Artista Jorginho Marques abre exposição ‘Vidas Urbanas’ na Vila Cultural Cora Coralina

Exposição, aberta hoje na Vila Cultural Cora Coralina, representa procedência de um indicador social

Postado em: 23-01-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Exposição, aberta hoje na Vila Cultural Cora Coralina, representa procedência de um indicador social

SABRINA MOURA*

Com pesquisa realizada desde os anos 2000, o artista Jorginho Marques – por meio de uma linguagem própria e uma produção intensa – abre a exposição Vidas Urbanas, nesta quarta-feira (23), às 19h, na Vila Cultural Cora Coralina.

Desde a década de 1970, o artista já atuava no âmbito cultural como diretor de teatro. Jorginho relembra que seus primeiros passos na arte foram por influência da avó, que era artista, e ensinou as primeiras técnicas de desenho. “A minha evidência nas artes plásticas foi a partir da década de 1980, no concurso Novos Valores de Artes da Plásticas, da Casagrande Galeria de Arte; também na Itaú Galeria, Prêmio Gremi de Inhumas, Salão Caixego, dentre outros”, conta ele.

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Com a curadoria de Antonio da Mata, em Vidas Urbanas Jorginho evidencia toda a violência nas cidades que, segundo ele, vai além dos assaltos e crimes, podendo considerar como violência, por exemplo, os ônibus lotados, a falta da saúde, educação, etc. 

O artista trabalha com várias vertentes das artes plásticas, como pintura acrílica, pigmentação sobre tela e objetos feitos a partir de materiais de descarte, definindo-se como um misto de ‘primitivista’ e ‘construtivista’, ‘arte bruta’, ‘arte povera’. Jorginho conta que trabalha também com a reutilização dos objetos. “Por morar em um bairro de ‘alto padrão’, muitos vizinhos me veem em caçambas, onde encontro peças incríveis, e acabam me definindo como ‘louco’ por estar mexendo no ‘lixo’. Em um trabalho, usei, por exemplo, uma tampa de máquina de lavar roupas para trabalhar a arte. Desta forma,também colaboro contra a violência do meio ambiente”, conta Marques.

Em sua produção artística, não há cores predominantes, gerando várias fases de resultados, tendo, por exemplo, alguns trabalhos com muito azul, verde, e ocre, e outros já com tons fortes e vibrantes.

Curadoria

Para Antonio da Mata, a produção artística de Jorginho é extremamente verdadeira e que não se vê há muito tempo. “Pude analisar com mais consistência a produção, que à sua maneira, é levada a rever as normas da representação ‘bruta’, ‘pobre’, em que estão localizados ora retratos, autorretratos, paisagens e objetos, colocados de forma aleatória; ora colagens para tocar as pessoas comuns; ora figurações autênticas e eficazes marcadas pela facilidade desenvolta e por recursos mais simples e sumários”, conta o curador. “O artista reconstrói inteiramente um percurso autônomo do mundo, longe de ser um indicativo de sua poética ou a que grupo ou movimento se vincularia pelas proximidades temáticas ou estilísticas. Suas obras funcionam como um signo de procedência de um indicador social”, completa Antonio.

Há sempre uma tensão que se dá permanentemente nas suas pinturas, colagens e objetos, quais sejam a convivência entre uma ordem abstrata e geométrica e uma ordem figurativa, superadas pela sua individualidade, indomável, de fazer o que quer, de se colocar à margem das correntes dominantes da arte contemporânea, ao repelir toda e qualquer herança e beber em outras fontes, que podem ser além da modernidade, revelando-se um artista ímpar e zeloso de sua singularidade, num fazer artístico não lapidado por constrangimentos sociais e capaz de traduzir diretamente seus  impulsos e desejos.

Sua obra ocupa lugar essencial na arte, bem mais complexa em termos de reflexão pictórica, também constituída de outros materiais e opostas a outras regras artísticas, não bastando adotar uma atitude militante para construir uma obra com esta identidade plástica. 

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov

SERVIÇO

‘Vidas Urbanas’

Abertura: quarta-feira (23) das 19h às 22h

Visitação: de 24 de janeiro a 28 de ­fevereiro de 2019 – das 9h às 17h

Onde: Vila Cultural Cora Coralina (Rua 03, s/nº, Centro – Goiânia)

Entrada gratuita

 

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