Desligue o celular quando as luzes se apagarem

Estudantes da UEG exibem mostra no Goiânia Ouro

Postado em: 13-12-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Estudantes da UEG exibem mostra no Goiânia Ouro

GUSTAVO MOTTA*

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A Mostra Audiovisual da Universidade Estadual de Goiás (UEG) chega à 9ª edição, e ocorre hoje (13) às 19h30 no Cine Goiânia Ouro. Neste ano, serão exibidos oito curtas-metragens produzidos por grupos de estudantes do curso de Cinema e Audiovisual, ministrado no Campus Laranjeiras, em Goiânia.

O evento tem como objetivo fomentar a produção audiovisual goiana. A professora Welbia Carla Dias, que coordena o evento, afirma que “os filmes selecionados são resultado de trabalhos desenvolvidos nas disciplinas do curso, sendo que alguns já participaram de festivais nacionais e internacionais”. A própria realização da mostra faz parte da disciplina de Produção Cultural, ministrada no curso.

“O foco da disciplina é fazer com que os alunos possam exercitar a produção de um evento, da sua concepção até a pós-produção”, conta. A curadoria da mostra competitiva ficou por conta de professores do curso, que selecionaram projetos em três categorias: ficção, documentário e experimental. Welbia Dias conta que, ao longo das disciplinas de direção e produção, os alunos têm contato com diversos gêneros, mas a escolha da categoria a ser seguida é opcional dos estudantes.

Organização

A professora afirma que os estudantes do 8º período são os responsáveis pela organização da mostra. “Eu propus a organização da mostra para que assuntos discutidos em sala de aula, como elaboração de editais artísticos e curadoria, fossem realizados na prática”, afirma Welbia. O planejamento para a data começou em agosto, quando se começou a pensar as concepções temáticas da competição, aspectos de comunicação e logística do evento.

“Nessa edição, nós vamos ter a novidade de um júri popular”, conta a coordenadora da mostra. A competição vai premiar três curtas selecionados pelo júri do evento. “Temos um grupo de jurados altamente qualificado, com críticos conceituados nacionalmente”, pontua. Além dos três primeiros colocados, o corpo de especialistas vai escolher um quarto  título para que receba uma menção honrosa.

“A mostra surgiu em um contexto de confraternização e socialização entre alunos do curso”, afirma. Entretanto as edições da competição passaram a atrair a atenção de produtoras, e, desde então, empresas do ramo têm buscado estabelecer trabalhos conjuntos e parcerias de produção e distribuição com os jovens realizadores audiovisuais. 

Estudantes

Michely Ascari, 24, é estudante pelo 6º período do curso de Cinema e Audiovisual na UEG, e assina a direção em dois curtas que participam da competição. “Alô, Maman e Natureza Morta foram as minhas primeiras experiências”, conta. A jovem realizadora recebeu com empolgação a oportunidade de dirigir. “Foi muito especial, por estar cercada de amigos e colegas, e poder materializar algumas imagens que já tinha em mente, buscando trabalhar cenas do cotidiano”, afirma.

Outro curta que compõe a programação do evento é Escombros Sob um Céu sem Nuvens, dirigido pelo estudante Wendell Thieres, 20, do 7º período. O jovem realizador recebe, com empolgação, a oportunidade de expor um trabalho no evento acadêmico. “Mostras universitárias são ótimas para que os alunos mostrem seus trabalhos, abrindo janelas de oportunidades”, avalia.

Ambos os alunos já participaram de outros projetos audiovisuais. “Eu geralmente trabalho com equipes de produção em fotografia”, conta Michely. Wendell afirma que pequenas produções entre colegas são comuns. Um exemplo dessa cooperação é o trabalho de Amanda Ramos, que atuou como assistente de direção em curtas dirigidos por Michely e Wendell, que foram selecionados para a competição.

Em Alô, Maman, Amanda também foi roteirista, em uma experiência que avalia como de grande aprendizado. “Sem o curso, eu talvez nunca tivesse produzido”, avalia. A estudante aponta que a experiência de conhecer outras pessoas que queiram fazer cinema é extremamente importante em um momento proporcionado pelo curso.

Desafios

“Eu quero produzir em Goiás”, afirma Amanda Ramos. A assistente de direção avalia que o mercado local é fomentado por muitas leis de incentivo que disponibilizam verbas públicas, ou renunciam cobranças de tributos, desde que sejam destinadas, pela iniciativa privada, a investimentos em produção artística. “É bom investir no mercado local e mostrar que temos o que é necessário para se fazer cinema aqui”, ressalta.

Opinião diferente sobre as políticas de fomento tem a professora Welbia Dias. “O nosso mercado depende muito de verba pública, mas essas medidas são pouco seguras, porque o montante disponibilizado a cada ano pode variar muito”, aponta. A coordenadora da mostra também lamenta que existe pouca competitividade profissional no mercado goiano. “Apesar dos desafios, temos produzido projetos com uma linguagem universal, que seriam facilmente aceitos no mercado do eixo Rio-São Paulo”, conta.

Michely Ascari é paulista e veio a Goiânia para realizar aqui a sua formação audiovisual. “Além de curtas-metragens, existe uma grande demanda para produção de séries de TV e longas-metragens”, afirma. A estudante entende que muitos profissionais se formam no Estado, mas se mudam para outras regiões. “Nunca vai existir cinema por aqui se todos que se formam vão embora”, ressalta.

Cinema e audiovisual

“Em 2016, fizemos dez anos de curso”, comemora Welbia Dias. A professora conta que a graduação em Cinema e Audiovisual começou sem estrutura adequada. “Não tínhamos câmeras fotográficas, nem filmadoras, e não contávamos com um prédio adaptado às nossas necessidades de laboratórios e estúdios”, afirma.

Michely acredita que a formação tem sido essencial para aproximação com o mercado. “É na universidade que eu posso ter o primeiro contato com produtoras”, afirma. A aluna conta que estar no curso possibilitou a abertura de oportunidades, como uma participação no júri jovem do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), e a entrada no projeto desenvolvido pela UEG em parceria com o Canal Futura com objetivo de produzir material para exibição na emissora paulista.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov

SERVIÇO

9ª Mostra Audiovisual UEG

Quando: quarta-feira (13)

Onde: Cine Goiânia Ouro (Rua 3, esquina com Rua 9, nº 1.016, Galeria Ouro, Centro – Goiânia)

Horário: 19h30

Entrada gratuita 

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