‘Nosotros – A Arte e o Corpo Humana’

Mostra, em Goiânia, mergulha no estilo de cada artista e em sua interpretação do que é ser humano

Postado em: 10-10-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Mostra, em Goiânia, mergulha no estilo de cada artista e em sua interpretação do que é ser humano

Bruna Policena

A mostra coletiva Nosotros – A Arte e o Corpo Humano será aberta na noite de hoje, a partir das 19h, na Potrich Galeria de Arte, na Capital. Com curadoria de Ludmila e Tatiana Potrich, a expoisção visa a resgatar a primazia do traço do artista quanto à figura humana. “Desde as primeiras aulas de artes no ensino infantil, é o corpo humano que nos instiga a investigar as proporções, o movimento e suas diversas posições”, dizem as curadoras. Sendo assim, as obras convidam os visitantes à imersão ao tema da figura humana.

A exposição estará aberta ao público, a partir de quarta-feira (11), e se estenderá até o próximo dia 11 de novembro. No vernissage, na noite de hoje, haverá apresentação do performista Adriano Braga, que trabalhará o corpo na dança, na performance, interagindo com a temática. As fotografias também estarão presentes na mostra. 

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A proposta da exposição é mergulhar em variados estilos e técnicas de artistas regionais e nacionais em uma nova perspectiva visual, conforme explicam as curadoras: “Unir o contemporâneo ao naïf, o acadêmico ao pop, a fotografia à pintura, o bordado ao high tech, o moderno à instalação, a performance ao clássico”.

Tatiana diz que a coincidência do tema – que está em forte debate após a censura de uma exposição do corpo nu em um museu da cidade de Porto Alegre – realmente foi uma coincidência: “Talvez pela necessidade de discutirmos o ser humano, o corpo e a arte”. Mas Tatiana enfatiza que esta exposição em Goiânia não é uma extensão, e não pretende discutir o acontecido, já que estava totalmente organizada quando ‘estourou’ o assunto. São seleções de 24 artistas goianos e de outras partes do País que têm obras com a temática humana, o corpo e a arte. Segundo ela, Nosostros partiu de uma ideia em conjunto, depois de uma viagem sua a Brasília, em que visitou uma exposição de mesma temática que reunia obras de diferentes épocas, estilos e técnicas: tratavam do corpo, de nome Entre Nós – A Figura Humana no Acervo do Masp. 

As curadoras mencionam que o Homem Vitruviano de Leonardo Da Vinci foi um marco do desenho anatômico, pois seus estudos ultrapassaram o papel e o lápis quando o bisturi também passou a fazer parte de suas técnicas de pesquisa. Observando o corpo e seu interior, Da Vinci traçou interpretações lógicas quanto ao movimento, expressões e posições, alcançando um profundo conhecimento anatômico, que superava sua arte. Tatiana e Ludmila também lembram que o estudo do corpo humano abrangeu a psicologia em testes, como o do desenho de Goodenough, utilizado para avaliar crianças e adolescentes com uma variedade de propósitos psicométricos. Por fim, as curadoras lembram que, na filosofia iogue, praticada há milênios, o corpo humano possui os sete chakras, que distribuem energia e nutrem os sistemas e órgãos.

Obras de artistas como os contemporâneos e conterrâneos Antônio Poteiro (morto em 2010), Siron Franco e Ana Maria Pacheco fazem parte da mostra. Sobre Helena Vasconcelos, mineira radicada em Goiânia, Tatiana não mede elogios: “Helena é uma artista conclamada como uma das maiores folcloristas do Brasil, inclusive fez uma obra exclusiva para a mostra, e em nossas conversas de quase um ano, ela se interessou muitíssimo pela capoeira, que é uma paixão minha também, e trocamos ideias sobre isso: entramos muito em fatos históricos brasileiros, revendo a história da capoeira, e, no sentido de dar ênfase e enobrecer a cultura folclórica, ela quis focar na capoeira”. Tatiana completa que foi muito interessante a artista sair da sua zona de conforto, que é o folclore, para ir ao ramo da capoeira, que está sempre em construção e tem certa contemporaneidade. 


