Montevidéu e Punta del Este: mais perto e mais acessível do que se imagina

Arquitetura, gastronomia, belos passeios e uma vista cinematográfica são alguns dos atrativos das duas cidades uruguaias

Postado em: 23-01-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Arquitetura, gastronomia, belos passeios e uma vista cinematográfica são alguns dos atrativos das duas cidades uruguaias

Rimene Amaral / Especial para O HOJE

Não é preciso atravessar o Atlântico, permanecer 12 horas em um voo com as pernas encolhidas e pagar em Euro para ter uma viagem de tirar o fôlego. Sem desmerecer a Europa, é claro!, em pouco mais de duas horas num avião, a partir de São Paulo, você pode estar em Montevidéu, capital do Uruguai, considerada uma das cidades com melhor qualidade de vida para se morar na América Latina. Com excelentes opções culturais, de restaurantes e vinícolas, o melhor, mesmo, está no preço. O Peso, moeda local, leva uma boa desvantagem com relação ao Real. Com R$ 1 compra-se cerca de UYU 10 (10 Pesos). Bem, sendo assim, você estará num país belo, com comida excelente – com destaque para a carne bovina, que não existe igual no mundo! – e vinícolas para todos os gostos e bolsos.

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O Uruguai é um país cheio de atrativos, com belezas naturais e intenso movimento cultural e gastronômico em qualquer época do ano. Tudo isso com infraestrutura turística de primeiro mundo e povo hospitaleiro. Talvez seja isso que faça do Uruguai um país para se visitar mais de uma vez. E nem precisa muito tempo. Em sete dias, é possível conhecer um pouco dessa diversidade. Eu conto para você como é um roteiro completo, em pouco tempo e com baixo custo.

Se a viagem for para mais de duas pessoas, vale apena reservar um carro, já no aeroporto de Montevidéu. Vai precisar dele quatro dias depois para os passeios mais distantes. Um carro básico, para quatro pessoas, sai por R$ 100, em média, por dia. Mas comecemos pela capital, no primeiro dia. Montevidéu é uma cidade tranquila, limpa e receptiva. Passear pelas avenidas e praças à beira mar/Rio de la Plata é um relaxante exercício para o corpo e para a mente. O pôr do sol pode ser contemplado de um dos vários quiosques ou restaurantes que servem pratos à base de carne e batata, além de excelentes cervejas e vinhos.  A uva tanat é um dos símbolos do país, mas as cervejas não ficam atrás. Vai depender do clima.Deixe a câmera fotográfica à mão. Quando os últimos raios de sol se vão, as cores do céu merecem ser registradas. Antes de voltar para o hotel, vale a pena passar em um trailer para estrangular a fome com um chivito, uma versão plus e bem melhorada do nosso ‘x-salada’. 

O segundo dia pode ser uma surpresa boa. Alguns hotéis oferecem visitas guiadas às inúmeras vinícolas nos arredores da cidade. Por cerca de R$ 100, você pode passar quase um dia inteiro num desses templos de Baco, experimentando vinhos cujos preços dos rótulos podem ultrapassar os quatro dígitos. Muitas dessas vinícolas são familiares e, por isso mesmo, oferecem degustação de pães, embutidos e azeites, além de mais de dez tipos de vinho, desde o espumante, passando pelos brancos e rosés, até chegar aos tintos mais encorpados, de safras e castas especiais. Na saída, o visitante ainda pode comprar os produtos que são servidos ali a preços módicos. 

O terceiro dia merece uma visita ao Mercado del Puerto, um local cheio de restaurantes que servem o mais famoso e saboroso churrasco do mundo. Mas tem muita coisa além de carne. Por isso mesmo é preciso conhecer o que o mercado tem a oferecer, antes de escolher as primeiras opções.Um almoço completo – daqueles em que você gasta pelo menos três horas –, com bebida e sobremesa, não sai por mais de R$ 60 por pessoa. Uma pechincha, levando em consideração a qualidade do que se come e as novidades. É bom chegar mais cedo para fazer um reconhecimento do local e passear até a Plaza Independencia, local histórico e que é próximo ao Teatro Solis, uma das atrações turísticas da capital uruguaia. Saindo do mercado, pegando a Calle Pérez Castellano, cerca de cinco quadras para o interior do Centro de Montevidéu. Um passeio dos mais agradáveis, passando pelos bairros chiques, com boulevares e cafeterias. Superada a parte inicial da caminhada, mais umas dez quadras, você chegará ao coração de Montevidéu, na Plaza Independencia. Fim do dia livre para um café com uma torta de doce de leite – também famosa no Uruguai – numa das muitas casas especializadas em cafés e sobremesas. 

