Trupe do Laheto marca o Dia do Circo

A trupe comemora 24 anos de existência

Postado em: 25-03-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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A trupe comemora 24 anos de existência

Bruna Policena

O circo foi uma das primeiras formas de expressão artística da humanidade, e sua magia universal foi capaz desde o início de alcançar todo tipo de público e dialogar com várias línguas. Acredita-se que o circo teve suas origens na China, há mais de cinco mil anos, quando soldados do exército usavam táticas de acrobacia para aperfeiçoar o treinamento. Estas táticas começaram a dar forma a uma performance peculiar, ganhando o mundo e adaptando às necessidades de cada cultura.

Passando por diversas tendências, o circo, que tem sua data de comemoração universal no dia 27 de março, começou a incorporar a identidade artística que se conhece hoje. No antigo Egito, animais ferozes capturados pelos bravos caçadores eram exibidos como atração e recompensa para o exército de faraós, que conquistavam terras inimigas. Na Grécia, as práticas de contorcionismo e técnicas de equilíbrio foram base para as atividades acrobáticas circenses unindo-se às peças de teatro. Também contribuiu para a ginástica olímpica, que teve origem nesta sociedade. 

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Na Índia, as técnicas de contorcionismo e saltos acrobáticos, unidos aos rituais religiosos, música e danças também deram origem ao circo. Em Roma, foi erguido o primeiro circo que, destruído por um incêndio, deu lugar posteriormente ao conhecido Coliseu. Era neste monumento histórico que os romanos apresentavam números extravagantes e exibiam animais ferozes para divertir o público. E, a partir daí, começaram a surgir grupos viajantes, que percorriam a Europa com seus números e apresentações, aproximando da identidade circense referente aos dias atuais.

Em 1742, nascia um inglês, sargento da cavalaria real, chamado Philip Astley. E, após sair de suas funções, criou o primeiro manejo para cavalos que, em forma circular, dava melhores condições de equilíbrio aos cavaleiros. As apresentações de cavalo foram abrindo espaço para vinda de outros artistas. A escola de equitação tornou-se anfiteatro e, logo, deu forma ao circo, que apresentava atrações que divertiam e surpreendiam o público. Este foi o primeiro circo europeu moderno.  

No Brasil

Com a vinda dos colonizadores, muitos europeus, dentre eles artistas e atores, trouxeram as práticas circenses ainda muito improvisadas. Os registros de famílias circenses estrangeiras no País são do início do século 19. No entanto alguns historiadores afirmam que já havia saltimbancos no Brasil desde o século 17, e os circos de pau a  pique acompanharam a história do povo brasileiro. Em 1828, o circo de Manoel Antônio da Silva foi o primeiro a aparecer.  E o grande Circo Bragassi chegou ao Brasil em 1830.  

A origem muito espontânea do circo no Brasil, com pequenas lonas, improvisadas, procuravam uma facilidade de transporte da estrutura e formação versátil que permitisse a mobilidade destes pequenos circos para que pudessem percorrer inúmeras cidades, pequenas e interioranas, alcançando um público diferente dos circos das grandes companhias que chegavam do estrangeiro. Os picadeiros desmontáveis davam espaço para os artistas e os cativantes palhaços, que sempre foram a alma do circo. 

A identidade improvisada, saltimbanco, sempre fez parte da história do circo, e ainda é o que mantém a história viva dos antigos artistas que escolheram a estrada e a arte como viver. Para quem ainda não foi a um circo, ainda é tempo de entrar no picadeiro e sentir a sensação e a magia do espetáculo, que é universal, e ao mesmo tempo única. A experiência dos palhaços interagindo com o público oferece ao espectador uma volta à infância, independente da idade. A plateia batendo os pés na arquibancada ajuda a compor a energia do ambiente.

Felizmente, o uso de animais silvestres em apresentações circenses já está proibido há um tempo. No entanto animais ferozes, domados, fazem parte da história universal do circo. Beto Carreiro é uma grande referência brasileira, e hoje seus herdeiros administram o parque que oferece atrações circenses muito bem conceituadas. As escolas de circo estão espalhadas em todo País, e, hoje, professores da área da educação física, dança e música ajudam a construir o corpo docente. Algumas escolas atuam como profissionalizantes; outras, como prática artística.  

