Sertanejo ‘good vibes’

Cantor Guilherme Talma aposta na positividade e no alto-astral para conquistar o público em seu primeiro CD, chamado ‘Vibe’

Postado em: 05-07-2016 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Cantor Guilherme Talma aposta na positividade e no alto-astral para conquistar o público em seu primeiro CD, chamado ‘Vibe’

Júnior Bueno

Enquanto esta matéria estava sendo produzida, constavam algumas centenas de cliques no vídeo de Kiss Pra Você, a música que o jovem cantor Guilherme Talma escolheu para ser o single de seu primeiro CD, Vibe. “Tocou na (rádio) Positiva agora!,” dizia um fã em um comentário no Facebook. No site do artista, a música pode ser baixada gratuitamente. O rapaz, que cantava na noite e deu um tempo para pensar em estratégias de se lançar no mercado, aos poucos começa sua caminhada. Se tudo der certo – e ele aposta nisto com a certeza de quem sabe o que quer – os próximos passos não vão ser fáceis de contar.  

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Acompanhar um artista a um passo de se tornar conhecido do grande público é como assistir a um paraquedista um segundo antes de se lançar no ar. Sabemos o que pode acontecer, mas não é possível prever com precisão. É um misto de expectativas em que cada movimento é decisivo. Guilherme conta com um diferencial para se mostrar como artista. Sua marca é o alto-astral, o que fica evidenciado no nome do CD, Vibe. A palavra, em inglês, significa “vibração” e teve seu uso difundido por meio da cultura rastafári, como sinônimo de “positividade”.

Ou seja, com ele não existe sofrência. Uma das músicas do CD, inclusive, se chama Sai, Sofrência. A pegada é cantar o amor de forma bem-humorada, de falar de pé na bunda como coisa da vida mesmo. E música de farra, carrão e mulherada, praga que acomete quase toda a produção sertaneja atual? Guilherme até canta as de outros cantores, mas preferiu não gravar nenhuma assim. “Tem umas coisas meio vazias assim. A galera gosta muito, e, se me pedirem, eu canto nos shows. Mas, para gravar, eu preferi músicas que mostrassem minha verdade, minha essência.

Esta “verdade” é algo que ele diz trazer do berço. O menino Guilherme não tinha como ser outra coisa na vida que não músico. Mesmo que ele tenha cursado Veterinária na UFG, a genética falou mais alto. Filho de dois cantores de banda de baile que se conheceram na noite e irmão dos integrantes da banda goiana Pit’wawa, ele comeu, bebeu e respirou música a vida toda. “Me lembro de ir a shows em que meus irmãos tocavam, e eu bem criança, 10, 11 anos, nos bastidores, vendo de perto Charlie Brown Jr., O Rappa, Titãs… gente de quem eu era fã,” diz ele.

Mas, ao mesmo tempo em que tietava os ídolos do pop rock brasileiro, Guilherme também ouvia moda de viola, uma tradição de quase toda família em Goiás. E a vocação se confirmava cada vez mais forte à medida que ele ia ficando cada vez mais íntimo de seu primeiro violão. “Meu violão tinha cheiro de sovaco, de tanto que eu não desgrudava dele”, diz Guilherme. “Eu sempre tive esse lance de querer ser músico desde sempre: fiz aula de bateria… todo instrumento eu ia pegando”.

O único impedimento de Guilherme era a timidez. “Eu via meus irmãos, no palco, e pensava ‘nossa, que legal!’. Eles tinham muita desenvoltura, na frente do público, e eu ficava quietinho, ali, olhando”. Quando a banda se desfez, cada um foi para um canto, e o garoto já estava em tempo de saber o que seria da vida. Na dúvida, foi fazer faculdade de Veterinária. Mas a música esta ali, ao lado, doida para voltar a ser centro das atenções. “Nunca parei de compor. E sempre que tinha uma festinha, eu estava lá, com meu violão”. 

Tanto que, assim que entrou para a faculdade, o cantor aproveitou para estabelecer umas metas: “Comprar uma guitarra, deixar o cabelo crescer… Em tanto tempo, eu estaria cantando em barzinhos…”. Cuidar de bichos não estava na lista. Logo, ser um cantor começou a ocupar a vida de Guilherme. Apoiado pelo pai, começou a fazer shows sem Goiânia e no interior; chegou a gravar com Israel Novais, e vislumbrou o suceso.

O próximo passo poderia ser lançar-se de cabeça no mercado e bater de porta em porta à procura de oportunidades. Mas Guilherme fez o oposto: saiu de cena – e de Goiânia – e resolveu montar uma estratégia para ir mais longe. Procurou a FS Produções Artísticas – a empresa pertence à dupla Fernando e Sorocaba, dois ‘midas’ do universo sertanejo, responsáveis pela explosão de Luan Santanna, Lucas Lucco e tantos outros artistas e duplas. Qualquer música que você ouvir no rádio, hoje, se for sertaneja, tem chance de ter o dedo deles. 

Fã de Chitãozinho e Xororó, Zezé Di Camargo & Luciano e Tião Carreiro, ele tem os pés nesse universo musical e toca violão, viola e cavaquinho. Mas também tem influências fora desse terreno, como Bruno Mars, o pop-rock brasileiro e até o funk carioca. 

O rapaz ainda não sabe o que pode acontecer quando – e se – cair nas graças de uma turba de fãs alucinadas. Mas não acha que isso seja um problema. “Estou solteiro, por favor, publique isto, estou muito solteiro”. Gravado o CD, agora Guilherme quer chegar aos ouvidos do maior número de pessoas possível. E em pouco tempo. Quando o paraquedas abrir, o sorriso do rapaz vai nos dizer como está o voo. 

Foto: divulgação 

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