Espetáculo Beladona é apresentado em Goiânia nesta quarta

O nome veio de uma planta conhecida em todo mundo por seus efeitos alucinógenos: a Atropa belladonna

Postado em: 23-03-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O nome veio de uma planta conhecida em todo mundo por seus efeitos alucinógenos: a Atropa belladonna

Natália Moura

O espetáculo de dança Beladona surgiu, em 2016, de inquietações que surgiram, na cabeça da coreografa Cristiane Santos, sobre a necessidade que uma parcela da população tem de se envolver com drogas tóxicas. O nome veio de uma planta conhecida em todo mundo por seus efeitos alucinógenos: a Atropa belladonna, espécie muito comum na Europa, África e na Ásia. A beleza de suas flores contrasta com seu veneno que, se consumido em grandes quantidades, pode levar à morte. “Atrelamos a história da planta com um contexto social, a dualidade social das relações humanas e as diferentes realidades cotidianas que se dissolvem perante nossas dúvidas”, conta Cristiane sobre o espetáculo.

Segundo ela, a obra faz ‘links’ sensoriais com a beleza e a falta dela a partir da vida e da mortalidade. “A alucinação, o questionando do poder, a dominação e a submissão, o medo e as fragilidades narram histórias de entorpecimento causados pelas próprias mãos”, afirma. Com apoio da Lei Municipal Goiana de Incentivo à Cultura e do Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna, Beladona já foi apresentado em diversas cidades como Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Campo Grande, Palmas, Belém, Florianópolis e Juiz de Fora. O espetáculo também participou do Festival Danza en La Ciudad, em Bogotá, na Colômbia, e recebeu, neste ano, convite para apresentação no festival Vortex, na França, no segundo semestre de 2017.

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A direção artística é de Cristiane Santos com coordenação geral de William Bernardes. No elenco, estão Laís Guerra, Ludmila Rocha, Jayme Marques e William Lima. O cenário ficou nas mãos de Marcos Camargo, o figurino é de Hazuk Perez e a trilha sonora original é de Rodrigo Flamarion. No cenário, foi trabalhado o símbolo do rizoma da planta: Marcos Camargo cobriu todo o palco com o rizoma da beladona, que aparece como um cenário vivo. “Como a trama se desenrola no cotidiano comum, nosso figurinista, Hazuk Perez, desenvolveu o figurino baseando-se na paleta de cores da planta, dando vida aos figurinos que compõem o espetáculo”, conta Cristiane. 

De acordo com a diretora, o espetáculo como um todo pretende provocar reflexão e comoção no público. “E todas as outras sinestesias possíveis: horror, medo, angústia, alucinação, pânico. Mas também beleza, poder, admiração, entusiasmo”, conta.  Mas, para alcançar esse objetivo o Nômades Grupo de Dança tem enfrentado a dura realidade do meio artístico em Goiânia. “Vivemos às custas de empréstimos de salas para ensaios, e, graças a parcerias muito bem-sucedidas, conseguimos nos manter resistentes”, relata. Fundado em 2012, o grupo vem desenhando uma trajetória de liberdade, ousadia e cooperação. “Beladona é o sétimo espetáculo do grupo para palcos, e temos várias performances, intervenções, instalações coreográficas já realizadas ao longo dos seus 15 anos de existência”, afirma a diretora. 

Apesar da estreia em novembro de 2016, a ideia do espetáculo foi trabalhada desde o ano anterior. Os participantes passaram o período somente em pesquisas teóricas e corporais e em laboratórios de improvisação e criação a fim de compor a dramaturgia da obra. Beladona é composto pela estética da dança contemporânea, mas teve como base técnicas de dança clássica e moderna. Com o uso da linguagem poética, a apresentação leva ao palco cenas que retratam a dualidade do poder, transpondo as barreiras físicas do corpo humano. “Nosso intuito é acessar memórias, lembranças que consigam mover o público junto às nossas coreografias; causar reflexão: Até aonde o poder pode chegar? Quanto o poder vale?”, conta Cristiane. 

No ano de comemoração dos seus 15 anos, além da apresentação desta quinta-feira (23), no Teatro Sesc, o Nômades Grupo de Dança leva Beladona, no próximo dia 8 de abril, ao Teatro Sesc de Jataí (GO). A obra também será levada ao Teatro do Instituto Federal de Goiás (IFG), nos dias 25 e 26 de março (sábado e domingo), em apresentações abertas ao público. O grupo irá ofertar, ainda, uma oficina sobre processo criativo de dança contemporânea, no dia 1° de abril, das 14h às 18h, no Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (UFG). Para fazer as inscrições basta enviar o currículo para o email [email protected] e aguardar confirmação de participação – ou acessar as redes sociais do grupo e acompanhar suas divulgações.  

SERVIÇO:

Espetáculo ‘Beladona’ 

Nômades Grupo de Dança (GO)

Quando: 23 de março (quinta-feira)

Horário: 20h

Onde: Teatro Sesc Centro – Goiânia

Entrada: R$ 7 (comerciários e dependentes), R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia-entrada) e R$ 8 (conveniados)

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