Motoristas desrespeitam o limite de velocidade na Zona 40, em Goiânia

Apesar da instalação de radares fixos, motoristas ainda pesam o pé no acelerador indevidamente| Foto: Wesley Costa

Postado em: 13-08-2020 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Apesar da instalação de radares fixos, motoristas ainda pesam o pé no acelerador indevidamente| Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

O limite máximo de 40 quilômetros por hora nas ruas da Zona Central da Capital que compõem o traçado original e ligam a Praça Cívica às avenidas Araguaia, Paranaíba e Tocantins foram implantadas desde fevereiro de 2016. Apesar da instalação de radares fixos em sete pontos da chamada Zona 40 e da aplicação de multas, motoristas ainda pesam o pé no acelerador indevidamente.

Paulo Vieira é comerciante e tem um estabelecimento há 38 anos na Avenida Araguaia, próximo a um dos radares fixos instalados na avenida. Atrás da bancada de sua loja Paulo consegue observar o fluxo de trânsito na avenida durante a maior parte do horário comercial. “Pelo que eu observo, pouquíssimos motoristas respeitam o limite de velocidade de 40 quilômetros por hora”, declara. Ele diz que vê vários carros e motocicletas trafegando em velocidade bem superior ao limite permitido.

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Para o comerciante, apesar de haver sinalização de limite de velocidade, a Zona 40 continua invisível. “O povo nem tem conhecimento da existência de Zona 40 porque faltam campanhas para reforçar isso. Acho que a sinalização deveria ser mais apelativa também”, defende. Paulo acredita que a conscientização surte mais efeito do que a aplicação de multas. “Eu acho que a aplicação da multa não educa o motorista. A prova disso é que a instalação de radares não adiantou muito. A cultura no trânsito têm que ser melhor trabalhada”, diz.

Transformação

Em todos os anos que esteve trabalhando no Centro da cidade, Paulo afirma que viu o trânsito sofrer uma intensa transformação. “Hoje para você colocar um carro na rua é muito fácil. As condições que te oferecem de pagamento favorecem o aumento de veículos no trânsito”. Ele ainda diz que a engenharia de tráfego deve acompanhar esse crescimento. “Não adianta o número de veículos crescerem sem a modernização da sinalização de trânsito”, defende.

Campanha de conscientização

A Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMT) implantou a sinalização da região da Zona 40 desde 2016 e fez apenas uma campanha de conscientização de 34 dias de período educativo para começar a fiscalizar a velocidade no Centro de Goiânia. Além da fiscalização feita pelos radares fixos, o órgão prometeu que iria usar também radares estáticos em lugares estratégicos, para que os motoristas não diminuam a velocidade apenas nos pontos de instalação dos sete radares fixos.

As mudanças foram implantadas desde o dia 26 de fevereiro de 2016, com instalação de placas suspensas e verticais que informam ao condutor sobre a velocidade máxima de 40 km/h a ser cumprida. Desde então, a infração de ultrapassar os 40 quilômetros por hora tem sido flagrada por radares de fiscalização eletrônica em sete pontos das vias que formam o “manto sagrado” ou “véu de noiva”, do Centro da Capital.

Velocidade máxima 

A Zona 40 estabelece o limite de velocidade máximo em 40 quilômetros por hora para as Avenidas Araguaia, Tocantins, Anhanguera, Paranaíba e ruas entre elas. Nas vias centrais dessas avenidas, também foram implantados mais três quilômetros de ciclorrota, entre as Ruas 1, 2, 3, 4, 6 e 8.

Segundo a Prefeitura de Goiânia, a fiscalização está sendo feita por meio do radar estático, de forma periódica e em pontos estratégicos para garantir que o motorista não desrespeite a sinalização onde não estiverem presentes os radares fixos. Os radares fixos estão instalados na Avenida Paranaíba com a Avenida Araguaia, Paranaíba com Avenida Tocantins, Tocantins com a Rua 4 e Rua 3, na Araguaia com a Rua 3, na Rua 4 com a Rua 6 e com a Rua 9.

Políticas públicas definem mobilidade urbana 

As Prefeituras e as demais estruturas do Poder Público têm papel fundamental para implantação de políticas públicas eficientes em prol da melhoria da mobilidade urbana. Para que isso aconteça, é necessário que as pessoas se desloquem com cada vez menos frequência em carros particulares, mas isso só vai acontecer se houver expansão de rede de trens, metrôs e ônibus que ofereçam conforto e praticidade.

Tecnologia

Transformações definitivas na forma como nos deslocamos pelas cidades dependem de inovação e tecnologia. Com ajuda de aplicativos de mobilidade e georeferenciamento, podemos fazer as melhores decisões de caminhos alternativos, podendo optar pelo uso de bicicletas compartilhadas e o e transporte público.

Em evento que celebrou 15 anos do Google Maps, os porta-vozes da empresa de tecnologia disseram que vão fazer o uso recorrente de recursos em tempo real para informar usuários. Por meio da Inteligência Artificial será possível fazer previsões de trânsito e oferecer as melhores opções de rotas em tempo real.

Em prol da melhoria do uso do transporte público, o Google Maps deve expandir para 60 cidades brasileiras como Recife, Salvador, Maceió, Aracaju, Natal, Niterói e Guarulhos esse recurso que oferece informações sobre linhas, rotas, e horários programados do transporte coletivo desses municípios.

Pesquisa

Uma pesquisa feita pelo Grupo Kantar, chamada Mobility Futures mapeou hábitos de mobilidade urbana de habitantes de 31 metrópoles e realizou projeções para a próxima década. Metrópoles do mundo todo deverão sofrer transformações intensas no transporte. Entre elas estão São Paulo, Paris, Milão, Amsterdã, Xangai.

A consultoria revela que a cidade paulistana terá uma redução de 28% no uso de carros particulares, enquanto deverá ter um aumento de 10% do uso de transporte público, 47% de acréscimo no uso de bicicletas e até incremento de 25% em caminhadas.

O estudo menciona uma combinação de fatores para que devam motivar essas mudanças: investimento para a infraestrutura de transporte, expansão da rede de transporte urbano e melhorias nas redes de ciclovias. Ainda de acordo com a pesquisa, a participação da iniciativa privada, com a implantação de tecnologias em sistemas de compartilhamento e expansão de pagamentos digitais também é fundamental. (Especial para O Hoje)

 

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