Samuel Rosa & Lô Borges cantam no Flamboyant In Concert nesta terça

‘Os dois lados deram as mãos’, e os mineiros chegam ao ‘Flamboyant In Concert’ com o show ‘Clube da Esquina’

Postado em: 27-06-2017 às 14h00
Por: Sheyla Sousa
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‘Os dois lados deram as mãos’, e os mineiros chegam ao ‘Flamboyant In Concert’ com o show ‘Clube da Esquina’

Bruna Policena

No palco do projeto do Flamboyant In Concert, o vocalista do Skank, Samuel Rosa, e o cantor e compositor Lô Borges apresentam o show Clube da Esquina nesta terça-feira (27). As duas gerações deram as mãos, e de um encontro casual entre os dois surgiu uma parceria brilhante, capaz de entrelaçar as canções mais tropicais do Skank e os tons mais sóbrios das canções de Lô Borges. A turnê de lançamento do trabalho dos dois relembra os clássicos de um movimento musical dos anos 60 e que tinha à frente o próprio Lô, Milton Nascimento, Beto Guedes Flávio Venturini, dentre outros, juntamente com os maiores sucessos da banda mineira. 

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Samuel, ainda adolescente, colecionava os discos de Lô, e, como um grande fã, herdou do pai o gosto pelas músicas e  pelos músicos do Clube da Esquina. Do outro lado, Lô, já consagrado, conheceu o trabalho de Samuel, e suas composições, e decidiu gravar uma de suas canções. O fã teve seu trabalho apreciado pelo ídolo, e disso saiu uma bela amizade e parceria nos palcos. Este primeiro disco e DVD, gravados ao vivo, relembram os clássicos consagrados pelo público e músicas inéditas da parceria – como Dois Rios. Sem muita pressa, esperam estender essa parceria para um futuro trabalho com canções inéditas dos dois. 

O show

O repertório é baseado nos clássicos dos dois artistas, construídos em parceria com verdadeiros arquitetos das palavras, como os também mineiros Márcio Borges, Chico Amaral e Fernando Brant, até outros com cidadania musical que passaram as fronteiras de Minas Gerais, como Ronaldo Bastos, Nando Reis e Fausto Fawcett. Com estes nomes envolvidos, já dá para imaginar qual será o repertório: de clássicos como Paisagem na Janela, O Trem Azul, Para Lennon e McCartney e Um Girassol da Cor do Seu Cabelo, até a primeira parceria entre Lô e Samuel (Dois Rios), passando por pérolas do repertório do Skank, como Te Ver, Resposta, Três Lados e Vou Deixar.  

A banda que acompanha Lô e Samuel nesta empreitada é formada por alguns dos amigos de fé e irmãos camaradas dos dois, que os acompanham hoje e sempre: Alexandre Mourão no contrabaixo e vocais, Telo Borges nos teclados e vocais, Doca Rolim nas guitarras, violões e vocais, Robinson Matos na bateria– além de Lô e Samuel se revezando em mais violões, guitarras, vocais e no clima geral.

Clube da Esquina

O Clube da Esquina foi um movimento musical brasileiro da década de 1960 em Belo Horizonte (MG), onde jovens músicos começaram a se reunir. Seu som se fundia com as inovações trazidas pela Bossa Nova a elementos do jazz, do rock, da música folclórica dos negros mineiros – com alguns recursos de música erudita – e música hispânica. Nos anos 70, esses artistas tornaram-se referência de qualidade na MPB e disseminaram suas originalidades e influências. 

O movimento surgiu de uma grande amizade entre Milton Nascimento e os irmãos Borges (Marilton, Márcio e Lô), no bairro de Santa Tereza, em 1963, logo depois que Milton chegou à capital mineira para estudar e trabalhar. Milton veio de Três Pontas, cidade onde morava a família e onde tocava na banda W’s Boys com o pianista Wagner Tiso. Fãs dos Beatles e The Platters, novos integrantes vieram juntar-se: Flávio Venturini, Vermelho, Tavinho Moura, Toninho Horta, Beto Guedes e os letristas Fernando Brant e Ronaldo Bastos.  

Márcio foi quem deu o nome ao grupo. Ao ouvir a mãe perguntar dos irmãos, ouvia a mesma resposta: “Estão lá na esquina, cantando e tocando violão”. Lô Borges conta, em um de seus DVDs, que o nome Clube da Esquina se deu por acaso, quando um amigo passava de carro pela esquina, onde ele e os amigos se reuniam, e resolveu convidá-los para seguir com ele para um clube onde a rapaziada mais abastada costumava se divertir. 

Sem grana para frequentar clubes, um deles já logo respondeu: “Nosso clube é aqui, na esquina!”. Mais tarde Milton, Lô e Ronaldo Bastos se reencontram em Niterói (RJ), tornando o movimento ponte cultural entre Minas e Rio. Em 1972, a EMI gravou o primeiro LP, Clube da Esquina, com um grupo de jovens que chamou a atenção pelas composições engajadas e a miscelânea de sons. 

In Concert

O show de hoje promete ser um momento inesquecível para os fãs. O show de Samuel Rosa e Lô Borges encerra a programação anunciada para este primeiro semestre. O Flamboyant In Concert retorna, em agosto, com Leo Jaime e Trio juntamente com Erasmo Carlos, no dia 29. Em setembro, Almir Sater e Renato Teixeira sobem ao palco, seguidos de Ney Matogrosso, que fará um show de sucessos, em outubro.

