Antonio Pitanga abre o coração na série Atos deste domingo (24)

Experiente ator relata sua rotina antes de entrar em cena e bastidores da carreira

Postado em: 23-03-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Experiente ator relata sua rotina antes de entrar em cena e bastidores da carreira

Às vésperas de festejar 80 anos de vida e com 60 de carreira, Antonio Pitanga é o convidado da série Atos que a TV Brasilexibe às 20h30 deste domingo (24). Considerado um dos principais nomes do cinema, teatro e televisão no país, o veterano ensina e orienta com a emoção de um menino.

A entrevista sobre os desafios do processo de formação do ator é conduzida por um grupo de intérpretes em formação. O bate-papo do ator com os estudantes de teatro é mediado pelo professor e diretor teatral Antonio Gilberto, na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), parceria da emissora pública no projeto.

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O artista foi um dos únicos atores negros durante o período do Cinema Novo e fez história ao dirigir o longa ‘Na Boca do Mundo’ (1979), considerado um marco no cinema negro brasileiro.

No currículo, mais de cem filmes, novelas, séries e especiais. Inspiração para gerações, o ator conversa durante a gravação do Atos sobre sua trajetória artística, sempre permeada de consciência política.

“Eu nunca pensei em ser referência, mas a idade vai nos dando conhecimento e maturidade para olhar no retrovisor e constatar que fiz uma bela caminhada”, avalia o ator, que atribui seu crescimento ao instrumento socializador da cultura em suas mais diversas vertentes.

Pitanga também revela quem são suas referências artísticas desde que iniciou a carreira. Ele cita Ruth de Souza, Abdias do Nascimento, Grande Otelo, Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg, Sérgio Britto e Othon Bastos, entre outros. “Eu bebo muito na fonte dos meus colegas, eu aprendo muito vendo espetáculos dos meus colegas. Gosto muito de ir ao teatro e ao cinema”, acrescenta.

Em se tratando de cultura, tema que o move com paixão, Pitanga tece críticas à condução das políticas culturais no país, a qual considera perversa: “A gente continua sendo o Dom Quixote, procurando o moinho. A cultura continua assim”, dispara.

O trabalho com os personagens

Durante o encontro gravado na CAL, o artista fala do início da sua carreira no cinema ainda em Salvador, reflete sobre a relação entre juventude e maturidade, destaca a importância do teatro na formação dos atores e reverencia o cineasta Glauber Rocha.

“Eu quero homenagear Glauber Rocha. Ele foi importante na minha vida porque me disse: ‘Quer ser ator, faça teatro’. Ele me levou para o seio da sua família, dos seus amigos e abriu as porteiras das relações e do conhecimento”.

Seguido pelo olhar ávido por conhecimento dos alunos, com questionamentos sobre a arte de atuar, o generoso Pitanga – como é chamado pelos amigos – dá uma verdadeira aula de cultura brasileira, cinema, televisão e teatro.

“Tenho uma maneira muito particular de trabalhar meus personagens independente de ser urbano, rural, de época. Eu vou para as ruas. Vou para a multidão. Lá eu consigo entender que universo é esse. São mil vozes e rostos. Começo a trabalhar no entender do ser humano, das suas manifestações e reações. Isso me agrada e me dá paz”, afirma.

Pai da atriz Camila Pitanga e do ator Rocco Pitanga, o experiente artista conta como se prepara para entrar em cena. Também faz exercícios de corpo e passa referências para o grupo.

“Sou muito peralta nesse negócio de exercício, alongamento. Gosto de chegar uma ou duas horas antes [da peça começar]. Ir ao camarim. Gosto de visitar o palco. Fazer minha dança, minha capoeira. Quando eu volto ao camarim já estou um pouco inebriado, olho o texto novamente e entro em cena.”

Antonio Pitanga deixa recomendações para o artistas em formação. “Uma dica que eu daria para jovens atores que estão começando a carreira: estude, se ame, se respeite. Acho que não existe coisas mais bonita no ator do que este campo vasto de conhecimento. Estudar é importante. Isso não tem preço. É muito caro”.

No final do episódio de Atos, o convidado é homenageado pelos atores-alunos que interpretam uma cena do filme “A Grande Feira ” (1961), do diretor Roberto Pires, no qual Pitanga viveu o personagem “Chico Diabo”.

SERVIÇO

‘Atos’

Quando: domingo (24) às 20h30

Ode: TV Brasil

 

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