Artistas 

Alejandro Zenha é arquiteto, artista e fotógrafo goiano. Atualmente, trabalha a fotografia do corpo humano e sua relação com a arquitetura e os espaços. J. Vasconcellos é mineiro, radicado há 40 anos na Dinamarca, e desenvolveu a técnica com espátula e resina vegetal em que cria e recria retratos, corpos, lendas e mitos. Pitágoras é veterano das artes e das desconstruções pictóricas de loucos mundos e seres. 

Siron Franco e Ana Maria Pacheco levam à exposição figuras humanas para indagações. Antônio Poteiro, artista português radicado em Goiânia, trabalhou arduamente a cultura popular, a religiosidade cristã e os seres humanos. Helena Vasconcelos foi conclamada ao título de Maior Folclorista do Estado. Guilherme de Faria é paulista, e o desenho do corpo nu sempre foi uma constante em suas obras.  Adrianne Gallinari é mineira, vive e trabalha em Buenos Aires, e se destacou na década de 1990, quando se deslocou para um desenho com poucas áreas de cor, composto por silhuetas humanas, formas geométricas e palavras, realizado sobre diferentes suportes. 

Fábio Melo é pernambucano, reside em Goiânia, mas já transitou pelo mundo afora; com bagagem cultural, ele leva para mostra objetos enigmáticos. Dayse Pontes também é pernambucana, mora em Recife, e tem um trabalho baseado na figura humana, suas distorções e surrealismos. Rogério Mesquita é goiano, artista e fotógrafo; tem um trabalho profissional firmado na moda, mas a fotografia artística é sua grande paixão – atualmente vive e trabalha em NY. Leonam Fleury é goiano, foi diretor do MAC, durante anos, e tem sua pesquisa pictórica no figurativo. 

Sandro Gomide é goiano e, apesar de ter um trabalho abstrato característico, foi o figurativo que o premiou em vários salões nacionais. Roos é goiano e reconhecido pela sua série dos palhaços e por ser um exímio desenhista. O goiano Max Miranda tem formação em Jornalismo, mas sua linguagem poética está mesmo nos seus instigantes desenhos. Suzana de Abreu é goiana e sempre trabalhou a cultura popular; atualmente, em bordados. Fernando Ekman é paulista: trabalha o figurativo em técnicas, como a aquarela, numa escala surpreendente. Rafael Castanheira é jornalista e fotógrafo, e tem um olhar sensível aos mistérios da natureza, do ser humano e da morte. 

Simone Simões é de Londrina, vive e reside em Goiânia, e tem a delicadeza e o feminino como marcas registradas. Alex Flemming é carioca, e satiriza a sociedade criando um universo paralelo de cores e bizarrices. O jovem performático goianoAdriano Braga usa o seu corpo para dar sentido à sua obra. Gustavo Rizério é goiano, vive e trabalha em NY, e se concentra em experimentações pictóricas, se inspirando em grandes nomes da história da arte, como seu xará Gustav Klimt. Por fim, a imagem do convite, por Vinícius de Castro, talentoso fotógrafo goiano que, infelizmente, teve uma morte precoce. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov

SERVIÇO

Exposição ‘Nosotros – A Arte e o Corpo Humana’

Curadoria: Ludmila & Tatiana Potrich

Onde: Potrich Galeria de Arte (Rua 52, nº 689 Jardim Goiás – Goiânia) 

Abertura: terça-feira (10) das 19h às 23h

Exposição: de 11 de outubro a 11 de novembro 

Horários: de terça a sexta das 10h às 17h;  sábados das 10h às 14h ou com hora marcada


Artistas Expositores 

Adriano Braga (GO)

Adrianni Gallinare (MG) 

Alejandro Zenha (GO)

Alex Fleming (RJ)

Ana Maria Pacheco (GO)

Antônio Poteiro (GO)

Dayse Pontes (PE)

Fábio Melo (PE)

Fernando Ekman (SP)

Gustavo Rizério (GO)

Guilherme de Faria (SP)

Helena Vasconcelos (MG)

J.Vasconcellos (MG)

Leonam Fleury (GO)

Max Miranda (GO)

Pitágoras (GO)

Rafael Castanheira (GO)

Rogério Mesquita (GO)

Roos (GO)

Sandro Gomide (GO)

Siron Franco (GO)

Simone Simões (PR)

Suzana de Abreu (GO)

Vinicius de Castro (GO)

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