Amor incondicional sobre tela

Pré-estreia da exposição ‘Ágape’, que começa nesta quarta (10), visa valorizar e incentivar artistas nacionais

Postado em: 10-01-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Pré-estreia da exposição ‘Ágape’, que começa nesta quarta (10), visa valorizar e incentivar artistas nacionais

GUSTAVO MOTTA*

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A Rede Global de Artes (REGAR) realiza até sábado (13) a pré-estreia da exposição nacional de artes plásticas Ágape no Shopping Cerrado. O objetivo da iniciativa é incentivar, aprimorar e registrar a produção de artes visuais, e contribuir para a divulgação de artistas nacionais. “Nós sentimos que é importante oferecer oportunidades para quem deseja expor o seu trabalho, e também permitir às pessoas que tenham acesso à arte de forma gratuita”, afirma a diretora da rede e organizadora do evento, Adriana Pinheiro.

Os trabalhos são assinados por criadores plásticos de várias localidades do país, e apresenta cerca de 20 obras autorais e inéditas em estilos clássico, moderno ou contemporâneo. As peças são produzidas sobre tela com técnicas de óleo, acrílico, aquarela, grafite, pastel, lápis, carvão, e também com desenhos ou gravuras em superfícies como madeira e metal. Flávia Barsanulfo é uma das artistas plásticas que idealizou o projeto, e ressalta a importância do evento para divulgar trabalhos: “Muitas vezes os artistas não têm acesso a exposições, e, por isso, é importante a realização de mostras para valorizar a nossa produção”.

Os artistas convidados, cujas obras vão compor a pré-estreia, são Luciano Costa e Diego Mendonça (MG); além de Renato Carlos e Mirian Arceno (SC). A mostra tem entrada gratuita e acontece das 10 às 22h – a exposição itinerante deve acontecer em março, percorrendo salões e galerias de todas as capitais do país e grandes cidades durante dois anos, exibindo peças de artistas selecionados por meio de uma curadoria da REGAR.

Integração

Adriana Pinheiro conta que a iniciativa surgiu quando alguns artistas plásticos contataram a REGAR com a ideia de promover uma grande exposição, de caráter nacional, para divulgar peças. “O objetivo da nossa rede tem sido alcançar as pessoas pela comunicação, levando a arte a todo lugar e, por isso, aceitamos o desafio”, afirma a organizadora. Um dos destaques do evento é a integração entre artistas plásticos e outras linguagens da arte: “A abertura do evento vai contar também com apresentações de dança, música e teatro”.

Os shows de artes cênicas vão acontecer entre as 13 e 17h, e contam com bailarinos, atores e outros artistas de proveniência nacional e estrangeira. “Esse grupo já está em Goiânia, se apresentando no Festival Rhema, que começou na última sexta (5)”, conta a organizadora. O festival ocorre em paralelo à pré-estreia da Ágape, com organização da Cia Rhema. “A companhia faz parte da nossa rede de comunicação e, como apoio, também vai se apresentar na mostra”, pontua Adriana.

“É importante unir as artes, porque precisamos caminhar juntos para que valorizem o nosso trabalho”, conta Flávia. A artista plástica destaca que apesar das diferentes linguagens de expressão, as pessoas que fazem arte se entendem. O mesmo é expressado por Adriana Pinheiro: “Apesar de técnicas e aplicações diferentes, um artista compreende o outro”. A organizadora acredita que a união entre os idealizadores culturais é essencial em um país que, em sua opinião, não valoriza substancialmente a produção artística.

União

“Todo artista é apaixonado pelo que faz, especialmente no Brasil, onde não existe muito apoio à produção e divulgação de obras”, aponta Adriana. A própria iniciativa da exposição surgiu com um grupo de realizadores: “Eu tive a ideia de juntar um grupo para que pudéssemos nos expressar e divulgar, coletivamente, a nossa arte”, afirma Flávia Barsanulfo. A pintora conta que para a maioria dos criadores de peças, redes sociais são o principal veículo para exposição dos trabalhos.

Apesar da internet, a idealizadora afirma que muitas vezes o artista deseja mostrar fisicamente o seu trabalho, com o intuito de ser visto, reconhecido e valorizado. Flávia comemora a realização da pré-exposição e ressalta que vai ser uma “grande oportunidade para que as pessoas conheçam e reconheçam trabalhos tão lindos, e sejam impactados pela técnica e leveza das obras à mostra”. Outro diferencial do evento é a realização de pinturas ao vivo, compostas por Flávia e pelo autodidata Luciano Costa.

A idealizadora conta que a experiência pode influenciar as outras pessoas a serem tocadas pela arte e a criarem o gosto pela pintura. Adriana Pinheiro destaca que o sonho de todo artista é estar no meio das pessoas, e fazer com que os outros sejam impactados pelo seu trabalho: “Seja pelas informações em tela, ou pelas cores, técnicas e texturas, o criador espera que a sua obra seja importante para alguém, e que se possível, incentive essa pessoa a também criar arte”. A organizadora também acredita que o acesso facilitado ao trabalho de artistas é importante para a formação de público.

