Má distribuição de renda em Goiás aumenta 24 mil pobres

Pesquisa do IBGE revela acréscimo de 24 mil pessoas no Estado de Goiás que vivem em extrema pobreza

Postado em: 06-12-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Pesquisa do IBGE revela acréscimo de 24 mil pessoas no Estado de Goiás que vivem em extrema pobreza

Felipe André*

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma pesquisa nesta última quarta-feira (5) que revelou um acréscimo de 0,4%, ou seja, cerca de 24 mil pessoas – baseado no último censo, feito em 2010 – em todo o Estado de Goiás que vivem em situação de extrema pobreza, em comparação com a pesquisa realizada em 2016. De acordo com definição do Banco Mundial, são pessoas com renda inferior a US$ 1,90 por dia ou R$ 140 por mês. O aumento de 3,5% pessoas para 3,9% representa a quantidade de pessoas residentes em Pirenópolis.

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O trabalho elaborado por pesquisadores da instituição tem como principal fonte de dados para a construção dos indicadores a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2012 a 2017. O estudo é entendido como “um conjunto de informações sobre a realidade social do país”.

De acordo com Marcus Teodoro, Coordenador do MBA em Perícia e Auditoria Econômico Financeira do IPOG, são diversos fatores que podem influenciar no acréscimo de pessoas que vivem em extrema pobreza. “São vários [fatores], como concentração de renda, política fiscal pesada que afeta na geração de emprego, problemas sociais, baixa qualificação, aumento da criminalidade que se torna um ciclo vicioso. Mas isso é um reflexo do cenário econômico que o país vem atravessando, um cenário que aconteceu principalmente em 2014 e 2016”.

A pesquisa também informou a respeito de assuntos referentes a domicílios. Em Goiás, a proporção de pessoas residindo em domicílios com ausência de coleta direta ou indireta de lixo passou de 6,4% em 2016 para 6,6% em 2017, enquanto nesse mesmo período de tempo o país reduziu em 0,5% a proporção de pessoas residentes nessa deficiência de serviço. Goiás também aumentou a proporção de residentes com ausência de abastecimento de água por rede geral e ausência de esgotamento sanitário por rede coletora ou pluvial em 0,3% e 0,4% respectivamente em 2017.

Classe média

O famoso ditado “rico cada vez mais rico e o pobre cada vez mais pobre” não se aplica a Goiás. Após a constatação que o número da extrema pobreza aumentou, as rendas média-baixa e renda média-alta sofreram quedas. Em 2016, classes de rendimento real efetivo domiciliar média-baixa, que vivem com cerca de US$ 3,20 (cerca de R$ 12,36) por dia, era de 7%, no último ano caiu para 6,9%.

Em relação à linha-padrão para países de renda média-alta, que possuim uma renda de US$ 5,50 (cerca de R$ 21,20) por dia ou R$ 406 por mês, sofreu um decréscimo de 18,2% em 2016 para 17,3% em 2017. O estado com o menor percentual é Santa Catarina e o estado com o maior percentual de pessoas com rendimento inferior a US$ 5,50 é o Maranhão. Brasil possui 26,5% de pessoas com renda domiciliar inferior a US$ 5,50.

Nacional

O número de pessoas na faixa de extrema pobreza no Brasil aumentou de 6,6% da população em 2016 para 7,4% em 2017, ao passar de 13,5 milhões para 15,2 milhões. Houve elevação ainda na proporção de crianças e adolescentes (de 0 a 14 anos) que viviam com rendimentos até US$ 5,5 por dia. Saiu de 42,9% para 43,4%, no período.

A pesquisa identificou que em 2017 cerca de 27 milhões de pessoas, ou seja, 13% da população, viviam em domicílios com ao menos uma das quatro inadequações analisadas: características físicas, condição de ocupação, acesso a serviços e presença de bens no domicílio. A inadequação domiciliar foi a que atingiu o maior número de pessoas: 12,2 milhões, ou 5,9% da população do país. Isso significa adensamento excessivo, quando há residência com mais de três moradores por dormitório.

Em 2017, o rendimento médio mensal domiciliar per capita no país foi de R$ 1.511. As menores médias foram no Nordeste (R$ 984) e Norte (R$ 1.011), regiões onde quase metade da população (respectivamente, 49,9% e 48,1%) tinha rendimento médio mensal domiciliar per capita de até meio salário mínimo. (Felipe André é estagiário do jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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