Quinta-feira, 28 de março de 2024

Secretário da Cultura e presidente do Iphan tratam de programas e acordos bilaterais em Portugal

Cooperações nas áreas de patrimônio dos países de língua portuguesa, audiovisual, literatura e teatro são assuntos discutidos

Postado em: 19-02-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Secretário da Cultura e presidente do Iphan tratam de programas e acordos bilaterais em Portugal
Cooperações nas áreas de patrimônio dos países de língua portuguesa, audiovisual, literatura e teatro são assuntos discutidos

À frente da Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania, Henrique Pires iniciou, ontem (18), missão internacional em Portugal, acompanhado da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa. Em Lisboa, eles participam da segunda reunião da Comissão do Patrimônio Cultural da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), organização internacional formada por nove países lusófonos – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe – que compartilham referências culturais do patrimônio edificado, histórico, arqueológico e imaterial. 

Além de tratar das relações brasileiras no bloco, o secretário terá intensa agenda para debater temas da cooperação bilateral com autoridades portuguesas, como os preparativos para o Bicentenário de Independência do Brasil, cujas atividades de celebração já começaram e ocorrem até 2022, e cooperações nas áreas do audiovisual, patrimônio, literatura e teatro. 

“Além da língua, Brasil e Portugal têm uma história comum. Precisamos unir esforços para cuidarmos juntos da nossa memória e identidade cultural. Nada mais justo do que este ser o meu primeiro destino internacional como secretário da Cultura”, disse Pires. “Será uma grande oportunidade de fortalecimento do intercâmbio de nossas ações culturais, ampliando o acesso e a visibilidade de nossas produções não só para Portugal, mas para toda esta comunidade de nove países que têm o português como língua materna”, completou.

Continua após a publicidade

Patrimônio

A cooperação bilateral com Portugal visa, entre outros aspectos, a trazer ao Brasil modelos de negócio que garantam a viabilidade econômica dos monumentos brasileiros. Portugal, que foi eleito o melhor destino turístico do mundo em 2017, é referência em turismo cultural. É neste sentido que a presidente do Iphan destaca que “esta missão tem uma importância ímpar, porque o Brasil merece ter sua história contada da melhor forma, para que brasileiros e estrangeiros vivam melhor a experiência de visitar esses bens, que são mundiais”. Ela completa dizendo que “Portugal é, por excelência, ‘a fonte’ onde buscar as melhores estratégias para a promoção do Patrimônio Cultural Brasileiro”. O Brasil, por sua vez, é referência na política de salvaguarda de patrimônio cultural imaterial.

A reunião da Comissão do Patrimônio Cultural da CPLP deve, entre outras questões, definir a metodologia para elaboração do Atlas do Patrimônio Cultural, que vai mapear os bens culturais dos nove países-membros da comunidade internacional. Em 2019, o Brasil vai oferecer oficina técnica de formação em elaboração de listas indicativas de Patrimônio Cultural aos nove países-membros. Em 2020, será aberto um novo curso, de Salvaguarda de Patrimônio Cultural Imaterial.

Kátia Bogéa se reúne na quarta-feira (20) com a diretora-geral do Patrimônio Cultural de Portugal, Paula Araújo da Silva, com quem o Brasil está desenvolvendo intercâmbio de experiências. O Paço Imperial, Centro Cultural do Iphan no Rio de Janeiro (RJ), vai receber em breve uma exposição sobre o Patrimônio Imaterial luso-brasileiro. Sexta-feira (22), a diretora do Iphan participa de reunião de trabalho com o diretor regional de Cultura do Norte, António Ponte, para conhecer a experiência dos Centros de Interpretação Turística em sítios do Patrimônio Mundial de Portugal. O Iphan pretende levar a experiência portuguesa para as 13 cidades brasileiras detentoras de sítios de Patrimônio Mundial. Será apresentada proposta de intercâmbio de gestores locais brasileiros junto a casos portugueses.

Livro, tela e palco

Literatura será o principal tema tratado em reunião entre o secretário Henrique Pires e a ministra da Cultura de Portugal, Graça Fonseca, hoje (19). Na pauta, temas como a 31ª edição do Prêmio Camões, a mais importante premiação para o conjunto da obra de autores da língua portuguesa. Em 2019, o Brasil será responsável por selecionar o júri que vai eleger o autor premiado. A entrega do prêmio será feita por Portugal. Também vão conversar sobre o Prêmio Monteiro Lobato, versão de literatura infantil similar ao Camões, que depende de aprovação no Congresso Nacional brasileiro para sair do papel. Vão falar ainda sobre a Biblioteca Digital Luso Brasileira, que reúne o acervo digital das Bibliotecas Nacionais de ambos os países.

Ainda nesta terça-feira, a coprodução audiovisual será o assunto da reunião do secretário com Luíz Chaby Vaz, diretor do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), parceiro da Agência Nacional de Cinema (Ancine) no Concurso de Coprodução para Cinema Brasil-Portugal, lançado em 2018. Com financiamento de R$ 300 mil, via Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), da Ancine, o edital está em fase de habilitação dos 11 projetos inscritos. Brasil e Portugal assinaram em 1985 tratado de coprodução audiovisual bilateral. 

A produção audiovisual também será tratada em reunião na quarta (20) entre Pires e o secretário-executivo da CPLP, o embaixador português Francisco Ribeiro Telles. Eles vão debater o programa CPLP audiovisual, cujo objetivo é implantar e fomentar políticas para o setor no contexto do bloco. Ainda em Lisboa, o secretário visita a exposição Dona Maria da Glória (1819 – 1853): um registo intimista, sobre a vida da única rainha europeia que nasceu no Brasil. O secretário também cumprirá agenda na Fundação Calouste Gulbenkian, que desenvolve programas para melhorar a qualidade de vida das pessoas por meio da arte. 

Henrique Pires se reúne, na sexta-feira (22), com os diretores dos festivais teatrais DDD e Fitei, que levarão este ano cerca de 15 peças de teatro brasileiras para os palcos portugueses. E encerra a viagem em Matosinhos, município a 9 km de Porto, onde visita a Casa de Cultura, que abriga a exposição Infinito Vão, uma homenagem a 90 anos de arquitetura brasileira. Na programação, a palestra Lúcio Costa e a construção de um patrimônio Nacional, proferida pelo diretor do Iphan Andrey Schlee, e o lançamento dos anais do 5º Fórum Internacional do Patrimônio Arquitetônico Brasil/Portugal, ocorrido no Rio de em 2018. (Secretaria Especial da Cultura/Ministério da Cidadania)

 

Veja Também