proximidade do período chuvoso

Postado em: 02-10-2018 às 13h00
Por: Sheyla Sousa
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Obras no Parque Cascavel continuam a passos lentos, com preocupação extra devido à proximidade do período chuvoso

Com obras há quase três anos, Parque Cascavel ainda apresenta problemas de assoreamento (Wesley Costa)

Gabriel Araújo*

O lago norte do Parque Cascavel se tornou um mar de lama. Recentes chuvas criam preocupação com obra de contenção e o assoreamento se torna mais visível do que nunca. De acordo com a prefeitura de Goiânia, obra de construção de uma barreira deve ser finalizada antes do período chuvoso.

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O Parque Cascavel é uma das maiores áreas verdes urbanas da Capital e, apesar disso, segue em obras a quase três anos apresentando problemas de assoreamento. Além disso, o local conta com um sistema de iluminação falho e, devido à contenção da água e mistura com a lama, apresenta mau cheiro. 

De acordo com o estudante de Direito Lucas Dourado, de 20 anos, os problemas são antigos. “A gente fica triste com a situação, já não tem tanta gente morando e usando o parque, desse jeito fica pior. O pessoal trabalha e trabalha, mas nunca termina”, conta. 

A reportagem do O Hoje entrou em contato com a assessoria de imprensa da Agência Municipal Meio Ambiente (Amma) questionando a situação atual do Parque. Em resposta, o órgão informou que o local conta com obras em dois turnos de serviço. “Lá está sendo construída uma bacia de contenção, que tem a finalidade de impedir que sedimentos, sobretudo na época de chuva, cheguem ao lago. Na semana passada, foi feito desassoreamento de um lago”, completa a nota.

Informações do órgão lembram que nesta semana foi realizada a limpeza do fundo de outro lago, onde foi retirado pneus e latas de refrigerante. A agência lembra ainda, que as obras que estão sendo realizadas ocorrem depois da retirada dos peixes, para a preservação da vida. Os peixes foram levados para outro lago.

Em agosto de 2017, O Hoje reportou obras no parque. Problemas antigos como o assoreamento do lago, a falta de iluminação e a construção de uma barreira para evitar problemas futuros. Segundo reportagem da época, a “Agência Municipal Meio Ambiente (Amma) havia concluído a primeira fase das obras de desassoreamento do lago do parque, localizado na divisa dos setores Jardim Atlântico, Vila Rosa e Residencial Privê Atlântico”. A obra, que custou R$ 150 mil, era somente o início para que o parque pudesse retornar às atividades normais.

A reportagem finaliza lembrando a demora na finalização das obras. “a população aguarda pela reconstrução do parque que estava prevista pera ser entregue em outubro do ano passado (2016)”, completa.

O Parque Cascavel foi construído sobre uma unidade de conservação criada pela Lei nº 7.884, de 18 de maio de 1999 e tem uma área pública com pouco mais de 385 mil m². Na virada do século, a região onde o parque se localiza tinha baixa densidade e um grande número de lotes vazios, o que atraiu investidores do setor mobiliário. 

Cerca de uma década após a criação oficial, ainda sendo denominado “Parque Ecológico Atlântico”, a prefeitura de Goiânia deu início a uma Parceria Público Privada (PPP) e o projeto de manejo foi desenvolvido por um conjunto de empresas construtoras. 

O projeto contava com um plano de ocupação do fundo do Vale do Córrego Cascavel, a recuperação das áreas degradas como forma de compensação ambiental e a construção do parque. 

Goiânia tem 32 parques e bosques oficiais  

De acordo com levantamento da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma), Goiânia tem 94 metros quadrados de áreas verdes para cada cidadão, o que faz da cidade a capital com maior número de metros quadrados de áreas verdes por habitantes no país. 

Segundo a prefeitura de Goiânia, são 32 parques e bosques oficiais. Os mais famosos são o Lago das Rosas, que também é o mais antigo, sendo criado nos anos de 1940 e localizado próximo do Centro da Capital, o Parque Flamboyant, localizado no Jardim Goiás e o Parque Vaca Brava, localizado no Setor Bueno e que foi criado em 1951, mas só foi construído em 1996.

Os maiores

Os maiores parques da Capital são o Parque Municipal Carmo Bernardes, com mais de seiscentos mil metros quadrados, o Bosque Índia Diacuí, com pouco mais de 300 mil m² de extensão e o Parque Municipal Cascavel, localizado no Jardim Atlântico e com quase mil m².

O Ministério do Meio Ambiente (MMA), entende as Áreas de Preservação Permanente (APP) como locais que não podem passar por alterações físicas, como construções. Essas áreas foram definidas na última versão do código florestal em maio de 2012, que busca proteger o solo e corpos d’água de ocupação inadequada, além da prevenção de inundações e enxurradas. “A função ecológica de refúgio para a fauna e de corredores ecológicos que facilitam o fluxo gênico de fauna e flora, especialmente entre áreas verdes situadas no perímetro urbano e nas suas proximidades”, afirmou o órgão.

Para o MMA, o não seguimento destas normas é prejudicial tanto para o meio ambiente quanto para as populações dos centros urbanos. “Os efeitos indesejáveis do processo de urbanização sem planejamento, como a ocupação irregular e o uso indevido dessas áreas, tende a reduzi-las e degradá-las cada vez mais. Isso causa graves problemas nas cidades e exige um forte empenho no incremento e aperfeiçoamento de políticas ambientais urbanas voltadas à recuperação, manutenção, monitoramento e fiscalização das APP nas cidades”, completou. 

Parques da Capital devem passar por intervenções 

Com o Parque Areião em obras, e previsão para que o Parque Vaca Brava passe por intervenções, as áreas verdes de Goiânia passam por revitalizações. De acordo com a Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), os trabalhos de licitação para obras do Vaca Brava devem começar assim que a reforma do Parque Areião ser concluída. 

O Parque é um dos mais importantes, sendo um dos mais utilizados pelos goianienses para atividades ao ar livre e é considerado um dos cartões postais da cidade. Apesar disso, o local enfrenta problemas estruturais nas calçadas, infiltrações e iluminação. “Estamos trabalhando para resolver questões mais simples, em que não existe a necessidade da utilização de um grande montante de recursos. A etapa de reforma é mais complexa e deve ser iniciada após o termino dos trabalhos no Areião”, afirmou a Amma ao O Hoje.

Equipes estão finalizando as reformas na Vila Ambiental do Parque Areião, que é utilizado para aulas de educação ambiental de alunos do ensino público da Capital. “Devido às condições em que a Vila Ambiental se encontrava, foi necessária a intervenção. As aulas de educação ambiental precisaram ser transferidas para o Parque Macambira, mas a gente percebeu que a localização não é tão favorável”, completa o órgão.

No caso do Parque Areião, a necessidade de reforma foi ampliada devido a dois incêndios que destruíram algumas das principais áreas do local. (Gabriel Araújo é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian). 

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