Questão de gênero no audiovisual é uma das preocupações do MinC

Pesquisas apontam desproporção entre o peso da mulher na sociedade e na produção cinematográfica

Postado em: 22-01-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Pesquisas apontam desproporção entre o peso da mulher na sociedade e na produção cinematográfica

A Cinemateca Brasileira abriu a programação oficial para 2018 com a mostra Mulheres, Câmeras e Telas. Até 4 de fevereiro, serão exibidos mais de 40  filmes, de diversos períodos da filmografia nacional, que destacam profissionais que atuaram em diferentes áreas da produção audiovisual, entre cineastas, atrizes, fotógrafas, roteiristas, montadoras e produtoras. A Cinemateca integra a Secretaria do Audiovisual (SAv) do Ministério da Cultura (MinC) – o ministro, Sérgio Sá Leitão, participou da solenidade de abertura.

“Nós temos uma preocupação muito grande com a questão de gênero no audiovisual. Pesquisas recentes mostraram, no cinema brasileiro, uma desproporção muito grande entre o peso da mulher na sociedade e na produção audiovisual. Obviamente, precisamos estimular, induzir e promover a participação feminina”, destacou Sá Leitão. “Precisamos ter uma política para isso, não podemos ficar apenas com uma medida aqui e outra ali, que acabam sendo apenas paliativas e não geram um resultado de fato. Solicitamos ao Conselho Superior de Cinema que trate deste assunto e formule políticas para a inclusão não apenas de gênero, mas também de raça. A ideia é constituir um grupo de trabalho para tratar do tema”.

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O filme Eternamente Pagu (1987), de Norma Bengell, abriu a mostra. Outros destaques são Amor maldito (1984), de Adélia Sampaio, primeira cineasta negra a dirigir um longa-metragem no Brasil; Amélia (2000), de Ana Carolina; Vida de doméstica (1976), de Eliana Bandeira; e O ébrio (1946), de Gilda de Abreu, uma das dez maiores bilheterias da história do cinema brasileiro e a maior da época. Também farão parte da mostra longas de diretoras estrangeiras,como Romance (1999), de Catherine BreillatA mostra será encerrada no dia 4 de fevereiro, com a sessão dupla ao ar livre do curta de animação Frankenstein punk (1986), de Eliana Fonseca, seguida pela exibição de Lua de Cristal (1990), de TizukaYamasaki. 

Revista Filme Cultura

Durante a solenidade de abertura, também houve o lançamento da 63ª edição da Revista Filme Cultura, que tem o mesmo tema da mostra: Mulheres, Câmeras e Telas. Entre os temas abordados pela publicação estão mulheres negras no audiovisual, mulheres pioneiras no audiovisual, a representação da mulher em filmes brasileiros, a violência contra a mulher e o cinema contemporâneo nacional e suas possibilidades de subversão no audiovisual independente.

Dedicada à pesquisa, à reflexão e à divulgação do cinema brasileiro, a revista Filme Cultura foi lançada em 1966 e circulou até 1988. De 2010 a 2013, voltou a ser publicada, com as edições de 50 a 61. Em 2017, a revista foi novamente retomada, apostando em um modelo que possibilitasse a participação da sociedade na produção dos textos. Foram realizados, nas edições 62 e 63, editais de chamada para textos, abrindo espaço para quem quisesse contribuir, ampliando as possíveis vozes e democratizando o acesso ao ambiente da pesquisa cinematográfica brasileira. 

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