Quinta-feira, 28 de março de 2024

Voluntários começam a produzir máscaras e aventais para profissionais da saúde

Universidades e empresas se unem para ajudar a fabricar EPIs para profissionais da saúde de Goiás - Foto: Reprodução

Postado em: 04-04-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Voluntários começam a produzir máscaras e aventais para profissionais da saúde
Universidades e empresas se unem para ajudar a fabricar EPIs para profissionais da saúde de Goiás - Foto: Reprodução

Pedro Moura 

Órgãos e instituições estão promovendo atividades para a produção de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) que serão doados a profissionais da Saúde e voluntários que estão atuando no combate contra a pandemia do Coronavírus no Estado, máscaras e aventais devem ser distribuídos nas unidades de atendimento que estão recebendo pessoas infectadas e com suspeita do Covid-19. Grupos de voluntários que distribuem alimentos também serão contemplados.

Um projeto da Universidade Federal de Goiás (UFG) em parceria com outras instituições públicas e privadas visa produzir 220 mil máscaras cirúrgicas e 6 mil aventais, que serão doados aos profissionais de saúde que atuam contra a pandemia do Covid-19 e a pessoas que irão distribuir cestas básicas arrecadadas por campanha de combate à propagação do Coronavírus no Estado. 

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Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) serão fabricados através de doações feitas por organizações. A produção dos materiais contará com a participação de mais de 50 estudantes voluntários de Enfermagem, Artes Visuais e Veterinária de Goiânia. O laboratório de costura da Universidade foi cedido para a confecção dos equipamentos. Mas antes do início das atividades, os alunos passaram por uma qualificação.

O professor do curso de design, Carlos Gustavo Hoelzel, explica que o equipamento deve permitir que a atividade do cuidador ou do paciente realmente esteja protegida. “Por isso que essas condições técnicas também da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) são respeitadas em análise de material”, explica

A maior parte do material, cerca de 17,3 mil metros de tecido, foi doado pela Organização das Voluntárias de Goiás (OVG). O reitor da UFG, Edward Madureira, comentou que a adesão ao projeto foi maciça. Tanto que a Instituição já preparou outra sala para fabricação dos equipamentos. “É muito interessante a gente perceber o envolvimento das pessoas. As pessoas estão se apresentando extremamente solidárias e dispostas a contribuir em projetos”, comentou.

De acordo com a vice-diretora da Faculdade de Enfermagem da UFG, Luana Cássia Ribeiro, as máscaras e aventais sairão do laboratório embaladas e prontas para serem usadas por profissionais de saúde de hospitais públicos e postos de saúde que atendam pacientes infectados pelo Coronavírus.”À princípio, as máscaras vão para o Hospital das Clínicas, que é o hospital da Universidade, uma das unidades referência para o atendimento à Covid-19. E, depois, com as parcerias que a gente tem, todo o acordo com a OVG, para as instituições que fizerem esse tipo de atendimento”, concluiu.

PUC começa a produzir EPIs

O Laboratório de Prototipagem Avançado do Mestrado em Engenharia e produção de Sistemas (Mepros) e o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC) também estão produzindo equipamentos para proteção do rosto para doar aos profissionais de saúde. A atividade está sendo orientada pelo coordenador do Metros e do Nit da Instituição, Marcos Lajovic.

A equipe está seguindo o modelo desenvolvido pela UFG, produzidos em impressoras 3D. Segundo o coordenador, o EPI é composto por duas peças impressas em 3D, mais uma folha feita de um plástico rígido transparente e um elástico. A expectativa do professor é imprimir, diariamente, 20 conjuntos de peças para a montagem dos protetores.

Segundo a pró-reitora de pós-graduação e pesquisa da PUC, Milca Severino, a participação da Universidade visa contribuir com a oferta de EPIs para os trabalhadores da Saúde. “Nossos pesquisadores, ombreados com pesquisadores de outras instituições, acolhem as demandas deste momento de emergência sanitária para fortalecer o conceito da ciência e da tecnologia em atenção às necessidades da população”, disse.

Detentos fazem máscaras

Detentos em sete presídios de Goiás também estão reforçando o abastecimento de EPIs no Estado, costurando máscaras cirúrgicas que serão doadas a equipes de Saúde e Segurança. Os presidiários já produziram mais de 3 mil unidades, a expectativa e de produzir de cinco a sete mil equipamentos, com uma meta de 500 máscaras por dia. A Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) deu a tarefa a cerca de 70 presos no total.

As máscaras estão sendo costuradas por detentos em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da Capital, e em Orizona, no Leste goiano, Ceres, Minaçu, Luziania, Formosa, Industria do Complexo Prisional e Quirinópolis. A DGAP disse que essas unidades foram escolhidas porque são locais onde já há polo de confecção. A matéria prima para fazer as máscaras é doada pelo Sindicato dos Servidores do Sistema de Execução Penal do Estado de Goiás (Sinsep-GO) e empresas conveniadas à DGAP.

Empresas entram na luta contra a Covid-19

Algumas empresas vão doar equipamentos para os profissionais da Saúde para ajudar no combate contra o Covid-19. Só o Grupo MPL, por exemplo, deve doar inicialmente cinco mil EPIs. A empresa vai doar em torno de 20 mil unidades. 

Grupos de voluntários também receberam a doação. Por já estar realizando trabalhos sociais, junto à comunidade, alguns grupos de voluntários, que trabalham nas ruas distribuindo alimentos para pessoas em situação de rua, também deve receber essas doações. (Agência Brasil) 

Máscaras podem ser usadas se limpas 

Segundo Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pessoas que não trabalham diretamente na área da Saúde ou que não têm os sintomas da Covid-19 devem receber a indicação para o uso de máscaras em algumas situações. Eleorientou para que a população faça seu próprio equipamento de proteção contra o Covid-19, devido àescassez do material no Estado. 

O ministro também disse que qualquer pessoa poderia produzir máscaras de pano como barreira contra o Coronavírus. Antes da afirmação de Mandetta, a recomendação do governo federal era para que somente profissionais de saúde e pessoas com sintomas ou com casos confirmados da Covid-19 usassem o equipamento de proteção. 

Mandetta ressaltou que há estudos científicos que indicam o uso da máscara caseira, e disse que conversava com a indústria têxtil para que máscaras feitas com TNT sejam produzidas e oferecidas para a população em geral.E pediu para que as máscaras cirúrgicas, que oferecem maior proteção, sejam deixadas apenas para o uso de profissionais da saúde. O ministro pediu, inclusive, para que a população que comprou o modelo de mascaras entregasse nos hospitais para uso dos médicos.

Segundo o secretáriode Saúde do Estado,, Ismael Alexandrino, as máscaras caseiras podem ser utilizadas pela população. “Melhor do que não ter, desde que esteja limpa”, afirmou. Ismael também comentou sobre o uso do equipamento ao sair nas ruas, ou em locais com maior circulação de pessoas, dizendo fazer total sentido, pois não há como saber quem está contaminado. 

O secretário também disse que há resistência por parte de alguns secretários estaduais, em recomendar a medida, mas reforçou a importância da máscara. “Há pesquisas mostrando que o uso massificado por parte das pessoas que estão se relacionando entre si reduz a transmissão. Ai não precisa ser necessariamente a máscara estéril, se ela estiver limpa contra gotículas de saliva contaminadas, cumpre o seu papel”, concluiu. (Pedro Moura é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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