Pandemia transforma mercado de floriculturas e viveiros

Representantes do setor afirmam que a demanda por plantas de vasos e jardinagem em cenário pandêmico chegou a triplicar. Internet ajudou no impulso do mercado - Foto: Reprodução

Postado em: 01-08-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Representantes do setor afirmam que a demanda por plantas de vasos e jardinagem em cenário pandêmico chegou a triplicar. Internet ajudou no impulso do mercado - Foto: Reprodução

Igor Caldas

A pandemia do novo Coronavírus transformou o mercado das floriculturas e viveiros. O isolamento social abriu espaço e tempo para a jardinagem em casa, mas a escassezes de eventos que demandam flores ornamentais como casamentos shows e festas diminuíram a demanda por flores. Representantes do setor afirmam que a demanda por plantas de vasos e jardinagem chegou a triplicar.

No entanto, a procura pela jardinagem e plantas em vaso e ornamental disparou. Segundo o presidente do conselho consultivo da Associação de das Floriculturas e Viveiros do Estado de Goiás (Asflore), José Natalício Domingos Dantas, a procura pelo setor de flores em vazo triplicou. “O pessoal que está isolado em casa quer fazer mais jardinagem e tem até algumas espécies em falta no mercado devido à alta procura”, afirma.

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Ele ainda afirma que o segmento de plantas havia encolhido muito devido à crise econômica, mas sofreu uma reviravolta durante a pandemia. “Muita gente parou de produzir por causa da queda nas vendas causada pela crise que o país vinha sofrendo e os que ficaram no mercado estão faturando bastante”, declara.

Um dos maiores e mais completos viveiros de plantas da Capital, localizado no Setor Campinas, viu seu faturamento aumentar em 10 vezes.  Coordenador de vendas do estabelecimento, Danilo Dias diz que não esperava essa marca. Ele diz que para alguns segmentos a pandemia foi um mal que veio para o bem.

Danilo acredita que a mudança de rotina das pessoas fez com que elas conseguissem concretizar um desejo que estava reprimido no tempo curto do cotidiano corrido das grandes cidades. “As pessoas que já cuidavam das plantas, mas não conseguiam disponibilidade de tempo para cuidar do seu jardim. Sempre que chegavam em casa do trabalho cansadas, acabavam protelando o cuidado com as plantas”, defende.

Para Danilo, outro fator que alavancou as vendas do viveiro foi o aumento dos investimentos.  “Aumentamos o investimento em logística e compra de plantas em 75%”. O tipo de planta que mais sai no local são as suculentas. Esse tipo de planta armazena água em talos, raízes ou folhas em quantidades muito maiores que nas plantas normais e isso faz com que essas partes fiquem mais “gordinhas”. Esta adaptação permite manter reservas do líquido por longos períodos e por isso dispensam menos cuidados com rega.

Hortaliças

Outro sinal de que as pessoas estão gastando mais tempo e transformando os jardins de casa foi o aumento de venda dos pisos de grama. No mesmo período do ano passado o viveiro que Danilo coordena colheu 50 mil metros quadrados de grama em relação a 90 mil metros quadrados colhidos este ano. “A saída de hortaliças cresceram muito também, principalmente aquelas que podem ser plantadas facilmente em casa como orégano, manjericão, cebolinha”.

Vendas on-line

A internet também ajudou a impulsionar o mercado. O aumento de ações on-line em todos os segmentos foi destacado pelo presidente do conselho consultivo da Asflore. “O mercado em todos os setores sofreu e precisou se agarrar ao digital, não só de plantas. Vemos shows, estudamos e tem até consulta médica. Tudo pela internet”, conclui José Natalício.

O viveiro coordenado por Danilo também investiu em tecnologia. Eles produzem lives com dicas para plantio e viram o número de seguidores de suas redes sociais dispararem. “Antes da pandemia tínhamos 4 mil seguidores, hoje temos 50 mil. Nunca imaginei que isso aconteceria”. As vendas diárias pela internet feitas pelo estabelecimento chegam a R$ 3 mil. “Antes do Coronavírus, não fazíamos vendas on-line”, recorda Danilo.

Hipermercados

O presidente da Asflore ainda diz que o ramo de floriculturas precisara se reinventar para bater de frente com os hipermercados. “O que afundou nosso ramo foram os grandes supermercados porque dá pra encontrar tudo de jardinagem e plantas neles. No entanto, se o cliente quiser saber como plantar e porque seu jardim está seco e feio, ele vai encontrar essa informação com funcionários de bons viveiros ou terá que buscar na internet”, conclui.

 Escassez de eventos e velórios afeta mercado de flores 

Apesar da procura por plantas para o jardim ter aumentado, o mercado de flores de corte, usadas como decoração principalmente em eventos como casamentos, shows e velórios despencou. O encurtamento do tempo de velórios comuns e a inexistência destes em casos de morte causadas pela Covid-19 ajudaram a diminuir a demanda por flores.

Segundo o presidente do conselho consultivo da Associação das Floriculturas e Viveiros do Estado de Goiás (Asflore), José Natalício Domingos Dantas, a procura desse segmento caiu em aproximadamente 60%. “Hoje não existe mais velório para mortes de Covid-19 e o tempo dos outros velórios foi reduzido em tempo e número de pessoas presentes. Casamentos e festas de debutantes também não têm mais e o maior consumo de flor de corte é no segmento de eventos”, declara.

José declara que as empresas especializadas em flores de corte e decoração estão passando dificuldades. “Existem os decoradores e muita gente cujo negócio era fazer palcos de shows, alugar cadeiras floradas e fazer coroas de funerárias. Hoje eles estão travados. As floriculturas que são mais diversificadas se salvaram e prosperaram na pandemia”.

Danilo Dantas, coordenador de vendas de um viveiro e floricultura localizado em Campinas afirma que a diminuição da saída de flores de corte no estabelecimento foi de 20 a 30%. “Tivemos boas vendas deste tipo de planta no Dia das Mães e Dia dos Namorados que foram exceções”. Nos meses da pandemia do Coronavírus, Danilo afirma que o viveiro não vendeu nenhuma planta para empresas de funerária. (Especial para O Hoje)

  

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