Plateia

“Infelizmente, as artes plásticas, dança e teatro ainda têm um público muito seleto”, lamenta Adriana. A organizadora afirma que muitas pessoas nunca entraram em uma galeria, pois não foram acostumadas a consumir esse tipo de arte. Em contraponto, a diretora da REGAR conta que ir a estádios é um costume brasileiro – sendo que a formação de público para o futebol é uma tradição da sociedade local. “Isso não é um aspecto negativo, mas muitas vezes as pessoas nem sabem ao certo o que encontrar caso entrem em uma galeria artística”, destaca.

Adriana também acredita que as escolas têm um papel importante para a formação de um público que aprecie a arte, e lamenta o que avalia como ineficiência da educação na formação cultural das crianças: “Seria importante que os pequenos tivessem um professor-artista, que incentivasse a visita a galerias e exposições – muitas vezes as pessoas não frequentam esses espaços, porque não sabem que as portas estão abertas para o grande público”.

Outro ponto criticado por Adriana é o incentivo governamental, considerado excessivamente limitado pela diretora da REGAR. “O governo muitas vezes está mais preocupado em promover trabalhos de artistas já consagrados e que têm renome, mas é necessário fomentar os projetos de uma nova geração”, avalia a organizadora. Ideias alternativas têm surgido para atender essa demanda, a exemplo da própria REGAR, que conta com 11 mil membros em sua rede de comunicação. “Temos integrado diferentes artistas e promovido a divulgação de muitos projetos”, comemora Adriana.

“Especialmente nas artes plásticas, que geralmente demandam produções solo, o artista fica muito dependente do público para ser reconhecido”, afirma. Além disso, a organizadora conta que, muitas vezes, os criadores de obras plásticas se sentem solitários por não trabalharem em coletivo. Adriana Pinheiro acredita que iniciativas como a exposição Ágape são um grito por visibilidade: “Sabemos que sozinhos não conseguimos mudar o mundo, mas todo artista é um sonhador, então esperamos dar maior divulgação a esses trabalhos”.

Pré-estreia

“Queremos levar a arte para todos os espaços – mesmo aqueles que não têm estrutura para receber apresentações e exposições”, conta Adriana. A diretora da REGAR afirma que hospitais, ruas e galerias são alguns dos locais visados pelo coletivo: “Onde tiver alguém disposto a desfrutar da arte, nós temos que oferecer oportunidades de acesso”. A organizadora ressalta que oportunidades para criadores apresentarem seus trabalhos também estão disponibilizadas por meio de um edital para seleção das peças que serão expostas na mostra.

O edital foi lançado em dezembro e está disponível no site da organização (http://redeglobaldeartes.com.br). O prazo para as inscrições vai até 15 de fevereiro, quando as peças inscritas vão ser submetidas a um curador para seleção do que vai ser mostrado no evento nacional. “É por isso que estamos considerando essa mostra como uma pré-estreia, porque as pinturas que vão ser exibidas até o dia 13 são apenas de artistas convidados, sendo que os selecionados pelo processo vão compor a exposição oficial”, conta Flávia.

Adriana afirma que a exposição Ágape em sua edição integral deve percorrer diferentes localidades do país, expondo os projetos dos realizadores selecionados. “Ainda não temos uma data marcada para o começo da mostra integral, mas a expectativa é de que comece em março na capital goiana”, pontua. Flávia elogia o tamanho do projeto, de cobertura nacional, e avalia a oportunidade como importante para tratar o amor em sua forma mais sincera e simples, definido pela palavra ‘ágape’.

Ágape

Adriana define o título da exposição como o “amor perfeito – que não pede nada em troca”.  Para Flávia, é o amor incondicional – de total entrega. A palavra tem origem grega, e foi utilizada de diferentes formas em passagens bíblicas para expressar o amor fraternal entre os primeiros cristãos. “Cada artista vai mostrar a sua visão sobre o que é o amor perfeito – pela arte, pela família, por Deus”, afirma a organizadora do evento.

Flávia conta com duas obras de destaque entre o material que vai ser exposto na pré-estreia. “Um dos meus quadros se chama O Menino e a Palavra, que retrata uma criança lendo”, conta a artista. A peça tem como objetivo destacar a relevância da leitura como um hábito necessário desde a infância, e que é importante na construção do caráter dos indivíduos. Outra tela importante é Família de Leões, na qual Flávia destaca o afeto familiar: “Eu quis retratar aqui o ‘ágape’, ou seja, o amor sincero de proteção e afeto nos nossos relacionamentos familiares”.

SERVIÇO

Pré-exposição ‘Ágape’

Quando: até sábado (13)

Onde: Shopping Cerrado (Avenida Anhanguera, nº10.790, Setor Aeroviario – Goiânia )

Horário: 10 às 22h

Entrada gratuita

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

 

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