Cada dia mais difícil respirar em Goiás

Dispara vendas de aparelhos que ajudam a minimizar os efeitos do tempo seco no organismo

Postado em: 27-06-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Dispara vendas de aparelhos que ajudam a minimizar os efeitos do tempo seco no organismo

Igor Caldas

Especial para O Hoje

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Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de uma onda de baixa umidade que atinge o Estado de Goiás nesta semana. O alerta indica “perigo potencial”. A umidade relativa do ar na área atingida pelo aviso pode variar entre 30% e 20%. Devido ao alívio para o desconforto causado pelo tempo seco, as vendas de aparelhos umidificadores dispararam. A reportagem entrou em contato com as três maiores redes de farmácia que atuam na Capital e todas confirmaram o aumento nas vendas desses aparelhos.

Quando o nível de umidade cai para menos de 30% os danos para a saúde se tornam claros. Pode ocorrer sensação de irritação nos olhos, que podem ficar vermelhos e congestionados, aumento de complicações alérgicas, sangramento nasal, dor de cabeça, secura e irritação na garganta, cansaço e pele seca. Além disso, para quem sofre com rinosinusites, os problemas são ainda maiores. As mucosas das vias aéreas ressecam e deixam a pessoa mais propensa à ter crises de alergia e infecções virais e bacterianas.

O período noturno pode ser um pesadelo. Com a umidade baixa, fica mais difícil para dormir por causa das narinas ressecadas. Se houver piora do quadro de saúde, a pessoa pode sofrer com pequenos sangramentos nasais. Um alívio para os desconfortos causados pelo tempo seco é o umidificador de ar. De acordo com o farmacêutico Marcos Vinícius Almeida, as vendas de aparelhos umidificadores de ar na farmácia em que ele trabalha mais do que triplicaram no período da estiagem.

O próprio funcionário teve que comprar um dos aparelhos por recomendação médica. “As vendas do umidificador de ar dispararam esse mês. Antes da seca, a gente vendia dois por semana. Agora, a gente vende pelo menos um por dia. Eu mesmo tive que comprar um. Levei meu filho de sete meses ao pediatra por dificuldades de respirar e o médico recomendou que eu usasse o aparelho em casa para aliviar os sintomas da criança”, explica o farmacêutico.

Os choques térmicos causados pelas grandes amplitudes de temperatura nesta época do ano podem irritar mucosas das vias aéreas e deixar as pessoas mais propensas a contrair complicações nas vias aéreas e reações alérgicas. O filho do farmacêutico teve complicações após fazer uma viagem para um roteiro turístico no Estado onde a variação de temperatura é ainda mais intensa. “Depois que a gente viajou para Caldas Novas, no fim de semana, ele ficou com o nariz entupido. Saindo da água quente e pegando vento gelado, até eu fiquei rouco”.

Uso requer cuidados

Na hora de utilizar o umidificador, o farmacêutico dá algumas dicas que considera importante. “Não é recomendável deixar o aparelho ligado por mais de quatro horas em ambientes fechados, com cortinas, tapetes e bichos de pelúcia, porque a umidade pode causar o aumento de mofo e bactérias prejudiciais à saúde”. 

O farmacêutico ainda afirma que a maior parte dos aparelhos de umidificador de ar também funciona como ionizador. “Quando o ar fica ionizado, as partículas de poeira que ficam suspensas no ar, tendem a ir para o chão”, afirma.

Toalha molhada

Marcos lembra também que é importante manter a hidratação do nariz com sprays de soro fisiológico e passar creme hidratante na pele após o banho. Ele ainda afirma que quem não tiver condições de adquirir um aparelho de umidificador de ar, poderá usar uma toalha molhada para aliviar. Um aparelho umidificador custa entre R$ 100 a R$ 130. “Para quem não tem o aparelho, o uso de toalhas molhadas no quarto funciona também. Não vai funcionar tão bem quanto o aparelho, mas é melhor do que nada. Mas funciona melhor no mês de agosto, quando as noites são mais quentes”.

A reportagem questionou o farmacêutico sobre os aparelhos umidificadores mais baratos que são encontrados no mercado, que possuem um reservatório menor e emanam o vapor d’água por um período de tempo mais curto. “Esses aparelhos menores, são ideais para serem usados dentro de um escritório onde funciona ar-condicionado. Os aparelhos de ar-condicionado deixam o ambiente mais seco e esses pequenos aparelhos podem servir para manter o equilíbrio da umidade no expediente de serviço”, afirma.

No entanto, ele afirma que para quem gosta de dormir com o ar condicionado ligado, os pequenos aparelhos não vão adiantar. “Por longos períodos de tempo com o aparelho de ar-condicionado ligado, o ideal é o uso de aparelhos de umidificador de ar com capacidade maior de reservatório, entre dois a três litros de água”, indica o profissional. 

 

Tempo agrava problemas com poluentes 

O tempo seco pode agravar problemas respiratórios causados pela poluição do ar. A baixa umidade relativa do ar faz com que a dispersão de poluentes fique mais difícil. Esses poluentes, na forma de inúmeros tipos de partículas (ácaros – o enxofre que sai do escapamento de veículos -, poeira e restos de materiais queimados) ao ficarem em suspensão no ar, são inalados pelas pessoas e favorece a ocorrência de problemas respiratórios e infecções.

Pesquisadores do Instituto alemão Max Plank e da Universidade Johannes Guterberg, em Maiz, divulgaram um estudo, em março deste ano, demonstrando que o número de mortes causadas pela poluição do ar em ambientes externos em todo o mundo chega a 8,8 milhões de pessoas anualmente. Mesmo com mais esse alerta, o Brasil ainda se mostra muito apático no combate a esse problema, segundo especialista brasileiro.

O novo número divulgado é o dobro das 4,2 milhões de mortes anteriormente estimadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para colocar os dados em perspectiva, significa que a poluição do ar em ambientes externos causa mais mortes por ano do que o cigarro, que é responsável por cerca de 7 milhões de óbitos no mundo todos os anos.

 

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