‘Paralelo 16º – Mostra de Dança Contemporânea’ começa hoje (16) na Capital

Apresentações gratuitas, nacionais e internacionais, podem ser vistas em locais inusitados da cidade

Postado em: 16-02-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Apresentações gratuitas, nacionais e internacionais, podem ser vistas em locais inusitados da cidade

SABRINA MOURA *ESPECIAL PARA O HOJE

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cenas urbanas, livres e proibidas estão presentes na nona edição do Paralelo 16º – Mostra de Dança Contemporânea, que ocorrerá entre 16 e 25 de fevereiro, em Goiânia. O festival tem, em sua programação gratuita,14 espetáculos dos mais diferentes estilos e locais. Além do teatro, será possível encontrar intervenções artísticas em ruas, praças, parques, shoppings e até nos bares da Capital.

Segundo Vera Bicalho, diretora e idealizadora do projeto, a proposta é invadir a cidade, ir além dos locais convencionais de dança, se apropriando da arquitetura e de espaços urbanos, possibilitando o alcance até do público de bares da cidade.“São espetáculos em ruas e praças, espetáculos que conversam com a cidade e espetáculos apresentados em espaços alternativos, que se infiltram nos espaços underground”, completa a diretora.

Paralelo 16º é uma realização da Quasar Cia. de Dança, da Associação Quasar de Cultura e da Arte Brasil Eventos. O projeto foi contemplado pelo Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás, por meio da Seduce/Governo de Goiás, e conta com o patrocínio da Caixa Econômica Federal – Governo Federal.

História

A Mostra de Dança Contemporânea não é uma competição, mas um festival de nível profissional de dança que nasceu no ano de 2005 e se consolidou como uma das agendas de dança e artes cênicas mais importantes de Goiás – reconhecida não só pelo público, mas também pelos profissionais de dança do Brasil e do mundo. 

“Uma mostra profissional como esta, que já entrou no calendário nacional dos eventos brasileiros de dança, reverbera conhecimento através dos espetáculos e suas produções, fazendo com que todos possam ter outras referências de dança. Os artistas também se beneficiam dessa troca por meio do aprimoramento profissional, estético, criativo e técnico. Além disso, o Paralelo 16º, desde sua primeira edição, procura formar o público da nossa região para o que vem sendo produzido no cenário da dança mundial”, comenta Vera.

Nona edição

Uma das novidades, além de priorizar os grupos goianos de dança, é que esta edição  está dividida em categorias:  as apresentações poderão ser vistas em cenas abertas, nos espaços da cidade; cenas livres, nos teatros; e cenas proibidas destinadas ao público maior de 18 anos, no Hermeto Bar, localizado no Setor Bueno.

De acordo com João Paulo Gross, curador do espetáculo, o festival buscou trazer a diversidade de grupos e trabalhos que olham para a cidade de outra maneira, conseguindo sair do espaço cênico e conduzindo os espetáculos para alcançar públicos que talvez não comparecessem ao teatro: “O objetivo do Paralelo é reunir, ganhar força em termos de grupo; voltar o olhar da população para esses grupos que compõem a cidade e a cena local de dança em Goiânia”.

Para esta edição, foram convidados 12 coletivos que compõem toda a programação. Além das companhias locais, a Capital acolhe grupos de dança vindos da Bahia, de São Paulo e da Argentina. “O principal critério para a escolha desses profissionais é o trabalho em grupo, que é voltado à pesquisa em dança. Este é um festival que prioriza a ideia de grupo, coletivos que se reúnem e produzem trabalhos de muita qualidade e comprometimento”, conta Gross.

Internacional

O grupo argentino Pablo Rotemberg encerrará o último dia de apresentações. O espetáculo La Wagner apresentará as quatro Valquírias, mulheres que acompanham a música de Richard Wagner, e têm a tarefa de acabar com estereótipos, denunciar os preconceitos sobre a feminilidade, violência, sexualidade, erotismo e pornografia. 

“É um espetáculo extremamente forte, impactante, que trata de questões pertinentes ao universo feminino, suas lutas, anseios, desejos, sexualidade, violência. Trata de questões humanas profundas e íntimas através de um espetáculo de contrastes. Há um choque entre a banalidade e o sublime, o irreverente e o consagrado”, finaliza Vera Bicalho.

SERVIÇO

9ª edição do Paralelo 16º – Mostra de Dança Profissional

Quando: de 16 a 25 de fevereiro 

Onde: em vários locais da cidade (na programação ao lado)

Entrada gratuita

Entrevista : Marcelo Zamora 

“A apresentação tem a função de desviar o olhar” 

‘Desculpe o Transtorno é dirigido por Marcelo Zamora e será apresentado pela primeira vez em Goiânia. O espetáculo tem origem na cidade de São José do Rio Preto (SP), e usa como elemento de cena um guindaste e três artistas que executam acrobacias a mais de 20 metros de altura eliminando as fronteiras entre espaço urbano e espaço cênico. O Essência conversou com o diretor do espetáculo, Marcelo Zamora, que fala mais sobre o espetáculo. 

O que podemos encontrar no espetáculo ‘Desculpe o Transtorno’?

Na verdade, o espetáculo é uma intervenção que acaba tendo um pouco de particularidade para cada lugar onde a gente se apresenta, já que nós interagimos de alguma forma com o espaço, apesar de a apresentação ser uma coisa grande; ela tem essa função de desviar o olhar. As pessoas que passam no cotidiano, pelo espaço, quando estamos suspensos na altura, não só olham para os artistas, mas também para a própria cidade de outra forma.

Qual a reação do público ao encontrar essa intervenção pelas ruas?

A primeira reação de todas é a curiosidade, o encantamento devido à altura e o desejo de voar, que é despertado desde o momento em que a gente está ensaiando no espaço. Nesse diálogo com o lugar,encontramos diferentes leituras. Chegamos a nos apresentar no norte da Espanha, por exemplo, em frente a uma catedral onde o público interpretou como uma referência a um Cristo invertido. O espetáculo provoca esse olhar diferente e inúmeras leituras conforme o ambiente. Para nós, também é uma surpresa cada lugar, cada contexto.

Qual o tipo de sonora que o público vai encontrar no espetáculo?

A base sonora é música clássica, de um compositor italiano que se chama Ottorino Respighi. São usadas duas músicas que estão para completar 100 anos, desde a sua composição. É uma base sonora que transita paralelamente ao espetáculo, criando um ambiente musical, mas o espetáculo e os movimentos dos artistas nem sempre são relacionados com a música. A altura em que os artistas ficam pendurados provoca um medo nas pessoas; a música lenta é uma forma de confortar quem nos assiste. 

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