Desembargador Orloff do TJ-GO recebeu R$ 800 mil por venda de decisão, diz empresário

O caso teria acontecido em 2015, tendo início na Corregedoria do TJ-GO e passado para o STJ, que autorizou as buscas e apreensões nesta terça (30) – Foto: Reprodução.

Postado em: 30-06-2020 às 18h36
Por: Nielton Soares
Imagem Ilustrando a Notícia: Desembargador Orloff do TJ-GO recebeu R$ 800 mil por venda de decisão, diz empresário
O caso teria acontecido em 2015, tendo início na Corregedoria do TJ-GO e passado para o STJ, que autorizou as buscas e apreensões nesta terça (30) – Foto: Reprodução.

Nielton Soares

O desembargador Orloff Neves, do
Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), é apontado pelo empresário Alceu Pereira
Lima Neto, da Centroalcool, de ter recebido R$ 800 mil, que teve como mediador
o advogado Ricardo Miranda Bonifácio e Souza.

O depoimento do empresário foi em
sindicância do próprio Tribunal goiano. O dinheiro teria sido repassado por
troca de duas decisões a favor da empresa, que estava em processo de
recuperação judicial.

Continua após a publicidade

Neto contou que o valor foi dividido
em R$ 600 mil, que foi para a autorização do retorno de Alceu ao cargo de
administrador da empresa e outros R$ 200 mil para que fosse acolhido o pedido
de suspeição da juíza Adriana Caldas Santos, de Inhumas.

O Ministério Público Federal
(MPF) apontou que houve um diálogo entre Alceu e o advogado da empresa, que
apresentou a solução para o empresário retornar à administração. “Para isso eu
preciso de R$ 800 mil.’ ‘R$ 800 mil para quê Ricardo?’ ‘O desembargador é o
Orloff. Tá tudo certo. Você volta pro cargo imediatamente. É na hora. Pôs o
dinheiro, ele dá’,” relataram os procuradores.

De acordo com o empresário, o
pagamento foi realizado no dia 14 de setembro de 2015, e de imediato foi lhe
concedido uma liminar assegurando o retorno dele ao cargo de diretor-presidente
da Centroalcool.

Investigações

Inicialmente, as investigações
sobre essa denúncia começaram na Corregedoria do TJ-GO, porém, por envolver desembargadores
foi encaminhada ao STJ. Onde o ministro Mauro Campbell, permitiu que o MPF fizesse
busca e apreensão nesta terça-feira (30).

E, esses relatos fazem parte da
investigação que foi deflagrada em Goiás, pela Polícia Federal. Ao todo, sete
pessoas estão sendo investigados, incluindo Orloff e o ex-presidente do TJ-GO, Gilberto Marques Filho e um juiz .

Nota do TJ-GO

Sobre a operação deflagrada na
manhã desta terça-feira (30), por decisão do Superior Tribunal de Justiça
(STJ), o Poder Judiciário goiano informa que colaborou efetivamente com a ação
da Polícia Federal, fornecendo todos os dados solicitados e prestando os
esclarecimentos necessários à elucidação da questão.

Como o processo corre em sigilo,
o TJGO não pode fornecer mais detalhes, mas ressalta que se trata ainda de
investigação e serão observados os princípios constitucionais, como o
contraditório e amplitude de defesa, ou seja, dando aos envolvidos o direito de
ampla defesa, de acordo com artigo 5°, inciso LV da Constituição Federal.

Por fim, informa que o deslinde
do caso é de seu total interesse e que continua à disposição, tanto do STJ
quanto do Conselho Nacional de Justiça, do Ministério Público Federal e da
Polícia Federal para aclarar tudo o que estiver a seu alcance.

 

Veja Também