Quarto dia. Lembra do carro reservado no aeroporto? É de lá que você sairá rumo a um dos balneários mais famosos da América do Sul. Punta del Este fica a cerca de duas horas e meia de carro, por uma estrada agradável, sem trânsito pesado e de paisagem única. A cidade vive do turismo e, por isso mesmo, turista é tratado como rei. Mas aí os preços já não são mais os mesmos da capital. Apesar de ser tudo mais caro, o Real ainda se sobressai. Em Punta, a vida gira em torno das praias, restaurantes e cassinos. Quem gosta de fazer aquela fezinha não pode perder uma noite no charmoso Conrad, hotel de luxo que já foi cenário de filme. Guarde umas boas economias, caso você não consiga controlar o vício da jogatina. Uma noite é suficiente. Mesmo porque amanhã, o quinto dia, será mais um dia de viagem, pequena, mas não deixa de ser uma viagem.

O quinto dia inteiro é para curtir praia, natureza e boa comida, tudo com muita tranquilidade. A 70 quilômetros de Punta del Este, está a praia de La Huela, no Farol de José Ignácio, onde nativos passam dias inteiros sob o comando das ondas calmas, num povoado charmoso onde você pode comer lagostas frescas com creme de abóbora, sentado ao lado, por exemplo, de Morgan Freeman. Quem sabe? Nada mais surreal. A praia de La Huela abriga ainda um museu marinho, onde navios afundados foram transformados em sítios e, por isso mesmo, o lugar é preservado. No fim do dia, de volta à Punta, vale uma passada nos quiosques que ficam à beira da estrada, que vendem quitutes regionais deliciosos a preços de banana. É lá que você vai comprar também aquele carregamento de doce de leite para fazer a alegria dos amigos que ficaram no Brasil. 

Penúltimo dia é para conhecer um dos lugares mais lindos que já visitei: a Casapueblo. Com arquitetura que lembra as ilhas gregas, é um dos passeios mais atraentes da península. Casapueblo é a monumental criação do pintor e escultor uruguaio Carlos Páez Vilaró, quem tem ali o seu atelier. A construção durou mais de 36 anos e foi feita pelo escultor com as próprias mãos. É universalmente chamada “escultura para habitar”. O pôr do sol dos jardins da Casapueblo é um dos mais famosos e mais asfixiantes que já vi na minha vida. O céu assume cores que são difíceis de explicar. De volta à cidade-balneário, o resto do dia fica reservado para conhecer os bares e restaurantes. Você também vai conseguir excelentes fotos do porto. E, se você é daquelas pessoas que não comem antes de postar a foto dos pratos no Instagram, prepare a bateria e o espaço na memória do telefone. Os pratos à base de frutos do mar são servidos como verdadeiras obras de arte. 

A volta para Montevidéu também guarda surpresas agradáveis. Uma passada na cidadezinha de Piriápolis, de cerca de oito mil habitantes, pode fazer valer o fim do dia. A cidade tem duas formações rochosas ótimas para pesca durante todo o ano, além da Avenida Praia de los Argentinos e as praias de areias brancas, como São Francisco e Praia Formosa. De volta, direto para o aeroporto de Carrasco, vale arrematar a viagem em qualquer restaurante, à beira da estrada, que sirva uma verdadeira parrilhada. É para fechar com chave de ouro, carne vermelha e vinho tinto, para voltar ao Brasil com satisfação e já pensando no retorno. Mas não perca, pela janela do avião, o último pôr do sol. Pode ser o ocaso que, pelo resto da vida, vai lhe arrancar suspiros.

Feira Tristan Narvaja

Para quem puder passar um domingo na capital uruguaia, é imperativo visitar a feira Tristan Narvaja, que acontece há mais de 100 anos. Uma espécie de Feira de San Telmo que existe em Buenos Aires, Narvaja também é um mercado de pulgas, onde se vende de tudo, desde frutas e legumes, até antiguidades e quinquilharias. A feira começa na esquina da Avenida 18 de Julho com a Rua Tristan Narvaja, e suas barraquinhas estendem-se por grandes quarteirões. Também podem-se encontrar lojas especializadas em antiguidades. No percurso, é possível provar algumas especiarias da gastronomia uruguaia, como as empanadas. A feira acontece até as 15 horas. 

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