Câmara homenageia mulheres que se destacaram na luta por direitos

Viúva recebe prêmio póstumo concedido à vereadora Marielle Franco

Postado em: 19-03-2019 às 15h55
Por: Suzana Ferreira Meira
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Viúva recebe prêmio póstumo concedido à vereadora Marielle Franco

Em sessão solene no plenário da Câmara dos Deputados, a
Medalha Mietta Santiago foi entregue hoje (19) a cinco mulheres que se
destacaram na luta por direitos. Nesta edição do prêmio, a segunda, foi
concedido um prêmio póstumo à vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). A professora
Gina Vieira Ponte, a médica Beatriz Bohrer de Amaral, a cientista Gabriela
Barreto Lemos e a doutora em Bioquímica Debora Foguel também receberam a
medalha.

Criada
em 2017 pela Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, a condecoração tem
por objetivo valorizar iniciativas relacionadas aos direitos das mulheres e é
entregue anualmente em março, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher
(8).

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A viúva de Marielle, Mônica Benício, recebeu a medalha em
memória da vereadora, assassinada a tiros em 14 de março de 2018. Marielle foi
coordenadora da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e, em 2016, foi eleita
vereadora..

“É
importante ter essa diversidade de mulheres sendo reconhecidas pelos seus feitos”,
disse Mônica. “Tem um significado emotivo muito grande para mim, mas acho que
socialmente diz muita coisa porque é mais um espaço de reconhecimento, onde a
gente pode denunciar o que foi a barbárie, mas também pode homenagear o que foi
a luta da Marielle.”

A
professora brasiliense Gina Vieira Ponte é criadora do premiado projeto
Mulheres Inspiradoras, que incentiva a leitura de grandes autoras da literatura
mundial e brasileira e instiga crianças e adolescentes a contarem a própria
história.

Gina
lembrou que sua trajetória é marcada pelo combate ao racismo e machismo na
sociedade. Segundo a professora, o projeto Mulheres Inspiradoras, voltado para
estudantes de escola pública, tem o objetivo de levar os jovens a entrar em
contato com a história de grandes mulheres.

A
cientista Gabriela Barreto Lemos desenvolveu pesquisa inovadora, que permite a
captação de fotografias através da reprodução de pequenos feixes de partículas,
possibilitando a construção de uma imagem que não é visível a olho nu, como um
ferimento interno no corpo humano.

Em discurso, Gabriela destacou que as mulheres podem ser
cientistas e devem ter seus direitos respeitados e sua voz ouvida. Ela também
ressaltou que o governo deve voltar a investir fortemente em ciência e lembrou
da queda drástica de recursos para as universidades públicas nos últimos anos.

A
doutora em bioquímica Debora Foguel se dedica ao estudo dos mecanismos
responsáveis pelo desdobramento incorreto das proteínas, que levam à formação
de agregados amiloides, responsáveis por doenças como Alzheimer, Parkinson e
polineuropatia amiloidótica familiar.

Debora
ressaltou a importância da ciência para o país e exemplificou com o
protagonismo do Brasil nas pesquisas sobre a zika. “O Brasil responde por 25%
do conhecimento sobre o assunto no planeta”, disse Debora. Segundo ela, esse
conhecimento está pavimentando o caminho para se chegar a uma vacina contra a
doença. “Precisamos de recursos para pesquisa”, completou.

A
médica Beatriz Bohrer de Amaral, que trabalha pela promoção da saúde da mulher,
no diagnóstico precoce do câncer de mama e da osteoporose, é coordenadora do
Projeto Mulher & Saúde, que dissemina informação às mulheres sobre hábitos
e cuidados necessários à saúde da família. Para Beatriz, a Medalha Mietta
Santiago renova seu compromisso de lutar pelos direitos das mulheres.

Mietta
Santiago é o pseudônimo de Maria Ernestina Carneiro Santiago Manso Pereira.
Nascida em Varginha, Minas Gerais, em 1903, a advogada impetrou mandado de
segurança em 1928, questionando a proibição do voto feminino no Brasil. Mietta
afirmou que isso violava a Constituição então vigente, que não vetava o voto
feminino. Ela conseguiu o direito de votar e de concorrer ao cargo de deputada
federal. Mietta Santiago morreu em 1995. (Agência
Brasil
)

 

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