Circo Laheto 

O Circo Laheto completa, neste domingo (26), seus 24 anos de existência – coincidência ou não, a data está unida à comemoração do Dia do Circo. A ideia partiu de uma história de amor, entre Seluta Rodrigues e Vlademir Souza, conhecido como Maneco Maracá. A escola comunitária de circo recebe jovens e crianças que encontram, ali, um espaço de diversão, aprendizado e amizade. 

Em 1993, o grupo de teatro pau a pique, do qual Seluta participava, realizou em Goiânia um festival de teatro comunitário, e, do Mato Grosso, veio o jovem Maneco para participar. Seluta e Maneco se conheceram e, logo, começaram a namorar. O rapaz voltou à sua cidade e levou a atriz. Um ano depois, os planos do casal mudaram, eles vieram morar na Capital. Neste mesmo ano, já colocaram em prática a idealização de um grupo de teatro, chamado Laheto. Outros dois rapazes ajudaram a fundar o projeto: o goiano e radialista Ery Pereira e o mato-grossense André Urapuã.

Mas, como em Goiânia a prática circense ainda era pouco explorada e tinha uma linguagem ainda muito nova, tiveram de contar com o apoio de outro projeto. Em 1996, o grupo fez parceria com a Universidade Pontifícia de Goiás (PUC-Go) em um projeto de extensão do Instituto Dom Fernando que, posteriormente, tornou-se uma escola de circo. 

Com a mudança de gestão, o perfil do projeto distanciou das ideias do Laheto, e então o circo fixou-se na parte de baixo do Parque da Criança, atrás do Serra Dourada. A escola comunitária começou seu trabalho independente, ganhando o espaço a partir de um convite da coordenação do parque. As primeiras lonas vieram de uma parceria com a Universidade Federal de Goiás (UGF), que ofereceu em troca de participações, apresentações e ajuda na montagem de palcos. 

Entre 2004 e 2005, foi construída a estrutura do Circo que se mantém até hoje. Fizeram inscrição em uma ONG espanhola e, por meio da arrecadação de recursos, conseguiram comprar duas lonas dignas de um projeto educativo e comunitário. O casal teve dois filhos. A mais velha, de 15 anos, se chama Dalila, e tornou-se uma importante integrante do grupo; mesmo tão nova, já é uma grande artista circense. ‘Brinquedista’, a menina sabe todos os números de cor, e, caso falte algum artista, ela está pronta para ajudar. O pequeno Andirê, de 6 anos, também já começou ensaiar os passos na perna de pau.  

Domingo no Circo 

No domingo (26), o Circo Laheto faz o evento Domingo no Circo, com oficinas para as crianças, feirinha e apresentação do espetáculo Circo, Magia e Estripulia, a partir das 15h. A criançada vai ter um domingo diferente com oficinas de acrobacia, malabares e tecido acrobático.  A partir das 17h, o público vai se divertir com Circo, Magia e Estripulia, um espetáculo de variedades circenses, com números como acrobacias, esquetes de palhaços, malabarismo e música ao vivo. E o melhor: a plateia participa de tudo com os brinquedos cantados. O evento conta com praça de alimentação, feira de troca e bazar.

O diretor Maneco Maracá conta que o Domingo no Circo é um “complemento das atividades que ocorrem durante a semana”, já que as crianças que participam das aulas sentem o “desejo de apresentação e de espaço coletivo”, acrescenta ele. O evento é uma alternativa de lazer, que Maneco acredita ser a “vivência de momentos culturais, circenses e goiano”. O diretor explica que, nestes domingos, são ofertadas oficinas circenses que dão oportunidade do público participar. “São momentos de muita interação entre pais e filhos”. 

O evento surgiu em 2014 e, até o ano passado, foram feitas 20 edições. No último dia 12 de março, ocorreu a primeira edição de 2017, e, segundo Manacá, foi “sucesso de público”. “Essa é uma oportunidade para que crianças e adultos entrem em contato com o mundo circense e possam ser um pouco artistas em nossas oficinas, além de se divertirem muito com o espetáculo, feito pelo grupo profissional, que é composto por artistas vindos do projeto social do Circo Laheto” finaliza Maracá.


SERVIÇO:

‘Domingo no Circo’

Quando: 26 de março (domingo)

Onde: Circo Laheto (Parque da Criança, ao lado do Estádio Serra Dourada)

Horário: 15 h

Entrada: R$ 10 

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