‘Endless’: inclusão e arte

Espetáculo do coreógrafo Henrique Amoedo é apresentado nesta terça (19) em Goiânia

Postado em: 19-06-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Espetáculo do coreógrafo Henrique Amoedo é apresentado nesta terça (19) em Goiânia

SABRINA MOURA*


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O espetáculo Endless estreia, nesta terça-feira (18), no Teatro Baliseu França, na Capital. A obra – uma criação do coreógrafo brasileiro Henrique Amoedo,  residente em Portugal –, tem uma proposta inclusiva. “No elenco, encontram aproximadamente 60 dançarinos goianos, com e sem deficiência, e cinco bailarinos do grupo português Dançando com a Diferença”, diz a coordenadora e idealizadora do projeto no Brasil, Marlini Dorneles. 

O projeto Dançando com a diferença: arte, inclusão e comunidade é contemplado pelo Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás, e o foco é o desenvolvimento de ações formativas, educacionais e artísticas.

A obra coreográfica Endless, do grupo português, resulta na apresentação pública da remontagem desta obra. Dorneles confessa não ter o interesse em saber quantas pessoas são com deficiência no espetáculo. “Nós temos ali múltiplas deficiências, desde deficiência visual, cadeirantes, surdos e síndrome de down. Então não temos muita preocupação em ter essa contagem não. Proporcionalmente, vendo o ensaio, a gente pode dizer que é metade, metade. Metade são pessoas com algum tipo de deficiência e metade são bailarinos e pais”, conta ela. “Nós temos mães dançando. Então aquelas mães que, antes, ficavam sentadas, assistindo ao espetáculo, estão no palco também. Nós temos de cinco a seis mães que dançam com seus filhos”, completa.

O espetáculo também promove o encontro entre intérpretes da companhia com estudantes, artistas, professores de escolas, instituições de educação especial, universidades, músicos e comunidade da cidade de Goiânia e região, que, segundo Dorneles, é um intercâmbio de aspecto formativo e artístico: “Queremos mostrar para a comunidade de Goiânia como que é fazer uma dança com toda uma proposta estética e poética, de um tema que vem da Segunda Guerra Mundial, a questão do extermínio, do que é ser diferente e da condição humana”.


Acessibilidade

De acordo com  Dorneles, o projeto dá a possibilidade de, por exemplo, uma bailarina cega ter uma aula com estudantes do curso de dança com bailarinos de outros lugares, com estudantes surdos, com estudantes com síndrome de down, com mães e com crianças pequenas. “Promover esse encontro da diversidade, tirar desses guetos das instituições especiais e levar para o grande, tem sido a grande experiência. Ter uma montagem de um grande espetáculo, que foi apresentado em vários países da Europa, pela primeira versão no Brasil, é de uma grande responsabilidade”, explica Dorneles.

O espetáculo também trata da busca pela igualdade, por uma raça hegemônica e por uma raça ariana. “Eu ouso a dizer que, em nenhum outro projeto de Goiânia, a gente conseguiu contemplar tanta diversidade no palco, buscando um trabalho artístico, porque nosso objetivo é artístico. Ele perpassa o educacional, ele perpassa o terapêutico, então o que a gente vai mostrar são 50 pessoas, no palco, com uma diversidade muito grande – mostrando que dá certo. Que tem, ali, um trabalho artístico”, finaliza Marlini Dorneles.

Formas de acessibilidade para a plateia também estão presentes no espetáculo. Segundo Dorneles, existe um núcleo de acessibilidade do projeto, formado por pesquisadores goianos, cujo trabalho “está sendo justamente o de criar formas de dar ao público o mais amplo e irrestrito acesso, independente de sua condição física. Portanto o público também conta com elementos de tradução para sua visibilidade, sua audição e seu entendimento”. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação 

da editora Flávia Popov


SERVIÇO

Espetáculo ‘Endless’ 

Quando: terça-feira (19), às 20h, e quarta-feira (20) às 15h e 20h 

Onde: Teatro Basileu França (Av. Universitária, nº 1.750, St. Universitário)

Entrada gratuita 

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