Mostra ‘Rosa Berardo’ movimenta Goiânia nesta terça

Três curtas-metragens falam sobre a ditadura e abordam aspectos importantes para a sociedade

Postado em: 28-11-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Três curtas-metragens falam sobre a ditadura e abordam aspectos importantes para a sociedade

Bruna Policena*

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A mostra Rosa Berardo: Acaso, Ditadura e Memórias, que ocorre nesta terça-feira (28) às 19h no Cine Lumière Bougainville, apresenta dois curtas-metragens inéditos: Alarme Falso e Marcas da Ditadura na Vida de um Ator, dirigidos por Rosa Berardo, uma das mais consagradas cineastas brasileiras. A mostra exibirá também uma versão restaurada do filme André Louco, adaptação da obra de Bernardo Élis, premiado na Suíça e que marcou a retomada do cinema goiano no início dos anos 90.

“Reunimos filmes que falam de aspectos muito importantes para uma sociedade e que marcam o destino de um povo ou uma pessoa”, conta a cineasta, que completa: “Esses aspectos, às vezes, passam pela ordem social e política vigente na sociedade; outras vezes, por segundos ou minutos que tomamos para refletir e mudar nossas escolhas ou opiniões sobre nosso destino”. 

Rosa estava em plena juventude, entre seus 18 e 22 anos, quando foi instalado o governo militar. Na época, cursava Jornalismo na Universidade Federal de Goiás (UFG), e vivenciou a repressão, a censura que controlava qualquer movimentação, leitura e conteúdo que era ministrado. E ela, que entendia esse estado de repressão, sabe a necessidade de retomar o tema entre jovens que não viveram neste período militar, mas assumirão consequências futuras deste governo atual. 

A cineasta enfatiza que a memória, por meio do cinema,  pode ser um instrumento para que não deixemos retroceder os muitos direitos já conquistados. Há quem negue a existência da ditadura, assim como há quem diga que ninguém morreu nos campos de concentração na Alemanha. E, para que não caia no esquecimento, os curtas são registro verídico de quem viveu e sofreu as repressões da época – para que não vire apenas história. Para Rosa, o cinema tem uma capacidade de sedução e imersão do espectador, e, se instigado, promove boas reflexões. 

‘Alarme Falso’

Feito em 2017, o curta-metragem Alarme Falso, escrito por Carlos Moreli e dirigido por Rosa Berardo, mostra, de forma leve, mas profunda, como as decisões e escolhas que fazemos em nossas vidas podem transformar nosso destino de maneira irreparável. Esperar seis minutos para terminar de assar o bolo de cenoura é uma decisão importante o suficiente para que a relação de Estela e Lucas termine? Ou para que ocorra a morte de uma mulher? Este é um dos dilemas do filme, que traz no elenco Bela Carrijo, Gustavo Duque, Priscilla Borges, Adriana Brito e Joyce Linch. 

‘Marcas da Ditadura na Vida de um Ator’

Feito em 2017 – com roteiro, direção de fotografia e  direção-geral de Rosa Berardo –, o documentário Marcas da Ditadura na Vida de um Ator traz à tona um fato político, de profunda gravidade, que envolveu a vida do ator goiano Almir de Amorim, vítima da ditadura militar brasileira. Para aqueles que defendem a volta dos militares, esse documentário é fundamental para uma reflexão profunda sobre o tema.

‘André Louco’

Gravado em 1990, adaptado da obra do escritor goiano Bernardo Élis, com roteiro e direção de Rosa Berardo, o curta-metragem André Louco foi feito em película 35 milímetros, e é considerado o filme da retomada do cinema goiano. Foi também o primeiro filme feito por uma mulher em Goiás. A narrativa trata da história de André, um jovem considerado louco pela população, e mostra o ponto de vista da cidade em relação à normalidade e à loucura. Depois de remasterizado e digitalizado, André Louco, interpretado pelo ator Toni Cotrin, volta às telas na mostra Rosa Berardo. 

Debate 

“Sobre o impacto desses acasos, das memórias, da ditadura e da psiquiatria é que vamos falar. A experiência de personagens reais e fictícios nos levará a um caminho sem volta, em que faremos reflexões capazes de mudar nossos pontos de vistas sobre o ordinário, o ordenado, a ordem e a desordem nesse grande caos…”, explica a cineasta. Este convite à reflexão será também o tema de uma mesa-redonda que ocorrerá logo após a exibição dos filmes. 

Dentre os debatedores, estarão Tânia Montoro, doutora em Cinema pela Universidade de Barcelona e professora de Cinema na Universidade Nacional de Brasília (UNB), e Maria Luiza Mendonça, professora de Cinema e Comunicação da Universidade Federal de Goiás (UFG). A mediação será feita pelo artista multimídia e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Edgar Franco.

Rosa Maria Berardo nasceu em Monte Aprazível, São Paulo, em 18 de dezembro de 1961, mas se considera goiana. É fotógrafa, professora, jornalista, roteirista, produtora e cineasta brasileira, conhecida por seu trabalho de produção de imagens fotográficas e fílmicas sobre cultura, identidade cultural, alteridade, gêneros e etnias, com trabalhos premiados no Brasil e no exterior.

Atualmente, Rosa leciona na graduação, no mestrado e no doutorado da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (FAV-UFG), produz filmes e ministra cursos de cinema na Casa do Cinema. Como professora convidada, já ministrou cursos de cinema em renomadas universidades do exterior como Université du Québec a Montreal, Canadá; Université de Bordeaux, na França; Ohio University, nos USA; Universidade de Sinaloa, no México; Université de Ouarzazate, no Marrocos; Universidade Nacional de Jujuy – Salta e Universidade de Montreal.

Doutora em Cinema pela Universidade de Sorbonne, na França, e pós-doutora pela Université du Québec à Montreal, Rosa Berardo tem uma longa trajetória na área do audiovisual, participando como diretora e júri em diversos festivais de cinema pelo Brasil e no exterior, tais como o Festival de Locarno, na Suíça; de Clermont Ferrant, na França; de Asolo – além de Portugal e Goiás. Na área fotográfica, Rosa realizou uma série de exposições nacionais e internacionais, e seu nome consta na Biblioteca Virtual da Mulher (www.bibliotecavirtualdamulher.com.br) como uma das artistas brasileiras que mais se destacaram nas artes nos últimos anos.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

SERVIÇO

Mostra ‘Rosa Berardo: Acaso, Ditadura e Memórias’

Quando: terça-feira (28 de novembro)

Onde: Cine Lumière Bougainville, Shopping Bougainville, Setor Marista – Goiânia

Horários: 

19h – Coletiva com a imprensa com as presenças da diretora Rosa Berardo, atrizes e atores integrantes dos elencos dos filmes

19h30 – Exibição dos curtas-metragens Alarme Falso, Marcas da Ditadura na Vida de um Ator e André Louco

20h30 – Debate seguido de coquetel de encerramento 

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