Quinta-feira, 28 de março de 2024

Projeto aproxima pais presos de filhos

Iniciativa já é realizada com mães e agora se estenderá para os pais

Postado em: 20-05-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Iniciativa já é realizada com mães e agora se estenderá para os pais

Isabela Martins*

O programa Amparando Filhos foi criado há quase quatro anos com o propósito de proporcionar encontros humanizados entre mães presidiárias e seus filhos longe do ambiente carcerário.  Agora o programa irá se estender, beneficiando homens detentos que sejam pais de crianças e adolescentes. Serão 55 pais e 111 filhos beneficiados.

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A primeira comarca que recebe essa nova fase é a de Alexânia, que tem como diretor do foro o juiz Fernando Augusto Chacha, que é o idealizador da ação. Segundo ele, o projeto com os homens está em fase preliminar, onde estão sendo feitos relatórios colhendo informações com os pais que estão presos. “A gente começa com questionários. Um com aquele que está preso, que no caso é o pai. Nós fazemos um questionário com a família e fazemos um questionário com o menor, quando eles têm possibilidade de falar sobre o que está sendo perguntado ali, porque muitas vezes são crianças e não se aplica esse questionário”.

Toda a parte do questionário para o projeto piloto já foi realizada. A segunda etapa do programa vai funcionar na comarca de Alexânia, após isso o atendimento será feito em outras unidades do Estado. 

Funcionamento 

As visitas com as mães são realizadas fora ambiente carcerário, buscando fazer com que as crianças não percebam a condição delas. No caso dos pais, o projeto irá funcionar dentro do terreno da unidade prisional. “A gente transporta essas mães para um lugar humanizado. Com os pais, não terá esse transporte. A gente tem dentro da regional de Alexânia um espaço anexo. Está no terreno, só que não tem se assemelha com a parte carcerária”, pontua o juiz.

As visitas devem começar no mês que vem, quando devem terminar todas as obras do anexo. As visitas irão ocorrer em dias separados das visitas que ocorrem normalmente às quartas-feiras. “Essas visitas vão ocorrer aos domingos, onde essas crianças vão até os seus pais, nesse ambiente construído, adequado”. Segundo o juiz, em presídios que não possuem um ambiente lúdico, as crianças acabam indo para o banho de sol com os pais, quando não chegam a entrar nas celas. “É justamente esse cenário que não queremos”.

Projeto com as mães

Em quase quatro anos de funcionamento, mais de mil pessoas foram beneficiadas. A iniciativa abrange dois aspectos, a promoção do encontro humanizado entre mãe e filhos, longe do ambiente carcerário, em um espaço lúdico e sem constrangimentos trazidos pelas revistas e procedimentos de segurança, e com o acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais. “Desde o início, em 2015, percebemos que as mulheres atendidas não reincidiram nos crimes. A maioria do público feminino está presa por causa de tráfico de drogas. Muitas mulheres entram no crime por causa de seus companheiros e, geralmente, os homens são presos primeiramente. Ao cuidar dos homens, estamos dando um passo antes”, explica.

A iniciativa teve início em Serranópolis, e tem o objetivo de oferecer proteção e amparo integral a filhos de pais reeducados, possibilitando suporte no processo de socialização com assistência psicológica e material. Proporciona também o vínculo e contato com visitas humanizadas para uma melhor aproximação entre mãe e filho, e agora entre pai e filho.

O programa com as mães já se encontra instalado em 16 comarcas goianas, oferecendo amparo psicológico, pedagógico, educacional, assistencial e material aos filhos e responsáveis. Já vem sendo trabalho em outros sete estados. Piauí, Pará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Alagoas e o Acre.

O programa foi vencedor na categoria Trabalho de Magistrados, do 5º Prêmio Patrícia Acioli de Direitos Humanos, em 2016, e do Prêmio Innovare, em 2017. O desembargador Luís Eduardo Sousa, coordenador geral do programa, lembra que o custo para a implantação da iniciativa é zero para o Poder Judiciário. “São feitas parcerias com a sociedade organizada, instituições sociais, centros de referência de assistência social, todos se unem para ajudar e colaborar e mostram a eficácia da rede de articulação”, explica. (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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