SERVIÇO:

Flamboyant In Concert’ com Samuel Rosa & Lô Borges – show ‘Clube da Esquina’

Quando: 27 de junho

Onde: Deck parking sul – piso 1 (Flamboyant Shopping Center)

Horário: 19h30

Classificação indicativa: livre

Ingressos esgotados

Mesmo sendo de gerações diferentes do pop mineiro, como você e o Lô Borges conseguiram tanto entendimento musical? 

Eu acho que o entendimento musical não depende de uma cronologia, não precisam ser contemporâneos, não é? Ele se dá por questões. Muitas vezes, eu compartilho de ideias de gerações diferentes da minha, muito mais do que com a minha geração. Isso é normal. São questões que eu levaria até mesmo para o lado pessoal, talvez do perfil, da personalidade. Eu me identifico muito com o Lô, e acho que esse encontro poderia ter acontecido – mesmo que a gente não tivesse nascido na mesma cidade. É um encontro que transcende o fato de sermos conterrâneos. Compartilhamos do mesmo gosto musical, e temos interseções estéticas muito grandes. A música do Lô me influenciou muito, e ela vem de referencias que eu gosto como os Beatles, a música psicodélica, o folk, ligados as coisas mineiras. Essa síntese que é a música do Lô me interessa muito. Eu já era um fã dele porque meu pai escutava, e sempre escutou muito Clube da Esquina. Ele escutava Lô Borges. Na minha adolescência, eu comecei a me interessar mais especificamente pelo Lô e muito pelo Beto, também. Para mim, foi uma grande surpresa saber que ele gravaria uma música minha. Imagina um ídolo gravar uma música sua? Foi muito impactante! Então, a partir daí, eu acreditei que isso era uma forma de ‘aceno’: “Olha, o cara sabe quem eu sou, conhece meu trabalho, vai gravar uma música minha, eu tenho todos os discos dele em casa, já fui a vários shows”. Aí nos encontramos numa festa de aniversário de um amigo em comum, e então começou a amizade, e da amizade, virou show. 

Qual a experiência de transitar entre as músicas ensolaradas do Skank e as canções do Clube da Esquina? 

Então, é legal! Acho que elas se completam, são vertentes diferentes da música. Quem vê esse show, vê um show com multiplicidades de direções, porque as canções do Skank são mais voltadas para as batidas, mais tropicais, e, em contrapartida, os tons mais sóbrios das canções do Lô, certa melancolia, um lirismo. Apesar de também considerar que a minha forma de compor se alterou depois que eu comecei a trabalhar com o Lô, e foi uma escola para mim, eu aprendi muito com ele. Então, a partir desse encontro, a minha forma de compor alterou um pouquinho, e se aproximou mais da vertente do Clube da Esquina e do Lô Borges. Mas é curioso porque quem escuta e vê o show consegue ver um fio condutor nesta história toda, mesmo que sejam canções compostas por pessoas diferentes, em épocas diferentes, regidos por estéticas diferentes. O público consegue ver uma unidade, e é o que a gente tentou fazer nesse show, no CD e DVD ao vivo. 

Como você concilia o tempo para se dedicar ao Skank e a turnê com o Lô Borges? 

Eu digo para você que não é nada fácil, mas é muito prazeroso. E eu acrescentaria, ainda, a turnê com o Jorge Benjor. Mas eu tenho conseguido administrar bem isso ao ponto de não chegar ao stress de trabalho, de forma mais parcimoniosa e tranquila; tem sido legal. E, ao mesmo tempo, eu acho que é um exercício bom você ter que eventualmente ‘virar a chave’, saber que “agora eu vou tocar o repertório do Lô, agora vou tocar o repertório do Skank, agora vou tocar o repertório do Jorge Benjor”. Por quando eu não estou com o Skank, eu estou tocando duas escolas que me interessam muito e que me influenciaram muito, tanto do Lô quanto do Jorge Benjor. São professores, mestres. Então é como se fosse um estudo, e todo profissional precisa se reciclar, estudar, e de tempos em tempos experimentar outros terrenos. E é o que eu tenho conseguido fazer, tocando com dois caras, que eu diria que são talvez a minha maior influência. Eu sou muito grato a tudo por ter conseguido neste momento da minha carreira, compartilhar o palco com dois mestres, que influenciaram demais a música do Skank, em momentos distintos, mas com a mesma intensidade. 

Quais os próximos projetos para a parceria e para a banda? 

Eu não saberia te adiantar. Acho que o mais óbvio, agora, é que o Skank, mais para frente, faça novo disco de inéditas.  Com o Lô, a gente não tem pressa, é um trabalho que anda de acordo com a conveniência das agendas, tanto dele quanto minha, e a gente vai fazendo na hora que dá para fazer. Na hora em que ele está tranquilo e eu também, fazemos nossas coisas. Acho que seria interessante com o Lô, mais para frente, um disco de inéditas, também, uma vez que este foi um disco de músicas conhecidas e consagradas. Temos, lá, duas canções inéditas, mas é um disco ao vivo. Eu não saberia te dizer para quando, mas o mais provável que aconteça. no futuro. é que eu e o Lô lancemos um disco de inéditas. 

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