Zeca Baleiro faz espetáculo de som e cores em Goiânia

Artista se apresentou na última terça-feira (5) no Projeto Música no Câmpus

Postado em: 09-09-2017 às 08h30
Por: Victor Pimenta
Imagem Ilustrando a Notícia: Zeca Baleiro faz espetáculo de som e cores em Goiânia
Artista se apresentou na última terça-feira (5) no Projeto Música no Câmpus

Victor Lisita*

Não é apenas com música que um show é construído. O público quer
uma experiência diferente, algo que se mantenha intacto na memória como um
momento novo em suas vidas. Para isso, vale usar todas as técnicas disponíveis
para atiçar não somente a audição, mas o tato, o paladar, o olfato, a visão e o
coração. Em sua última apresentação em Goiânia, no dia 5, Zeca Baleiro acertou em cheio.

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O cantor, compositor e cronista chegou ao encontro da coletiva de
imprensa com uma simplicidade que só vendo para crer. De boné, camisa e sandália,
sua simpatia encheu a sala e mostrou que aquele momento estava longe de uma
formalidade que o “figurino” manda. Nascido em 1966, Zeca percorreu um grande
caminho para se tornar o “monstro” que é hoje. Sua memória mais antiga da
música está relacionada às cantigas de roda em sua cidade, Arari, no interior
do Maranhão. “Lá tinha uma cultura muito grande dessas cantigas. Junto com meus
primos e irmãos, recolhemos mais de 100 dessas canções e um dia quero produzir
algo com esse material, só não sei se o mundo atual teria interesse”.

A segunda memória mais antiga de Zeca com a música tem a ver com o
rádio AM, que possuía uma presença muito forte e “onipresente”, em que ele
podia ouvir Luiz Gonzaga, Gilberto Gil, Raul Seixas, Martinho da Vila e outros
importantes nomes da música brasileira. “A terceira memória é de meus irmãos
tocando os sucessos da época nos saraus feitos na porta de nossa casa”. Para
ele, todo o seu passado o influencia tanto hoje quanto em seus primeiros
trabalhos nos anos 1980.

Juntamente com sua irmã, começou a compor canções e criar
versões de músicas inglesas e americanas aos 14 anos. Mais tarde, Zeca Baleiro iniciou
alguns trabalhos com teatro e depois se encorajou para mostrar suas próprias
composições, participando de festivais e apresentações na faculdade.

Vida

O cantor conta que é um dilema conciliar sua vida pessoal com a
artística. Ele fala que a “persona pública” de alguém nem sempre corresponde a
real personalidade dela, o que não é bem o seu caso. “Posso dizer que as minhas
são bem parecidas. Ninguém é completamente desnudo, quando saímos para tomar um
café, vestimos uma máscara naturalmente”. Zeca fala que todo mundo possui o
artifício da máscara, sobretudo o artista, por ser uma pessoa exposta a maior
parte do tempo.

Por levar uma rotina simples, sua vida pessoal acaba sendo bem discreta.
Ainda assim, continua sendo difícil ajustar as duas. “O impasse se impõe com o
tempo, só que é a minha vida, sabe? Acredito que toda profissão tenha suas
delícias e suas dores”.

Câmpus

Pela segunda vez, o Projeto Música no Câmpus trouxe o cantor
para se apresentar na Universidade Federal de Goiás. Com a promessa de trazer
consigo diversos hits de sua discografia, o público se deparou não apenas com
tais canções, mas também com arranjos contagiantes de músicas já consagradas e releituras de obras de outros artistas.

Esbanjando bom humor e alegria, Zeca deu início a noite com “Heavy
Metal do Senhor”, primeira canção de seu primeiro disco, “Por Onde Andará
Stephen Fry?”, de 1997. A apresentação ocorreu com um jogo de luzes
hipnotizantes, que projetavam na plateia os sentimentos de cada verso e guiavam
a dança de cada um na multidão. O certo é que se havia alguém sentado, provavelmente
não permaneceu por muito tempo. A onda de nostalgia pegava cada um pela mão e
estimulava uma dança em meio a várias outras.

Saltando 19 anos, foi a vez de “Era Domingo”, faixa que pertence
ao sexto álbum solo do cantor. Em seguida, “Alma Nova” e “Meu Amor, Minha Flor,
Minha Menina”, ambas de 2005. Também tocou sua versão de “Proibida Pra Mim”, do
Charlie Brown Jr., “Ai Que Saudade D’Ocê”, de Geraldo Azevedo, e “Alma Não Tem
Cor”, do multi-instrumentalista André Abujamra. 

Para a estudante de Jornalismo, Bárbara Luiza, um fato especial sobre Zeca que ficou em sua mente durante o show foi sua simplicidade. “Entre todas as luzes coloridas, instrumentos e caixas de som, em frente ao microfone estava um homem como qualquer outro”. Ela ainda diz que “as roupas que ele estava usando poderiam ser de qualquer trabalhador em um dia rotineiro”.

A setlist da noite passou por “Vô Imbolá” e “Líricas”, segundo e
terceiro álbum de Zeca Baleiro, lançados em 1999 e 2000, respectivamente. O
cantor ainda apresentou a agraciada “Telegrama”, do disco “Pet Shop do Mundo
Cão” (2002), como também faixas de “Baladas do Asfalto e Outros Blues” (2005) e
“O Coração do Homem Bomba – Vol. 1” (2008). 

*Victor Lisita é integrante do programa de estágio do jornal O Hoje, sob a supervisão de Naiara Gonçalves.

(Fotos: Divulgação/Carlos Siqueira)

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