Rasgacabeza: Da vida para a morte

GUILHERME MELO*

Mesclando letras em português e em espanhol, a banda‘francisco, elhombre’ se tornou uma das peças fundamentais entre a conexão latino-americana.  Em uma época em que grandes cantores, como Selena Gomez, Jennifer Lopez, Anitta, Ariana Grande e a rainha Madonna, que procuram s melhor formula de compor uma canção bilíngue. Trabalho que a banda faz com naturalidade em seu novo trabalho ‘Rasgacabeza’, que está disponível a partir desta sexta-feira (15), em todas as plataformas. 

Em suas apresentações, a banda coloca o público de língua portuguesa para cantar em espanhol e as pessoas de idioma latino para entoar as canções em português. Para eles, não há fronteira que não possa ser cruzada.A canção título inicia os trabalhos e funciona bem como uma introdução ao que está por vir. ‘Chama Adrenalina’, resume muito bem o novo perfil do disco, por apresentar um ritmo frenético, a música termina puxando a canção seguinte e possui pouco mais de dois minutos e meio.

‘Teto Parede’, em parceira com Capilé, é cheia de metáforas, sendo logo de início uma das canções mais simbólicas do disco. É como se a faixa fosse comandada pela voz de Juliana Strassacapa e seguida pelo complemento feito pelos demais integrantes. Além de tudo, o refrão é repetitivo e daqueles que não saem da cabeça. ‘Travou’ é a mais direta nas críticas, mesmo que este não seja o foco do Disco, diferente do primeiro ‘Soltasbruxa’. ‘Rasgacabeza’ trabalha muito com elementos como vida e morte, e ‘Travou’ trabalha com esse conceito em diferentes culturas. 

A Francisco, elHombre é formada por membros 2 membros mexicanos e 3 brasileiros, o que justifica o constante ar latino do trabalho. Em ‘Encaldeirando’ temos versos tanto em português quanto em espanhol, e a mistura funciona muito bem, refletindo de maneira genuína o que é proposto. ‘Parafuso Solto’ também é uma das músicas que fazem críticas, mas dessa vez ao público. 

“O Tempo é Sua Morada” é o maior hit do grupo neste álbum, casando com a ideia principal do disco, a música fala exatamente sobre a passam da vida para a morte. A banda compôs essa música, após uma viagem para a Cidade do México, no Dia dos Mortos. Na época, a banda informou que queria trabalhar com os diferentes conceitos de morte, já que no Brasil encaramos esse evento de forma completamente negativa. Já no México existe todo um ritual com festividades e reflexão sobre a morte. 

Dando resinificado a morte, a música ‘Manda Bala Fogo’ apresenta dois sentidos. Primeiro trabalhando com a bala de fogo, como uma forma de morte. E, a segunda como uma crítica a violência desenfreada que assusta toda a sociedade. 

Sabe aquela música que automaticamente te lembra uma marchinha de Carnaval e já te coloca no clima? ‘Se hoje tá assim’ é a própria, e apesar do ritmo divertido, os integrantes de maneira inteligentíssima abordam a desigualdade social e destaca a dependência que temos quando se trata de dinheiro.

Com direção de Stefano Loscalzo, ‘RASGACABEZA’ apresenta um ressignificado de diversos elementos, como a vida, a morte, a violência, a política e o próprio ser humano. O intuito do disco é de alcançar novas sonoridades, rompendo com a obra anterior, como explicou o vocalista MateoPiracés-Ugarte em nota divulgada à imprensa: “A ideia é colocar na música a explosão que sentimos no palco”.

A banda é formada por Juliana Strassacapa, MateoPiracés-Ugarte, SebastiánPiracés-Ugart, Andrei Martinez Kozyreff e o goiano, Rafael Gomes.

*Integrante do programa de estágio do jornal O HOJE sob orientação da editora Flávia Popov