Vítimas do acidente do Césio 137 estão sem receber o salário do mês de dezembro

Nesta terça-feira (22) eles começaram a receber o valor referente ao mês de janeiro, mas o valor pago foi sem o aumento do salário mínimo

Postado em: 23-01-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Nesta terça-feira (22) eles começaram a receber o valor referente ao mês de janeiro, mas o valor pago foi sem o aumento do salário mínimo

Isabela Martins*

As vitimas do Césio 137 estão sem receber o salário do mês de dezembro. O valor de um salário mínimo referente ao ultimo mês do ano passado ainda não foi efetuado, e os beneficiários seguem sem saber quando receberam o pagamento. De acordo com a presidente da Associação das Vítimas do Césio, Sueli Lima, os prejuízos para as vítimas são sentidos na alimentação, compra de remédio, alguns pagam aluguel, água, luz e, com o atraso, fica tudo comprometido.

As vítimas estão divididas em grupos. O grupo I é o que inspira mais cuidados, pois são as vítimas que tiveram contato direto com o composto. O segundo são aquelas que foram menos atingidos e por fim recebem o beneficio pessoas que trabalharam na época do acidente como médicos, enfermeiros, profissionais da Vigilância Sanitária. 

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Nesta terça-feira (22) eles começaram a receber o valor referente ao mês de janeiro, mas segundo a presidente da associação, o valor pago foi sem o aumento do salário mínimo. “Eles estão tristes porque não tiveram Natal, não puderam comprar nada, não tiveram como fazer empréstimo. Estão sem saber o que fazer porque muitas vezes eles não conseguem trabalhar”, comentou.

Pagamento 

De acordo com a Secretaria da Fazenda (Sefaz), existem dois grupos de radioacidentados que recebem pensão dos cofres estaduais. O primeiro deles com as vítimas mais graves estão 598 pessoas contaminadas direta pela radiação que recebem o beneficio pela Sefaz.  Já no grupo dois com 500 vítimas de irradiação recebem pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). E aproximadamente outras 300 recebem a pensão paga pelo Governo Federal. 

Sobre o pagamento das pensões a Sefaz esclareceu que este será feito por ocasião da quitação da folha de dezembro pelo Executivo. E que neste caso, o calendário ainda não está definido.

Acidente

O acidente do Césio 137 ocorreu em 1987 após dois catadores de lixo encontraram um aparelho para tratamento de câncer em uma clínica abandonada no Centro de Goiânia. Eles levaram o objeto para casa e ao desmontarem entraram em contato com a cápsula do Césio. Algumas semanas depois os homens começaram a sentir os sintomas da intoxicação como náuseas, vômitos e tonturas. 

O dono de um ferro velho comprou a máquina e pediu para seus funcionários retirarem o objeto de dentro. O que chamava a atenção de todos era o brilho que saia da capsula à noite. O irmão do dono do ferro velho levou um pouco do pó para casa. Sua filha de sete anos ao ir jantar ingeriu a refeição com um pouco de Césio. Um mês depois Leide das Neves morre, é a primeira vítima do Césio 137. 

A mulher do dono do ferro velho foi quem desconfiou de que todas as pessoas que tiveram contato com o pó brilhante ficaram doentes. Ela levou a cápsula para a Vigilância Sanitária que identificou a substância radioativa. A mulher foi a segunda vítima fatal.

Em 30 de setembro, técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e policiais militares começaram a descontaminação da região. Mais de 112,8 mil pessoas foram monitoradas, 129 estavam gravemente contaminadas e seis mil toneladas de lixo radioativo foram para um deposito especial. O acidente do Césio 137 é considerado um dos maiores acidentes radiológicos da história. (Isabela Martins é estagiaria do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crystian) 

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