Fazer viagens fora de aplicativos de transporte coloca em risco a vida de motorista e passageiro

Neste ano, ocorreram pelo menos dois casos de violência em corridas realizadas fora dos aplicativos de transporte

Postado em: 16-02-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Neste ano, ocorreram pelo menos dois casos de violência em corridas realizadas fora dos aplicativos de transporte

Isabela Martins*

Fazer viagens fora de aplicativos de transporte coloca em risco a vida de motorista e passageiro. Segundo a Lei Federal 13.640, que regulamenta a prestação de serviço de transporte individual privado no Brasil, a contratação deve ser solicitada exclusivamente por usuários previamente cadastrados em aplicativos ou em outras plataformas de comunicação em rede. Em janeiro uma motorista foi morta após realizar uma corrida fora do aplicativo, o carro foi encontrado abandonado. 

Um dos últimos casos registrados é o de uma passageira de 18 anos que foi encontrada ensanguentada e enrolada a um lençol em um lote baldio em Abadia de Goiás, na Região Metropolitana de Goiânia. A agressão aconteceu no dia 9 de janeiro. Segundo as investigações, Ana Júlia Costa Pereira Pouso Alto solicitou uma corrida particular fora do aplicativo, e durante a viagem começou a ser agredida com socos pelo motorista Silomar Santos do Lago. Para tentar matá-la, ele deu golpes usando o macaco do carro.

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Ana Júlia foi encontrada em um lote da Avenida Doutor Raul Rassi, no Setor Goiânia Sul. A jovem tinha diversas fraturas no rosto e ficou 10 dias internada no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Em um vídeo, a vítima diz que está muito abalada e se lembra apenas do inicio das agressões. “Não me lembro de muita coisa, só quando acordei no hospital, três dias depois confusa. Tenho medo que ele possa fazer isso com outras pessoas”, disse a vítima. 

Roubo 

Em um primeiro momento o motorista de aplicativo Silomar Santos, alegou à Polícia Civil que havia sido roubado pela mulher, ao ser detido ele confessou em vídeo ter inventado a história. “Taquei o braço nela, ela caiu. Dei uns três socos. Fui ao porta-malas e taquei o macaco nela. Imaginei que tinha morrido”, disse Silomar. Antes de a vítima ter sido encontrada machucada o motorista já tinha procurado a polícia para registrar um assalto. Ele alegou que tinha sido roubado por três homens e uma mulher, mas conseguiu fugir.

Na mesma manhã, policiais encontraram o carro do motorista abandonado na cidade e a jovem ferida. No início, a corporação apurava se a vítima estava envolvida no assalto e se havia se desentendido com os comparsas. Ao sair do hospital Ana Júlia disse a Polícia que não tentou roubar o motorista. Foi quando os policiais mudaram o rumo da investigação.

Motivo 

Ao ser detido, Silomar confessou o crime. “Quando o prendemos, Silomar disse que estava com muita raiva porque ela devia mais de 10 viagens para ele”, informou o delegado responsável pelo caso, Arthur Fleury. Em apresentação para a imprensa na última sexta-feira (15), o motorista se limitou a dizer que já havia feito 12 viagens com a jovem, mas ela tinha pago apenas duas. O advogado do suspeito João Neto de Moraes disse vai analisar o inquérito e pedir liberdade do cliente. “O motivo foi essa dívida, não houve qualquer abuso. Ele inventou a história do roubo em um momento de desespero”, disse o advogado. 

A vítima nega que tivesse alguma dívida com o suspeito. “Não estava devendo ele em momento algum. A gente não discutiu, só lembro dos primeiros socos”, conta a passageira.  Segundo o delegado, Silomar vai responder por tentativa de feminicídio. Fleury ainda tenta esclarecer o motivo do crime para concluir a investigação.  “É um crime claro de ódio contra a mulher. Usou um macaco para desconfigurar o rosto da vítima. Agora vamos saber o real motivo com a prisão dele”. 

De acordo com a empresa 99 Pop, o motorista Silomar Santos está com o perfil bloqueado desde setembro de 2018. Portanto não estava em corrida pelo aplicativo no momento do ocorrido. A empresa diz que se solidariza com a vítima e que lamenta esse e outros casos de violência. (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Cristhyan)

 

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