#Plural: o improviso cênico de Diogo Granato

Dança acrobática e parkour são destaques na visita do intérprete à Goiânia, que vai até domingo (28)

Postado em: 23-01-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Dança acrobática e parkour são destaques na visita do intérprete à Goiânia, que vai até domingo (28)

GUSTAVO MOTTA*

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Parkour, improviso cênico e dança acrobática – a mistura dessas tendências é a proposta do intérprete Diogo Granato, que chega à Capital para a realização do projeto #Plural. A iniciativa é uma realização do Coletivo Plano P e conta com apoio do Fundo Estadual de Arte e Cultura de Goiás. Convidados de renome devem participar do evento, com previsão de seis meses, sendo que Granato é o primeiro a compor a programação. As atividades ocorrem em múltiplos lugares, como a Praça do Centopeia (Setor Sul) e a Casa Corpo (Setor Leste Universitário).

A realização de aulas e apresentações abertas à comunidade são o objetivo do projeto, coordenado por Gabriel Cortês, Gleysson Moreira, Nilo Martins e Guilherme Monteiro. Outros convidados como Luiz Gonçalves, Alex Soares e VJ Pixel são esperados para completar as atrações do #Plural. “Quero trabalhar improviso cênico, parkour, dança acrobática e misturar muitas informações”, destaca o primeiro convidado. Diogo Granato conta que a mistura da dança com a técnica francesa do parkour é natural e que cada um deve juntar as próprias referências de expressão corporal para criar seu próprio tipo de dança.

Improviso cênico

O intérprete destaca que começou a carreira aos 12 anos, e mesmo naquele tempo costumava realizar atividades comuns ao parkour: “Eu subia, pulava e escalava em todos os trabalhos que apresentava”, relembra. Diogo é criador do solo de dança e teatro Aretha – pelo qual conseguiu o Prêmio de Melhor Intérprete da Associação Paulista de Críticos de Arte (2006). O artista mantém um núcleo artístico que realiza os seus espetáculos solos ou duetos. “Esse trabalho vem da improvisação, e também carrega muito de acrobacias e palhaçaria”, destaca.

“Eu sou diretor pela Mais Companhia e também pelo Grupo Silenciosas, ambos de São Paulo”, conta. Granato também atua como intérprete-criador da Cia Nova Dança 4 há 15 anos. “Foi com a criação desse conjunto que eu comecei a trabalhar o improviso cênico com mais intensidade”. Diogo conta que vem desde então colaborando em pesquisa sobre a intervenção da dança e teatro nos ambientes. “Eu busco a integração do movimento com os espaços”, reforça. O artista conta que a arte do improviso independe de local e técnicas, e se diz ansioso pela experiência das atividades em Goiânia: “Na verdade eu espero que todos participem da nossa programação e se divirtam bastante”.

Programação

Guilherme Monteiro é integrante do coletivo Plano P, e um dos responsáveis por receber Diogo Granato para as atividades. “Ele veio de São Paulo com o objetivo de construir com a gente uma parceria com muita troca de conhecimentos”, comemora. O organizador espera que um trabalho intensivo seja alcançado na proposta de se combinar dança e parkour em ambientes alternativos. “Vamos ter a oportunidade de contar com o intérprete atuando junto ao coletivo de integrantes, além de uma aula aberta com a comunidade”. A aula vai ocorrer na quinta-feira (25) às 17h30 na Praça do Centopeia (Setor Sul), e Guilherme pede que o público se encontre na sede do Coletivo Centopeia (Avenida Cora Coralina, nº 140, Setor Sul) cerca de uma hora antes.

“Precisamos que todos compareçam com antecedência, porque existe um número limitado de vagas”, reforça. Guilherme avalia que a ocasião vai ser um oportunidade importante para bailarinos, acrobatas, praticantes e entusiastas do parkour, além de pessoas que queiram se movimentar. A aula tem um custo de R$ 20 a inteira, com direito a meia-entrada no valor de R$ 10. Outra parte da programação ministrada por Granato é o Workshop sobre Contato e Improvisação, que vai acontecer na sede do Espaço Casa Corpo (Rua 243, nº 163, Setor Leste Universitário).

“Esse é um local que já realiza uma série de programações sobre circo, dança e teatro, então a expectativa é grande”, prevê Guilherme. O workshop vai ser recebido pelo local nos próximos sábado (27) e domingo (28). O organizador destaca que as inscrições para as aulas precisam ser realizadas com antecedência, e pontua que o segundo dia vai contar com uma mostra do que foi ensinado e vivido ao longo dos dias em que o Coletivo Plano P recebeu o intérprete paulista na Capital.

“#Plural”

O projeto ainda prevê a vinda de mais visitantes ao longo de uma programação que deve durar seis meses. “Vamos receber ainda o Luiz Gonçalves, que é músico; o Ângelo Moscoso, que é um videomaker mais conhecido como VJ Pixel”, destaca Guilherme. O organizador cita mais nomes: Alex Soares é um coreógrafo e também vai compor a programação em outra ocasião; além da Letícia Ramos, que é pesquisadora da dança e Emiliano Freitas, arquiteto. “Esperamos sempre trazer pessoas de outros lugares do país para enriquecer a nossa formação enquanto artistas”, aponta.

