Escolas de robótica: caminho para inserção no mercado de trabalho

Ensino da ciência da computação para crianças auxilia no direcionamento profissional

Postado em: 14-10-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Escolas de robótica:  caminho para inserção no mercado de trabalho
Ensino da ciência da computação para crianças auxilia no direcionamento profissional

GABRIELLA STARNECK* 

Continua após a publicidade

Atecnologia cada vez está mais presente no cotidiano da população mundial, e o avanço dessa ferramenta altera a maneira como as pessoas se comunicam, produzem e aprendem. Consequentemente, o domínio em relação à ciência da computação vem sendo exigido no âmbito profissional, e, como a tecnologia evoluiu rapidamente em poucos anos, é perceptível a carência de profissionais que dominam essa área. Em vista disso, nota-se o surgimento exacerbado de escolas que ensinam programação e robótica para o público infantil, que ocupará futuramente o mercado de trabalho.

A empresária Vanessa Oliveira, que abriu uma franquia da Ctrl +Play – escola de robótica e programação voltada para crianças e adolescentes em Goiânia – alerta que daqui a dez anos quem não souber dominar programação não estará no mercado de trabalho. “Na realidade, a inserção da criança em programações da robótica fará com que essa criança, que está investindo nesse tipo de educação, saia na frente em relação ao mercado de trabalho. A gente está tendo uma automação em todos os níveis e em todas as profissões de uma forma acelerada. Assim como anteriormente tínhamos a leitura e a escrita como importantes, hoje também temos a programação, que dita as regras das profissões futuras”, ressalta Vanessa.

O engenheiro eletricista e coordenador de tecnologia da Escola Nuvem, Rauhe Abdulhamid, ressalta que a transição para a Quarta Revolução Industrial ocorreu de forma muito rápida, em um intervalo de 30 a 40 anos. Rauhe ainda afirma que, com esse avanço, já foi inserido na vida das pessoas o que denominam ‘internet das coisas’ – quando todos os objetos que o ser humano usa, não só pessoais, estão conectados à internet.  O engenheiro destaca também que no ambiente profissional a presença da tecnologia já é notória. “Os profissionais que se formarão agora precisam estar preparados para lidar com essas tecnologias, não só no sentido social – de ter um celular, um dispositivo que se conecta na internet em casa –, mas também no seu ambiente de trabalho”, afirma Rauhe. 

Escolas de robótica

Vanessa destaca que, nos últimos anos, houve um aumento no número de escolas de robótica pela necessidade e pela velocidade da automação. De acordo com uma pesquisa da McKinsey, entidade de consultoria empresarial americana, cerca de metade das atividades hoje realizadas por humanos serão automatizadas até 2055. Contudo o mesmo estudo aponta que apenas menos de 55 das atividades humanas podem ser totalmente automatizadas, isso porque cerca de 60% de todas as ocupações têm ao menos 30% de atividades que podem ser feitas por máquinas.  Esses dados apontam que mais profissões serão modificadas do que extintas, e, então, o profissional terá de se adequar à nova realidade profissional.

Em vista disso, escolas de robóticas surgem com o intuito de preparar crianças e adolescentes para inserção no mercado de trabalho, contudo o engenheiro Rauhe destaca um dos desafios que essas intituições enfrentam: a carência de profissionais capacitados para atender esse público, porque o ensino da tecnologia não pode ser feito por qualquer um. “É necessário que os profissionais que ensinam essas plataformas e teorias sejam voltados para área da tecnologia, que tenham um embasado prático e teórico para poder transmitir esse conhecimento para as crianças”, afirma o engenheiro.

Ensino

As escolas de robótica utilizam entretenimento para despertar o interesse do público infantil, já que quando elas aprendem a programar jogos, consequentemente aprendem a programar qualquer sistema para o mercado de trabalho. O engenheiro Rauhe afirma que, quando se fala em ambiente de ensino de programação, também se fala em ambiente interativo entre crianças e adolescentes, e a empresária Vanessa compartilha dessa mesma visão. “A gente acredita que os jogos são uma desculpa, porque as crianças gostam de jogar, e acreditamos que elas têm que se divertir enquanto estão aprendendo”, afirma Vanessa. 

A empresária tem uma visão de ensino na qual as pessoas têm de se sentir motivada para aprenderem de forma efetiva, e afirma que essa ideia vem sendo adotada pelas escolas, já que elas atingem a criança de forma divertida e lúdica, para aquilo que elas estão interessadas em aprender. Vanessa destaca que os primeiros módulos sempre são de programação – para depois introduzir a robótica. “A robótica só entra no modulo 3, porque a gente acredita que a criança tem de aprender, primeiramente, o que o robô vai fazer para, depois, programar o robô, afirma a empresária. As escolas oferecem, além do ensino de programação, inglês técnico voltado para essa área. 

Pais antenados

Rauhe ressalta que a procura por escolas de robótica vem do interesse dos pais em prepararem seus filhos para um futuro melhor. “Os pais querem dar condições para seus filhos ingressarem no mercado de trabalho com mais experiência, mais habilidades desenvolvidas e mais contato com a tecnologia”, afirma o empresário. 

Lorena Rocha é uma mãe que está atenta às mudanças da sociedade e, por isso, resolveu colocar seu filho, Mateus Fernandes Rocha Wilk, de apenas 7 anos, em uma instituição de ensino voltada para programação. “O uso de aparelhos eletrônicos já faz parte da vida do meu filho. Com a escola de robótica, acredito desenvolver ele para o lado positivo de apreender a usar essa ferramenta. A tecnologia está em alta para tudo; quanto mais cedo ele aprender a usar, mais destaque terá no mercado!”, afirma Lorena. 

Contudo, ao contrário da mãe do Matheus, alguns pais oferecem certa resistência em colocar os seus filhos em escolas de robóticas, por não quererem que eles sejam cientistas da computação, engenheiros ou que trabalhem nessa área, mas sejam advogados ou médicos. No entanto Rauhe destaca: “Não adianta um pai e uma mãe falar ‘eu quero que meu filho seja médico, ele só vai estudar medicina’. Se ele não estiver preparado para receber essa tecnologia e a vantagem que ela traz, esse profissional vai estar defasado no mercado”, afirma o empresário.

Benefícios

Segundo Rauhe, nas escolas de robótica as crianças aprendem a entender a importância de se trabalhar em equipe na resolução de problemas, dando margem ao empreendedorismo.  Outra habilidade citada pelo empresário é o desenvolvimento do inglês, visto que a programação tem muitos termos nesse idioma.  Vanessa também ressalta alguns benefícios que a criança desenvolve com a programação, como o raciocínio lógico e a capacidade criativa. “Esse tipo de ensinamento ajuda no melhor desempenho das crianças na própria escola, porque elas vão ter mais sede e prazer em aprender”, afirma a empresária.

As crianças dessa nova geração já nascem inseridas no universo digital e, por isso, possuem grande facilidade em lidar com a tecnologia por causa do contato quase que imediato com tablets e smartphones. Por esse motivo, é fundamental que elas aprendam não apenas o uso prático dessas ferramentas, mas o uso técnico e teórico, pois a programação é a linguagem da máquina, uma linguagem entre seres humanos e computadores, ou entre computadores e computadores, assim como Rauhe destaca. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação

da editora Flávia Popov 

Veja Também