Feirantes adotam novo meio para continuarem as vendas

Vendedores de hortifrúti começaram a negociar produtos on-line como forma de minimizar os prejuízos - Foto: Divulgação

Postado em: 01-04-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Vendedores de hortifrúti começaram a negociar produtos on-line como forma de minimizar os prejuízos - Foto: Divulgação

Pedro Moura

As redes sociais possibilitam coisas incríveis, principalmente neste momento em que autoridades da saúde, juntamente aos governos decretaram medidas de isolamento social, fechando comércios e suspendendo feiras, em resposta à pandemia provocada pelo Coronavírus. Em Goiânia, feirantes das cerca de 90 feiras existentes na Capital adotaram a prática de vendas online para não sofrerem prejuízos e não perderem seus produtos.

Em Aparecida de Goiânia a alternativa foi a mesma, feirantes planejam criar um site para vender legumes e verduras online durante o período de quarentena. Segundo a Associação dos Feirantes de Aparecida de Goiânia (Afag), são cerca de 7 mil pessoas que trabalham em feiras livres no município e dependem delas para o sustento das suas famílias.

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A diretora da Afag, Camila Rosa, aponta que as medidas restritivas decretadas pelo governo estadual e pela prefeitura atingiram as 60 feiras que são realizadas na cidade. “Não sabemos mais o que fazer, a renda do dia da feira eles usam diretamente para alimentação e outras contas. Sem poder trabalhar, tem muitos que já não têm mais o que comer em casa. Isso infelizmente é uma realidade”, afirma Camila.

Ainda segundo a diretora, outros, que têm produção própria, não terão onde vender o resultado da colheita. “Para solucionar temporariamente o problema, uma alternativa encontrada pela Afag foi criar um site para vender as verduras em um sistema de entrega a domicílio. A plataforma ainda está em desenvolvimento”, disse.

Alguns feirantes já adotaram a prática de vender online. Assim como Camila, que além de presidente da Afag também é feirante. Ela começou a vender seus produtos online, devido a paralisação das feiras e do comércio. “Sou produtora de hortaliças, quando houve a paralisação, minha produção já estava pronta. Anunciamos online que estávamos com serviço de delivery, os comércios noturnos praticamente todos estavam com este serviço, então por que não as feiras. Foi isto que me motivou a vender já tinha produção e tinha que descartá-la”, explicou.

Ao ser perguntada se concorda com os decretos, Camila diz acreditar que o trabalho tem que ser feito com responsabilidade e que é necessário preservar o grupo de risco, mas que o comércio não pode ser afetado. “Como fica a situação econômica, do feirante pós-pandemia. Os supermercados vendem muitos produtos. O dono da banca vende muitas vezes dois, três itens, até mesmo um. Vive daquilo”.

A feirante ainda cita São Paulo, considerada a cidade brasileira mais prejudicada pelo Covid-19. “Paralisou o comércio também, mas as feiras continuaram, claro com uma nova adequação. Solicitamos para a prefeitura que adequações sejam feitas, por exemplo, distância de uma banca para outra, do feirante para o cliente, higienização usando máscaras, álcool em gel, lavatórios para cada banca. As feiras são parte do abastecimento popular”, comentou.

A mulher ainda diz que a rentabilidade adquirida nas vendas online não é a mesma da banca. “Temos em mente que a pessoa vai à feira para comprar uma verdura, mas vê uma capinha de celular e compra. Da mesma forma que vai para comprar um cosmético e compra um alface também, nas feiras vendemos bem mais, é bem diferente”, exalta Camila.

Segundo a feirante, algumas mercadorias acabaram perdendo devido à paralisação. “Perdi muita mercadoria. As hortaliças passaram dois dias do tempo de colheita e acabam amargando, não era um alfasse que eu iria vender para o meu cliente, porque preciso do meu cliente todos os dias. Também não servia para doar”. 

Ela diz que em meio ao susto da paralisação, a insegurança começou a surgir. “Ficamos aguardando, será que vai ser só hoje, com isso passaram quatro dias. As alfaces que deveriam ser colhidas não prestavam mais para consumo”, conclui.

Tecnologia ainda é novidade 

Outro feirante que preferiu não se identificar explica que começou a vender seus produtos online, motivado pela necessidade de trazer o sustento para família. “Este novo tipo de venda é novo para mim, estou aprendendo a cada dia. Graças à Deus estou conseguindo fazer algumas vendas. No momento, o retorno financeiro ainda está bem abaixo do proporcionado pela feira, porém há uma grande possibilidade de crescimento nessa área de vendas”, comentou.

Sobre a paralisação, ele diz ser necessário para a preservação da saúde. “É muito importante e precisamos confiar nas autoridades competentes. Entretanto, acredito que após os 15 dias previstos para a quarentena, deveríamos retornar gradativamente, respeitando às devidas medidas de segurança”, finalizou. 

Feiras e mercados municipais impedidos de funcionar  

No dia 17 de março a Prefeitura de Goiânia recomendou a suspensão de feiras livres e mercados especiais na Capital. Mais tarde, no mesmo dia, o governo do estadual determinou a paralisação de feiras livres não só em Goiânia, mas em todo o Estado. A intenção era evitar a aglomeração de pessoas e a disseminação do Covid-19. Até que o risco de disseminação do Coronavírus diminuísse, consequentemente. Nos 15 dias estipulados pelo decreto, a compra de produtos alimentícios vendidos nas feiras ficou restrita aos supermercados.

No dia 16, a realização das Feiras Especiais cadastradas junto à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia (SEDETEC) também foi suspensa em Goiânia. A medida também foi voltada para o funcionamento do Centro Comercial Popular, Mercado Aberto e dos Mercados Públicos Municipais. 

O decreto também tinha o objetivo de restringir a circulação de pessoas nas ruas da cidade durante a pandemia do novo Coronavírus. Entre as feiras especiais que foram suspensas estavam a Feira da Madrugada, Feira Hippie, Feira do Sol, Feira da Lua, Feira das Nuvens, entre outras. Além das feiras, a Região da Rua 44 também teve o comércio fechado. 

O documento também liberava, temporariamente, a abertura e o fechamento do comércio e indústria em horários diversos daqueles estabelecidos, sem a necessidade de autorização prévia ou de licença especial da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia (Sedetec).

Também autorizava abordagens de orientação e aplicação de penalidades pelos órgãos de fiscalização pública municipal nos eventos em que ocorreria aglomeração de pessoas, bem como em festas, shows, circos, parques de diversões, exposições, boates, casas noturnas, bares, restaurantes, teatros, cinemas e academias. Além da suspensão das visitas ao Parque Mutirama e Zoológico, também foram suspensas atividades no Clube do Povo e Clube Morada Nova (Centro Esportivo).

Quarentena será escalonada

Na última quinta-feira (26) o Governador do Estado Ronaldo Caiado (DEM), disse que o fim da quarentena vai ser escalonado. O último decreto do governador sobre o Covid-19 mantém a quarentena em Goiás até o dia 4 de abril.  “Dia 4 é definitivo. Todo mundo volta ao normal. Não vamos saber equalizar. Isso vai causar complicações econômicas, é lógico. Mas a nossa responsabilidade principal são as vidas. Dessas, não abro mão, como médico e governador”, disse Caiado. (Pedro Moura é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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