A iniciativa tem o objetivo de inserir a dança em espaços públicos além de garantir um estudo sobre a arte e novas tecnologias – entre as previsões para a programação em fevereiro consta a realização de uma dança em vídeo captada em 360 graus, aberta à comunidade. O projeto obteve apoio do Fundo Estadual de Arte e Cultura de Goiás, mantido pela Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte (Seduce). “Por meio das regras de um edital, nós submetemos a nossa proposta de trabalho a uma comissão especial, que avaliou a nossa ideia e nos contemplou com um aporte de verbas”.

Apesar da disponibilização de recursos, Guilherme avalia que obstáculos impedem a eficácia da realização de políticas públicas voltadas a esse campo: “Estamos realizando um conjunto de atividades com uma quantia que estava prevista em um edital de 2016, mas que foi disponibilizada apenas no fim do ano passado”. O organizador conta que o apoio é muito necessário para desempenhar projetos e destaca a relevância desses trabalhos para gerar empregos e renda.  “Movimentamos a economia e levamos diversidade às pessoas”, avalia.

Apesar disso, o integrante do Coletivo Plano P acredita que existe um preconceito quanto à destinação de recursos a atividades do tipo. “Muita gente acredita que esse dinheiro é um prêmio, mas na verdade é o aporte que gerenciamos para promover o acesso da comunidade à arte e cultura”, ressalta. Guilherme também considera que as políticas de fomento ainda são excessivamente pontuais e limitadas: “Elas nos impedem de realizar tudo o que tínhamos planejado, e acabamos tendo que cortar ideias interessantes para maximizar o proveito das verbas em atividades muito específicas”, lamenta.

Plano P

O coletivo responsável pela organização do #Plural surgiu em 2014. Além de Guilherme, o conjunto de artistas é formado por Gabriel Cortês, Gleysson Moreira e Nilo Martins. A criação do grupo aconteceu após ambos descobrirem afinidades artísticas ao longo de encontros mantidos pelo Núcleo Coreógrafo SESI/Dança UFG. “Nessa época nós estávamos participando de um curso para formação em dança, promovido pelas duas instituições, que durou cerca de oito meses”, relembra Guilherme.

“Nós recebemos visibilidade nacional após ganharmos o Prêmio Klauss Vianna de Dança em 2014”, rememora. A premiação foi concedida pela Fundação Nacional de Artes (Funarte) e desde então o Plano P tem realizado diversas atividades com finalidade de criar um espaço de pesquisa em movimentos e processos de criação para a dança. Os quatro intérpretes e criadores do grupo encontraram, no coletivo, a oportunidade de realizar trabalhos paralelos às apresentações cotidianas, de modo que as movimentações se tornassem uma extensão e complemento aos projetos realizados em solo ou conjuntamente com outras instituições.

O membro do Plano P destaca que o coletivo se utiliza da linguagem de dança contemporânea, mas também pretende expandir sua atuação para novos campos. “Estamos em busca de maior interação com outras áreas e, por isso, é importante a visita de outros artistas para somar conhecimentos conosco”, destaca. Guilherme acredita que a realização do #Plural permite a manutenção das atividades em grupo, e também dá continuidade à formação de seus artistas.

Parkour

“O parkour é uma das atrações que devem chamar a atenção no trabalho do Diogo Granato”, conta o organizador. A técnica tem origem francesa e usa habilidades para se “descolar entre pontos com mais eficiência”. Os tipos de movimentação comuns ao parkour são especialmente adaptados à realidade urbana, e incluem a escalada de paredes, o salto sobre obstáculos, como corrimões e plataformas, e a subida em edifícios. Mudanças de direção com rapidez e amortecimento de quedas também fazem parte da realidade vivida por quem pratica a modalidade física.

Granato é um importante nome na adaptação do parkour às artes e conta que, apesar de sempre desempenhar atividades de grande impacto físico em suas apresentações, teve um contato “por coincidência” com a arte francesa. “Os primeiros praticantes no Brasil, membros do grupo Le Parkour, começaram a treinar em frente à minha casa, no bairro Perdizes, em São Paulo”, lembra. A região tem um terreno acidentado, o que favoreceu a criação de escadarias, que chamaram a atenção do grupo. “Eu comecei a treinar com eles e ganhei gosto pela modalidade”, conclui.

Cronograma geral

Quarta-feira (24): Apresentação de dança no Centro Cultural UFG (Avenida Universitária, nº1.533, Setor Leste Universitário) às 20h;

Quinta-feira (25): Aula aberta na Praça do Centopeia (Avenida Cora Coralina, Setor Sul) às 18h30;

Sexta-feira (26): Jam de Contato e Improvisação no Espaço Casa Corpo (Rua 243, nº 163, Setor Leste Universitário) às 19h30;

Sábado (27) e domingo (28): Workshop  ‘Contato e Improvisação’ no Espaço Casa Corpo (Rua 243, nº 163, Setor Leste Universitário), às 15h30, com Jam após a programação.

SERVIÇO

‘#Plural’ com Diogo Granato

Quando: quarta-feira (24) até domingo (28)

Onde: Praça do Centopeia, Espaço Casa Corpo e Centro Cultural UFG

Horário: a partir das 15h30

Entrada: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) para aula aberta. Mais informações com o Coletivo Plano P (62) 9-9990-7490

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

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