Precisamos falar sobre o HPV

Vacina contra o vírus é recomendada em três doses, e as aplicações devem ser feitas no intervalo de seis meses para garantir mais imunização

Postado em: 21-02-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Vacina contra o vírus é recomendada em três doses, e as aplicações devem ser feitas no intervalo de seis meses para garantir mais imunização

Júnior Bueno

Você sabe o que é HPV? Sigla em inglês para “vírus do papiloma humano”, o HPV é um vírus que atinge a pele e as mucosas, podendo causar verrugas ou lesões precursoras de câncer, como o câncer de colo de útero, garganta ou ânus. Cada tipo de HPV pode causar verrugas em diferentes partes do corpo. O vírus se transmite no contato pele com pele, por isso o HPV pode ser considerado uma doença sexualmente transmissível (DST) mais comum que se imagina. 

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Segundo pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS), no primeiro contato sexual uma em cada dez meninas chega a entrar em contato com o vírus. Conforme o tempo passa, entre 80 e 90% da população já entraram em contato com o vírus, alguma vez na vida, mesmo que não tenha desenvolvido lesão. Mais de 90% das pessoas consegue eliminar o vírus do organismo, naturalmente, sem ter manifestações clínicas. Porém é importante frisar que o vírus pode ser transmitido mesmo quando a pessoa não percebe ter os sintomas. Outro ponto sobre o HPV é que, apesar de os sintomas normalmente se manifestarem entre dois e oito meses da infecção, ele pode ficar encubado – presente no organismo, mas sem se manifestar – por até 20 anos. Por isso é praticamente impossível saber quando ou como a pessoa foi infectada pelo HPV. 

Vacina

Até 2016, apenas meninas entre 12 e 13 anos eram vacinadas gratuitamente conta o vírus do HPV por meio da campanha realizada pelo Ministério da Saúde. A partir do ano seguinte, entrou em vigor a inclusão de meninos com a mesma faixa etária, e o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer para ambos os sexos duas doses da vacina quadrivalente que combate os vírus mais comuns para o desenvolvimento do câncer de colo de útero, câncer reto-anal e verrugas típicas do HPV. Porém a indicação da bula sugere a aplicação de três doses, pois garante maior imunização do corpo gerando mais proteção contra os vírus em questão – instituições particulares sempre seguiram a prática. 

De acordo com o médico Alberto Chebabo, infectologista que integra o corpo clínico do laboratório Atalaia, aproximadamente 98% da população com vida sexual ativa é portadora de algum tipo do vírus. “O HPV pode causar o desenvolvimento de verrugas nas regiões internas e externas do corpo. As lesões não visíveis, como no colo do útero, reto, ânus, boca e garganta, quando não tratadas precocemente, podem evoluir ao câncer. O ideal para a aplicação da vacina é em pessoas que ainda não tiveram contato com o vírus, por isso a indicação de uma faixa etária precoce. Mas isso não exclui pessoas com vida sexual ativa. A liberação no Brasil é para a vacinação de homens entre nove e 26 anos, e em mulheres nas idades de 9 a 45 – disponível na rede privada”, afirma. 

Por ser DST, o HPV deve ser prevenido, não penas com a vacinação, mas também com o uso de preservativos, inclusive durante a prática do sexo oral. “Grande parte da população não usa a camisinha durante o sexo oral, o que é um grande erro. O HPV pode causar câncer de boca, faringe, laringe e garganta, pois, o vírus entra em contato com essas mucosas e, se não tratadas as lesões, pode evoluir para um câncer. O mesmo ocorre durante o sexo anal: devemos entender que o preservativo não tem a finalidade de evitar apenas a gravidez; esse é um método de barreira também para as DSTs”, ressalta o especialista.

A vacina também é indicada como uma aliada para o tratamento do HPV, ou seja, pessoas que sofrem com o aparecimento de verrugas recorrentes também podem tomar a medicação. “Na rede particular, nós prescrevemos a vacina para quem tem vida sexual ativa. Pacientes que foram expostas ao vírus ou que já desenvolveram a doença podem se vacinar como forma de otimizar o tratamento. A proteção do corpo apenas pelos anticorpos, muitas vezes, não é o suficiente para imunizar o organismo. A vacina entra nesse caso como uma proteção extra para o paciente. É um método mais forte para o desaparecimento dessas lesões”, detalha o infectologista. 

A aplicação das doses, de acordo com a bula, deve ser intercalada em um período de seis meses. O infectologista explica que, ao tomar a primeira, o paciente não está totalmente imune ao desenvolvimento da doença nem completamente protegido do vírus. “A primeira dose apresenta uma eficácia razoável, o que protege aproximadamente 50% o corpo. A partir da segunda, o corpo tem uma imunização parcial, podendo chegar a 85%. Por isso o ideal é a aplicação de três doses”, conclui Chebabo. 

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